Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 26 de Abril de 2024

Economia

Setor de serviços avança 0,1% em fevereiro e mostra dificuldade de recuperação, aponta IBGE

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, setor recuou 2,2% puxado por restaurantes e telefonia. No acumulado em 12 meses, índice está negativo desde junho de 2015.

G1

13 de Abril de 2018 - 14:23

Setor de serviços avança 0,1% em fevereiro e mostra dificuldade de recuperação, aponta IBGE

O setor de serviços avançou 0,1% em fevereiro na comparação com janeiro. Em relação ao mesmo mês do ano passado, recuou 2,2%, acumulando queda de 1,8% no ano. Já no acumulado dos últimos 12 meses recuou 2,4%, a 33ª queda consecutiva. É o que aponta o levantamento divulgado nesta sexta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice acumulado em 12 meses está negativo desde junho de 2015. Porém, o ritmo desta queda tem desacelerado desde abril de 2017, quando ficou em -5,1%.

O resultado veio bem abaixo do esperado e insuficiente para recuperar as perdas do mês anterior, mostrando a dificuldade da recuperação do setor. A expectativa era de alta de 0,5% na comparação mensal, segundo pesquisa da Reuters.

O ligeiro avanço na passagem de janeiro para fevereiro vem após uma queda de 1,9%, a mais intensa desde março de 2017.

Entre as atividades que compõem o setor, somente a de serviços profissionais, administrativos e complementares registou alta, de 1,7%.

As demais quatro atividades vieram em queda, sendo a de serviços prestados às famílias (-0,8%) a de maior impacto. As demais são serviços de informação e comunicação (-0,6%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,3%) e outros serviços (-0,7%).

Na comparação anual, a queda de 2,2% foi quarta consecutiva nesta base de comparação, mas a menos intensa desde 2015, quando o recuo havia sido de 3,9%. Três das cinco atividades tiveram resultados negativos nesta base de comparação, sendo a mais intensa observada na de serviços de informação e comunicação (-4,9%).

"O setor de serviços não mostra sinais claros de uma recuperação sustentada. Os serviços estão com comportamento como a economia em geral: com perdas e ganhos mensais, e num processo lento e gradual", afirmou o coordenador da pesquisa no IBGE, Rodrigo Lobo.

Serviços prestados às famílias têm 5ª queda seguida

Segundo o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, os serviços prestados às famílias tiveram sua quinta taxa negativa consecutiva, puxado pelas atividades de restaurantes, lanchonetes e bares, que compõem 45% desse grupo de atividades.

“Os serviços de hotelaria, que representam 25% do grupo, apresentaram uma performance positiva nos últimos meses, mas não tiveram peso suficiente para compensar as quedas contínuas no setor de alimentação”, ponderou o pesquisador.

O outro impacto negativo relevante no setor de serviços em fevereiro foi o de "Serviços de Informação e Comunicação," puxado pelas telecomunicações, que também apresentam quedas consecutivas. Segundo Lobo, este resultado negativo se explica pela crise enfrentada pelas grandes empresas do setor.

“Algumas estão em recuperação judicial e outras se fundiram com empresas de TV por assinatura e internet, tentando se manter no mercado. Isso tem refletido no grupo como um todo”, explicou.

SP segura estabilidade do setor

A análise regional do setor de serviços mostrou que 15 dos 27 estados tiveram avanço no volume na passagem de janeiro para fevereiro, na série com ajuste sazonal.

São Paulo mostrou variação nula (0,0%), contribuindo para que o índice nacional também ficasse próximo à estabilidade. O IBGE destacou que o estado representa aproximadamente 43% de todo o volume de serviços gerado no Brasil.

As principais altas regionais foram observadas no Paraná (2,0%); Rio de Janeiro (0,5%), Santa Catarina (0,5%); Pará (1,4%) e Mato Grosso do Sul (1,5%).

Já as principais influências negativas vieram da Bahia (-9,0%), Ceará (-16,8%), Rio Grande do Sul (-2,2%) e Minas Gerais (-0,8%).

Na comparação com fevereiro do ano passado, a queda nacional de 2,2% do setor foi acompanhada por 22 das 27 unidades da federação.

Segundo o IBGE, os recuos de maior impacto foram observados no Rio de Janeiro (-2,6%), São Paulo (-0,7%), Bahia (-8,6%), Minas Gerais (-3,5%), Distrito Federal (-8,6%) e Ceará (-12,7%).

Por outro lado, a expansão mais relevante para a formação do índice nacional veio do Paraná (2,7%).

Turismo em queda

As atividades turísticas estão em queda no Brasil. Em relação a janeiro, elas recuaram 3,4%. Este movimento de queda foi observado em 11 das 12 unidades da federação pesquisadas, com destaque para São Paulo (-2,3%), Bahia (-9,9%), Minas Gerais (-8,5%) e Rio de Janeiro (-3,3%). A única taxa positiva foi registrada no Distrito Federal (0,9%).

A queda foi ainda mais intensa em relação a fevereiro de 2017 (-5,2%), depois ter ficado estável em janeiro (0,0%). Nesta base de comparação, nove dos 12 estados registraram queda. Os destaques nas quedas foram em São Paulo (-5,2%) e Rio de Janeiro (-7,9), que juntos representam cerca de 50% das receitas dos serviços ligados a atividades turísticas do Brasil.

Resultados abaixo do esperado

Em meio a uma recuperação gradual da economia brasileira, o setor de serviços vem apresentando uma retomada mais irregular com o desemprego ainda em nível alto no país, mesmo diante de uma inflação baixa que favorece o consumo.

Após a divulgação do IBGE, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para baixo a previsão para a receita do setor de serviços neste ano, de queda de 0,2% para retração de 0,8%.

Outros indicadores econômicos divulgados nos últimos dias, como produção industrial e vendas do comércio varejista, também mostraram maior fraqueza do que o esperado, o que tem afetado as projeções de crescimento para a economia como um todo.

Pesquisa Focus do Banco Central, que houve semanalmente uma centena de economistas, mostra que a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano é de 2,80%, sendo que mais no início do ano estava em 3%.