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Esporte

Montaño revela fratura no pé: "Achei que não ia conseguir lutar hoje"

Campeã peso-mosca do UFC mal conseguia andar na véspera do TUF 26 Finale. Ela também conta que quer usar bônus de "Luta da Noite" para se mudar de porão.

Combate.com

02 de Dezembro de 2017 - 08:52

Minutos após derrotar Roxanne Moddaferi na luta principal do TUF 26 Finale, Nicco Montaño parecia ainda não acreditar que tinha acabado de conquistar o primeiro cinturão peso-mosca feminino da história do UFC. A lutadora andava com dificuldade nos bastidores do evento, e segurava o cinturão no ombro com muito cuidado para não enchê-lo de "impressões digitais". O título, símbolo da conquista desta sexta-feira, ganhou um significado ainda mais especial depois que ela revelou todas as dificuldades sofridas nos dias que antecederam o combate. E engana-se quem pensa que foi "só a troca de adversária" que atrapalhou a preparação final de Montaño para a luta mais importante de sua carreira: na realidade, ela entrou no octógono do TUF 26 Finale com uma fratura npé direito.

- Naquela noite que a Sarge (Sijara Eubanks) estava cortando peso, eu estava cortando peso com ela. Durante o meu camp, eu quebrei os ossos sesamoides do meu pé (ossos que funcionam como um ponto de apoio para os tendões flexores do pé), então eu não consegui andar por um tempo, agora está realmente fraturado. Os médicos tiveram que me dar uma injeção de cortisona um dia antes da pesagem. E aí eu fui para o Instituto de Performance do UFC depois de fazer uma entrevista sobre o TUF. Foi lá que eu comecei a cortar o peso, e estávamos eu e a Sage no instituto. Eu cortei peso com ela até as 3 horas da manhã. Sei que não foi muito inteligente da nossa parte, mas nós duas estávamos sofrendo juntas, e nós entendemos que a nossa batalha não era no corte de peso, era apenas no octógono, então, estávamos tentando nos ajudar durante o processo do corte de peso. Infelizmente, o corpo dela começou a travar e, quando eu consegui bater o peso, eles estavam dizendo a ela que ela não conseguiria mais cortar mais peso e precisava ir para o hospital. Eu ouvi aquilo e não sabia o que pensar. Meu pé estava doendo muito, por causa dos fluidos. Ontem eu mal conseguia andar, e ai eu recebi outra injeção de cortisona no final da noite. Acho que tinha 10% de mobilidade no meu pé direito e achei que não ia conseguir lutar hoje. Foi como uma montanha russa, mas eu consegui manter a calma, consegui chegar até o final do TUF 26, cheguei até aqui e não podia perder essa batalha pro meu corpo - declarou, emocionada.

A mais nova campeã do UFC mora com o namorado no porão de uma casa em Albuquerque, no estado americano do Novo México, e pretende usar parte do dinheiro arrecadado com a bolsa da luta e o bônus de "luta da noite" para se mudar para um apartamento.

- Eu sou muito grata. Antes da luta tive que segurar as minhas lágrimas por conta do quão longe eu consegui chegar com a ajuda de tantas pessoas. Eu moro no porão de uma casa com o meu namorado. Nós vivíamos na extrema pobreza até agora, então esse título trouxe muita coisa para a minha vida e para o meu povo. Eu pude devolver um pouco da ajuda que as pessoas me deram. Esse cinturão representa o mundo para mim. Agora vou depositar esse dinheiro na poupança e vou me mudar para um apartamento onde a água tenha pressão (risos). Quero comprar boa comida e brinquedos para as crianças.

Descendente dos povos navajo (segunda nação indígena mais populosa dos EUA), Nicco disse que se surpreendeu com a quantidade de pessoas que viajaram de sua reserva indígena, no Arizona, para apoiá-la no evento deste sábado. Ela, inclusive, foi ovacionada por eles na saída do evento, e ficou um bom tempo tirando fotos e abraçando as pessoas.

- Eu sou uma campeã com ou sem o cinturão, eu sei o quanto me dediquei para chegar até aqui. Esse cinturão representa tudo, mas também é uma coisa superficial nesse jogo de me conhecer melhor e conhecer o que eu posso fazer, o quão forte eu posso ser. Eu acho que toda a minha tribo está aqui hoje. Quero levar o cinturão nas escolas da minha reserva e falar com as crianças. Muitas vezes as pessoas acabam ficando desmotivadas lá. Muita gente acha que é uma área super pobre, mas nós sabemos como viver da terra, sabemos como viver apenas com o necessário. Eu quero mostrar às crianças que você não precisa de coisas, você só precisa ser verdadeiro - finalizou.