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Política

Sem mencionar prisões, Temer defende liberdades individuais na posse dos novos ministros dos Transportes e da Saúde

Dois amigos do presidente, presos temporariamente em operação da PF, foram soltos neste sábado. Nesta semana, vence o prazo para ministros candidatos na eleição neste ano deixarem os cargos.

G1

02 de Abril de 2018 - 13:50

O presidente Michel Temer deu posse aos novos ministros dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro Silveira, e da Saúde, Gilberto Occhi, nesta segunda-feira (2), em cerimônia no Palácio do Planalto.

Também tomou posse, na mesma solenidade, o novo presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Souza, que era vice-presidente de Habitação do banco. Ele substitui Occhi, que na cota de indicados do PP, foi deslocado do comando da Caixa para o Ministério da Saúde.

Outros ministros ainda deverão deixar suas pastas nesta semana, quando vence o prazo para aqueles que vão disputar as eleições se descompatibilizarem do cargo.

As trocas na equipe ministerial se dão em meio à repercussão das prisões de amigos do presidente Michel Temer na operação Skala, que investiga irregularidades no setor de portos e resultou nas prisões temporárias de dois amigos do presidente – o advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, e João Baptista Lima Filho, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo. Os dois e outros 8 investigados foram soltos neste sábado (31) por decisão judicial.

No evento no Palácio do Planalto, o presidente não mencionou as prisões. Em discurso, ele ressaltou que as liberdades individuais devem ser respeitadas.

"Queremos enfatizar o tema das liberdades individuais, do devido processo legal, da obediência estreitíssima aos termos da Constituição", declarou.

Ele disse ainda que as instituições e o país estão acima das pessoas. "Acima de todos nós, está o país. Acima de todos nós, estão as instituições. Por isso eu preservo as instituições", disse.

"Nós colocamos lá [na Constituição]: o Brasil é um Estado Democrático de Direito. A mensagem que se deu, nós, como servos da Constituição: 'Olha, conduza-se pelos termos desta Constituição, não saia dela, porque sair dela é desviar-se dos propósitos democráticos'", completou o presidente.

Apoio ao governo

O novo ministro da Saúde, Gilberto Occhi, e o antecessor, Ricardo Barros, elogiaram o governo do presidente Michel Temer ao serem questionados por jornalistas sobre o desgaste da Operação Skala, que resultou na prisão temporária de dois amigos do presidente, um ex-ministro e empresários.

Após a solenidade, Occhi e Barros, ambos indicados pelo PP, foram perguntados por jornalistas sobre a defesa do governo, em meio aos desdobramentos da Operação Skala e do risco de uma eventual terceira denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra Temer.

Occhi, que estava na presidência da Caixa e assumiu a pasta da Saúde, afirmou que defende as “vitórias” de Temer e citou indicadores econômicos, como a queda da inflação e a aprovação do teto de gastos.

“Todos são inocentes até que se prove o contrário. Não podemos fazer um julgamento precipitado das pessoas que foram ouvidas”, disse Occhi.

De acordo com o blog do jornalista Valdo Cruz, colunista do G1, a operação gerou no governo o temor de que o presidente possa vir a ser alvo de uma terceira denúncia da PGR. As duas denúncias apresentadas no ano passado foram barradas pela Câmara dos Deputados.

Barros, que deixou o Ministério da Saúde para voltar à Câmara e disputar um novo mandato nas eleições de outubro, afirmou a jornalistas que o momento no governo é de “tranquilidade”.

Novos ministros

Entre as mudanças no primeiro escalão que serão efetivadas durante a semana, já está acertada a saída de Dyogo Oliveira do Planejamento. O secretário-executivo Esteves Pedro Colnago Junior comandará a pasta.

Dyogo, por sua vez, assumirá a presidência do BNDES, no lugar de Paulo Rabello de Castro, cotado para disputar a Presidência da República pelo PSC. Ainda na equipe econômica, há a expectativa sobre a saída de Henrique Meirelles da Fazenda, que vai se filiar ao MDB.

Gilberto Occhi tomou posse como ministro da Saúde no lugar de Ricardo Barros (PP-PR), que retoma o mandato de deputado federal e pretende disputar a reeleição em outubro. É a terceira vez que Occhi se torna ministro.

Servidor de carreira da Caixa, admitido na instituição financeira em 1980, ele ocupou o cargo de ministro da Integração Nacional, entre janeiro de 2015 e abril de 2016, e de ministro das Cidades, entre março e dezembro de 2014. As duas nomeações ocorreram no governo de Dilma Rousseff.

Já Valter Casimiro Silveira assume a pasta dos Transportes na vaga de Maurício Quintella (PR-AL), que volta à Câmara dos Deputados e planeja se candidatar ao Senado. Valter Casimiro era diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Novo presidente da Caixa, Nelson Antônio de Souza iniciou carreira na instituição em 1979. Foi diretor-executivo de Gestão de Pessoas, chefe de gabinete da Presidência e superintendente nacional da Região Nordeste e do FGTS. Em 2014, assumiu a Presidência do Banco do Nordeste e em agosto de 2015 tomou posse como vice-presidente do Habitação da Caixa.