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Esporte

As semelhanças e diferenças das lesões de Ronaldo e Neymar

Depois de se recuperar da grave lesão no joelho, o Fenômeno ficou três meses longe dos gramados no início de 2002. É o mesmo tempo que o atual camisa 10 ficará sem jogar

Globo Esporte

02 de Março de 2018 - 15:08

Passaram-se 16 anos, mas a torcida brasileira parece ver um filme repetido às vésperas da Copa do Mundo. Em 2002, a preocupação atendia pelo nome de Ronaldo. O Fenômeno, então atacante da Inter de Milão, ficou três meses sem jogar às vésperas do Mundial em razão de lesões musculares. Mesmo tempo de inatividade previsto para Neymar, a preocupação da vez, após a fratura no quinto metatarso do pé direito.

Apesar do problema com seu principal jogador, os brasileiros esperam que o final feliz se repita - a cirurgia está marcada para a manhã deste sábado. Ronaldo foi o artilheiro daquela Copa com oito gols e ajudou a Seleção a conquistar o pentacampeonato na Coréia e no Japão. Confira semelhanças e diferenças entre os dois casos.

Lesão

A lesão no joelho direito de Ronaldo contra a Lazio, em abril de 2000, foi marcante. Na final da Copa da Itália, o atacante voltava de uma lesão no mesmo joelho e rompeu o tendão patelar. A imagem foi tão chocante, que muita gente acha que aquela contusão quase tirou o Fenômeno do Mundial de 2002. Errado. Ronaldo voltou a jogar um ano e três meses depois, em julho de 2001, um ano antes da Copa.

De julho até dezembro, disputou 13 jogos e marcou oito gols (cinco deles em amistosos). No dia 23 daquele mês, no entanto, ele sofreu uma lesão muscular na coxa esquerda contra o Piacenza. Só voltou a jogar no fim de março, pela Seleção, em um amistoso contra a Iuguslávia. O então técnico Felipão convocou o jogador antes dele voltar a atuar justamente para avaliar sua condição.

- Convoquei o Ronaldo até para ver a condição física e técnica dele. Quero saber como ele está. A situação do Ronaldo é a minha preocupação no momento - disse o treinador na época.

O caso de Neymar foi diferente. O camisa 10 do Paris Saint-Germain torceu o pé direito no domingo passado, em partida pelo Campeonato Francês contra o Olympique de Marselha. Além do entorse, o exame mostrou uma fratura no quinto metatarso.

Operação e recuperação

Quando voltou a sentir a coxa em janeiro de 2002, um mês após a primeira lesão, Ronaldo veio para o Rio fazer tratamento. Era início de fevereiro. O objetivo era intensificar seu trabalho de recuperação com o então médico da seleção brasileira, José Luiz Runco, e o fisioterapeuta Nilton Petrone, o Filé. E colocá-lo à disposição de Felipão para o amistoso contra a Iuguslávia. Deu certo.

- Quando Ronaldo chegou ao Brasil, fizemos uma reunião. Eu, ele, Claudio Galdino, médico da Internazionale, Nilton Petrone (fisioterapeuta) e o Rodrigo Paiva (assessor de imprensa do jogador) conversamos muito.

- Concluímos que precisávamos elaborar um programa de recuperação total. Tínhamos de saber como estavam seus grupos musculares, onde havia o desequilíbrio.

- O fisiologista Paulo Figueiredo fez um amplo levantamento da estrutura muscular do atleta. O médico Serafim Borges, clínico da Seleção, fez uma avaliação sangüínea. E a nutricionista Sílvia Maria também foi requisitada para mudar a alimentação do jogador. O Ronaldo passou também por uma revisão odontológica, ele havia feito uma pequena cirurgia e queríamos saber se estava refletindo na sua recuperação da lesão muscular. Pronto, já sabíamos o que deveria ser atacado - lembrou Runco em entrevuista concedida em 2017 ao site Chuteira F.C.

Assim como Ronaldo, Neymar também veio para o Brasil após a lesão. A cirurgia no pé direito, marcada para este sábado, será realizada em Belo Horizonte por Rodrigo Lasmar, médico da Seleção e do Atlético-MG. O médico Gérard Salliant, de 71 anos, que operou Ronaldo em 2000, também virá ao país para acompanhar a operação representando o PSG. A tendência é que o craque faça grande parte de sua recuperação no Brasil.

- Desejo desde já muita sorte nessa recuperação, muita tranquilidade, que fique com seus parentes, com seus amigos, focado nessa recuperação porque ele tem muitos objetivos pela frente - resumiu Ronaldo em entrevista recente à TV Globo.

Tempo de inatividade

Três meses. Foi esse o tempo que Ronaldo ficou parado pouco antes da Copa de 2002 e, provavelmente, o mesmo tempo que Neymar ficará sem jogar antes do Mundial de 2018. Em função de duas lesões musculares seguidas na coxa esquerda, o Fenômeno não jogou entre 23/12/2001 e 27/03/2002 (confira abaixo uma reportagem sobre sua recuperação). Após o retorno, ele disputou oito jogos e marcou quatro gols antes de se apresentar à Seleção.

Já Neymar, se a previsão do departamento médico da Seleção se confirmar, só terá condições de jogo no fim de maio, cerca de 20 dias antes da Copa - a estreia do Brasil é no dia 17 de junho, contra a Suíça. A tendência é que ele perca toda a temporada do PSG. A final da Liga dos Campeões, por exemplo, será em 26 de maio - para o caso de o time do técnico Unai Emery chegar até lá. E a última partida pelo Campeonato Francês será no dia 19 de maio, contra o Caen.

A diferença principal é que Ronaldo voltou a jogar no fim de março e teve tempo de disputar alguns jogos oficiais antes da Copa - por mais que tenha disputado apenas 22 partidas nos dois anos que antecederam o Mundial. Neymar só deve voltar em cima do Mundial e terá menos oportunidades para recuperar o ritmo de jogo.