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Mato Grosso do Sul

Em três meses, exportação de industrializados de MS já soma US$ 842,7 milhões

Na comparação de março de 2017 com este ano, receita com exportação de produtos industriais cresceu 17%.

Daniel Pedra/Fiems

20 de Abril de 2018 - 08:42

Em três meses, exportação de industrializados de MS já soma US$ 842,7 milhões

De janeiro a março deste ano a receita com as exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul já soma US$ 842,7 milhões, um aumento de 22% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o montante foi de US$ 691,3 milhões, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Na comparação de março de 2017 com março deste ano, a receita com a exportação de produtos industriais registrou crescimento de 17%, saindo de US$ 236,8 milhões para US$ 276,2 milhões.

O presidente da Fiems, Sérgio Longen, reforça que, no início do ano, já era prevista a retomada do crescimento e os indicadores econômicos começam a demonstrar resultados satisfatórios. “A queda da inflação e da taxa básica de juros, a Selic, e um cenário internacional favorável fortaleceram a venda de alguns produtos industriais fabricados em Mato Grosso do Sul, tais como o minério de ferro, concentrado em Corumbá, e a celulose e papel, cujo grande polo nacional está em Três Lagoas. Enfim, a indústria vem respondendo bem ao processo de recuperação econômica e nós esperamos avançar ainda mais”, pontuou.

Já o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, acrescenta que esses números indicam que Mato Grosso do Sul mudou de patamar nas exportações. “No ano passado, uma nova planta de celulose começou a operar, o que colocou esse produto de forma definitiva na pauta de exportações do Estado. Além disso, apesar da crise, o complexo frigorífico expandiu a produção e, claramente, há um aquecimento na demanda mundial pela carne bovina e de aves produzida no Brasil”, destacou.

Ele ainda ressalta que a mineração também recuperou seu espaço na pauta de exportações do Estado, o que ajuda em muito o município de Corumbá. “Saímos da exportação de minério ferro somente para a Argentina e começamos a exportar também para o Uruguai, isso recompõem o nosso volume de exportação de minério. Ou seja, em resumo, o cenário está bastante positivo para os produtos industriais de Mato Grosso do Sul”, garantiu.

Detalhamento

Segundo o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, o montante obtido no mês de março é o melhor resultado registrado para o mês em toda a série histórica das exportações industriais de Mato Grosso do Sul. “Quanto ao volume exportado, na comparação mensal, tivemos aumento de 27%, enquanto na comparação anual registramos aumento de 29% em relação a 2017. Já em relação à participação relativa, no mês, a indústria respondeu por 52% de toda a receita de exportação de Mato Grosso do Sul, sendo que no acumulado do ano, na mesma comparação, a participação ficou em 70%”, analisou.

Ainda de acordo com ele, os grandes responsáveis por esse bom desempenho continuam sendo os grupos da “Celulose e Papel”, “Complexo Frigorífico”, “Extrativo Mineral”, “Óleos Vegetais”, “Açúcar e Etanol” e “Couros e Peles”, que, somados, representaram 98,2% da receita total das vendas sul-mato-grossenses de produtos industriais ao exterior. No caso do grupo “Celulose e Papel”, a receita no período avaliado foi de US$ 408,5 milhões, crescimento de 67% comparado com a somatória de janeiro a março de 2017, dos quais 97,3% foram obtidos apenas com a venda da celulose (US$ 398 milhões).

Os principais compradores foram a China, com US$ 198,4 milhões, Itália, com US$ 50,1 milhões, Holanda, com US$ 39,1 milhões, Estados Unidos, com US$ 26,3 milhões, e Coreia do Sul, com US$ 15,6 milhões. “Depois de avançarem até 50% no ano passado, os preços internacionais da celulose seguem em alta em 2018, mas com ritmo mais moderado especialmente na Ásia. No último trimestre do ano passado, a valorização chegou a US$ 90,00 por tonelada no mercado europeu e a US$ 73,00 na China”, informou Ezequiel Resende.

Já no grupo “Complexo Frigorífico” a receita conseguida na soma de janeiro a março deste ano foi de US$ 250,6 milhões, uma elevação de 11% na relação ao mesmo período do ano passado, sendo que 35,8% do total alcançado são oriundos das carnes bovinas desossadas congeladas, que totalizaram US$ 89,7 milhões. Para esse grupo, os principais compradores foram Hong Kong, com US$ 58,4 milhões, Chile, com US$ 31,5 milhões, Arábia Saudita, com US$ 17,8 milhões, China, com US$ 16,7 milhões, e Japão, com US$ 13,5 milhões. “Com o consumo doméstico de carne bovina enfraquecido, o mercado externo continua sendo um importante canal de escoamento do produto brasileiro neste ano e, consequentemente, um fator de sustentação aos preços internos da arroba do boi”, ressaltou o economista.

Outros grupos

O grupo “Extrativo Mineral” aparece em terceiro com melhor desempenho com uma receita de US$ 63,7 milhões no período analisado, aumento de 47% comparado com a somatória de janeiro a março do ano passado, sendo que 77,9% desse montante foi alcançado pelos minérios de ferro e seus concentrados, que somaram US$ 37,3 milhões. Nesse grupo, os principais compradores foram Argentina, com US$ 31,8 milhões, e Uruguai, com US$ 29,3 milhões. “A China vai continuar demandando minério de ferro de maior qualidade para conter a poluição no país. Esse movimento se deve a preferência das siderúrgicas chinesas por matéria prima mais pura, que emite menos carbono no ambiente”, detalha Ezequiel Resende.

Os outros grupos que também apresentaram crescimento nos três primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado foram “Óleos Vegetais”, “Açúcar e Etanol” e “Couros e Peles”, que tiveram altas de 370%, 76% e 41%, respectivamente. O grupo “Óleos Vegetais” obteve receita de US$ 45,1 milhões e os principais produtos vendidos para o exterior foram farinhas e pallets, com US$ 89 milhões, tendo como principais países compradores desses produtos a Tailândia, com US$ 22,4 milhões, Indonésia, com US$ 11,6 milhões, Holanda, com US$ 5,5 milhões, e Espanha, com US$ 3,5 milhões.

“A produção brasileira de farelo de soja deve crescer 4,1% na safra 2017/2018, no entanto, a demanda interna deverá crescer 1,2% e as exportações 13,3%. Com isso, a expectativa é de preços sustentados nos próximos meses e patamares maiores que os verificados em igual período do ano passado. Além da quebra da safra na Argentina, o período de entressafra nos Estados Unidos é outro fator que deve sustentar as cotações nos próximos meses”, pontuou o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems.

O grupo “Açúcar e Etanol” teve receita de US$ 30,9 milhões e os principais produtos foram outros açúcares de cana, com US$ 30,6 milhões, tendo como principais compradores a Venezuela, com US$ 9,5 milhões, Argélia, com US$ 5,4 milhões, Malásia, com US$ 4,4 milhões, Canadá, com US$ 3,4 milhões, e Nigéria, com US$ 3 milhões. Já o grupo “Couros e Peles” obteve US$ 28,4 milhões e os principais produtos vendidos foram outros couros e peles não divididos de bovinos, com US$ 15,7 milhões, e outros couros e peles inteiros, divididos de bovinos, com US$ 5,4 milhões, tendo como principais compradores a China (US$ 14,6 milhões), Itália (US$ 7,4 milhões) e Vietnã (US$ 1,6 milhão).