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Política

Nove diretórios vetam nome do MDB na disputa presidencial

Diretórios estaduais do partido preferem ter liberdade para firmar apoios a presidenciáveis conforme interesses regionais

VEJA

11 de Maio de 2018 - 08:12

Nove diretórios vetam nome do MDB na disputa presidencial

Pelo menos nove diretórios regionais não querem que o MDB apresente candidato próprio à sucessão do presidente Michel Temer. O cálculo foi apresentado em jantar nesta quarta-feira (9) na casa do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), com políticos do partido e outras legendas. Embora Temer tenha dito, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que apenas “dois ou três diretórios” têm essa posição, a estratégia planejada pela cúpula emedebista consiste em evitar que uma aliança nacional atrapalhe as negociações nos estados.

O receio do comando do partido é o de que a impopularidade de Temer grude nos candidatos e prejudique o resultado nas urnas. Eunício conversou nesta quinta-feira (10) com o presidente, no Planalto, para tratar de votações no Congresso, mas, à saída, disse que ele o deixou “completamente liberado” para fazer coligações no Ceará, seu reduto eleitoral.

Na eleição cearense, o senador articula um aliança para se reeleger em composição com o PT, que terá o governador Camilo Santana como candidato à reeleição. Adversário de Eunício na disputa pelo governo do estado em 2014, Santana é aliado do pré-candidato do PDT à Presidência, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), cujo irmão, o ex-governador Cid Gomes, é pré-candidato ao Senado.

Na mesma linha do presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), que admite uma articulação para que o partido não lidere chapa, Eunício afirmou ser “difícil” a sigla lançar candidato à Presidência. Além do Ceará, diretórios do MDB em Alagoas, Sergipe, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Pará preferem ficar liberados para fazer coligações conforme interesses regionais. Nem mesmo a vaga de vice na corrida pela Presidência interessa a esse grupo, que se movimenta para derrubar qualquer ofensiva oposta na convenção do MDB, em julho.

“Já perdemos 15 deputados e sete senadores. Imagine, num cenário desses, ter Michel candidato. E Meirelles então? Nem pensar”, disse o senador Renan Calheiros (AL), hoje desafeto de Temer. Renan participou do jantar na casa de Eunício Oliveira, que reuniu Jucá e outros senadores, como Eduardo Braga (MDB-AM) e até Acyr Gurgacz (PDT-RO).

A última vez em que o MDB lançou um candidato ao Palácio do Planalto foi em 1994, quando o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia disputou. De lá pra cá, o partido apoiou as candidaturas de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998, José Serra (PSDB), em 2002, e Dilma Rousseff (PT), em 2010 e 2014. Em 2006, dividido, o partido liberou diretórios estaduais para apoiarem Lula (PT) ou Geraldo Alckmin (PSDB).