Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 19 de Abril de 2024

Esporte

Niki Lauda brilhou no molhado e no seco para vencer pela primeira vez, em 1974

Austríaco superou companheiro de equipe Clay Regazzoni e Emerson Fittipaldi na pista de Jarama para mostrar que a Ferrari estava de novo entre as grandes e que ele próprio era o futuro da F1.

Globo Esporte

28 de Abril de 2018 - 10:46

Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece, e com Niki Lauda não deve ser diferente. No dia 28 de abril de 1974, o austríaco marcou seu nome na Fórmula 1 ao conquistar a primeira de suas 25 vitórias. Era apenas a quarta corrida de Lauda pela Ferrari, e o austríaco consolidava a equipe italiana de novo entre as mais fortes da categoria, e ele próprio como futuro da F1. A corrida em Jarama é o tema da seção OTD ("On This Day", ou "Neste Dia", em português.

Depois de ser piloto pagante na March em 1971 e 1972, Lauda foi para a BRM no ano seguinte e começou a mostrar serviço mesmo com um carro mediano. Teve excelentes atuações em Mônaco e Canadá, e o comendador Enzo Ferrari viu potencial no austríaco, que continuaria dividindo a equipe com o suíço Clay Regazzoni. Depois de um péssimo ano, Mauro Forghieri desenvolveu o modelo 312B3 para tentar levar a Ferrari de volta às vitórias. E, sim, elas vieram.

Na primeira corrida, na Argentina, Lauda largou em oitavo e fez uma prova sólida para chegar em segundo. No Brasil, foi o terceiro no grid mas caiu para décimo no começo e parou com o motor quebrado logo na terceira volta. Já na África do Sul, terceira etapa, o austríaco fez a primeira de nove poles naquela temporada. Foi ultrapassado por Carlos Reutemann (Brabham) na décima de 78 voltas e vinha num tranquilo segundo lugar quando a Ferrari parou na 75ª passagem com falha na ignição. Com os seis pontos de Buenos Aires, Lauda chegava à quarta corrida, em Jarama, na sétima posição na tabela, enquanto Regazzoni era o líder, com dez.

Nos treinos, Lauda conquistou a segunda pole consecutiva, superando em apenas 0s03 o sueco Ronnie Peterson, que estreava a revolucionária Lotus 76, com quatro pedais e embreagem elétrica. Regazzoni e Emerson Fittipaldi, com a McLaren M23, formavam a segunda fila num chuvoso domingo no autódromo localizado nas proximidades de Madri.

Apesar de a chuva ter parado antes da largada, a pista estava molhada quando os carros partiram para as 84 voltas no travado circuito de Jarama. Peterson largou melhor e tomou a ponta, seguido de Lauda, Regazzoni, Jacky Ickx (Lotus) e Emerson. Na décima volta, o brasileiro seria ultrapassado pela Tyrrell de Jody Scheckter.

Sem chuva, a pista começou a secar e os primeiros a trocar para pneus slicks foram Regazzoni e Emerson, na 19ª volta. Numa época em que os pit stops eram raríssimos e os mecânicos não eram treinados, a Ferrari trabalhou bem melhor do que a McLaren e devolveu o suíço à pista em décimo, enquanto o brasileiro caiu para 16º. Logo depois, Lauda começou a pressionar Peterson, cujos pneus de chuva já estavam deteriorados, e assumiu a ponta na volta 21. Perdendo rendimento, o sueco foi aos boxes e por ali ficou, com o motor quebrado.

Lauda assumiu a liderança à frente de Ickx, mas na 24ª volta entrou nos boxes para a troca de pneus. A operação durou 35 segundos e, apesar do tempo perdido, o austríaco voltou ainda em segundo, à frente de Regazzoni. Duas voltas depois, o belga da Lotus abandonou com problemas nos freios da Lotus 76.

Dali em diante foi um passeio da Ferrari, com Lauda abrindo cada vez mais de Regazzoni. Com uma ótima recuperação mesmo num traçado apertado, Emerson arrancou um importante terceiro lugar, apesar de uma volta atrás de Lauda e Regazzoni.

Com 35 segundos de vantagem, Niki Lauda recebeu a bandeirada, com Regazzoni e Emerson fechando o pódio. O suíço seguia na liderança do Mundial com 16 pontos, um à frente do austríaco, enquanto o brasileiro passava somar 13. Os três se revezariam na liderança do campeonato, mas, apesar de ter um carro mais rápido, a Ferrari viu Emerson arrancar com a McLaren para conquistar o bicampeonato na última corrida, nos Estados Unidos.

Lauda ainda lideraria outras seis corridas em 1974, mas, com alguns erros e quebras da Ferrari, conseguiu apenas mais uma vitória, na Holanda, e terminou em quarto no campeonato. Mas em 1975, a Ferrari mostraria ainda mais força e o austríaco conquistaria o primeiro de seus três títulos.