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Esporte

Taffarel elogia goleiros brasileiros e coloca Alisson entre os melhores do mundo

Preparador de goleiros da Seleção ressalta bom momento dos atletas da posição

Globo Esporte

22 de Maio de 2018 - 13:41

O preparador de goleiros da seleção brasileira, Taffarel, participou de coletiva de imprensa nesta terça-feira na Granja Comary, em Teresópolis. Experiente e com participação em três Copas do Mundo, ele deixou claro que será o técnico Tite quem definirá o titular do Brasil no Mundial da Rússia. E ressaltou a qualidade de todos os convocados para a posição. Porém, rasgou elogios a Alisson, da Roma, e o colocou entre os melhores do mundo.

- A definição final é sempre do Tite. Quando foi feita a convocação, Tite sempre declarou que havia uma quantidade certa de jogadores, Alisson e Ederson estavam nessa lista, consequentemente seriam primeiro e segundo. Cássio se juntou a esse grupo e isso não quer dizer que chega como terceiro ou pode ser o primeiro, isso depende do trabalho. Alisson, pela sequência de jogos, trabalho na Roma, acho que está entre os melhores goleiros do mundo, teve crescimento grandíssimo. Nós sabíamos que ele teria esse crescimento e apostamos nele quando ele não era titular da Roma - afirmou.

Com a experiência de ter jogado as Copas de 1990, 94 e 98, Taffarel também afirmou que não é um problema para a Seleção ter um goleiro que jamais disputou um Mundial, casos de Alisson, Ederson e Cássio. E que todos têm condições de entrar em campo e reprersentar bem o Brasil. Lembrou que a escolha brasileira de goleiros é referência no mundo:

- Como primeira vez, lembro de 90, quando eu participei, aquele entusiasmo, aquela vontade era grande. Vejo isso nesses três goleiros agora. A alegria de fazerem parte desse grupo, o momento que estão vivendo. Estão aqui justamente por isso, nos dão toda a tranquilidade de contar com os três. Eles têm experiência e todas as condições de representar bem o Brasil. A gente sabe que o momento da escola brasileira de goleiros é muito alta, muito reconhecida, principalmente lá fora. A gente quer fazer esse bom trabalho primeiro para nós, brasileiros, mas também para mostrar que a escola está no caminho certo.

Melhor goleiro do mundo:

- Difícil. Até pouco tempo atrás, falávamos muito do Neuer. Depois de 2014, mostrou uma linha a ser seguida. O Alisson está entrando nessa mesma linha, esse tipo de jogo, segurança, jogo perfeito com os pés. O Alisson está muito próximo desse nível. O De Gea, da Espanha, também é muito tranquilo. Mas, na Copa do Mundo, vamos ter ideia geral de quem pode ser o melhor ou não. Na Copa passada, o Neuer mostrou que naquele momento era o melhor.

Ausência de Fabio, do Cruzeiro, na Seleção:

- Tinha goleiros mais preparados no momento. Isso não quer dizer que não seja bom, mas de repente vive momento em que outro jogador da posição está um passo à frente. Não vejo que isso faz com que o jogador caia, que não seja bom jogador. Infelizmente, acontece. A gente vê exemplos do passado também de caras que não estavam na seleção brasileira. Às vezes a gente não quer falar francamente, não quer ser muito sincero, mas acho que tem goleiros melhores do que ele no momento, mais bem preparados.

Experiência para ajudar Neymar na Copa:

- Vejo o Neymar em crescimento mental e psicológico muito grande. Desde que o conheci aqui dentro, percebi isso. Ronaldo, Romário são diferentes, especiais também. Mas temos que deixar isso de ele ser especial. É um cara muito alegre, descontraído, feliz. Não precisa de ajuda minha. Vejo que ele tem relacionamento fantástico com os jogadores. Além dessa genialidade dele, com essa forma de viver, alegre e espontânea, ajuda muita gente aqui.

- Sempre tem uma evolução, uma maneira diferente talvez de jogar. Lembro que em 90 eu tinha 24 anos, mas tinha vontade muito grande. A sensação é de que eu podia passar por cima da trave. Em 94, começa a avaliar, pensar mais nas situações. Vai mais pelo atalho. Processo natural do jogador. O importante é que nossos goleiros estão bem, com entusiasmo muito grande. Entrar em campo solto, descontraído, isso é fundamental. Estou muito tranquilo e muito feliz, sei o que eles podem render. Vamos trabalhar muito para ajudá-los a sempre melhorarem aqui dentro.

Crescimento de Alisson na Roma e na Seleção:

- Sua grande força e característica é sua personalidade. Justamente isso que o ajudou a superar essa dificuldade de ficar no banco de reservas da Roma. Talvez no início não tenha sido difícil, mas ele dava o máximo nos treinamentos, sabia que tinha que se preparar. Essa força que o ajudou a manter o foco, sabia que tinha que chegar bem na seleção brasileira. A confiança que demos a ele fez bastante diferença. O normal seria dizer que por não estar jogando lá não poderia jogar aqui. Mas não. Nós nos sentimos muito seguros de que estava dando o máximo lá. Alisson teve performance impressionante aqui dentro.

Novos métodos para treinamentos de goleiros:

- Devido ao futebol se tornar muito mais rápido, a participação do goleiro ser mais efetiva... Fui assistir a um jogo do Ederson em Manchester, ele tocou a bola com as mãos umas quatro ou cinco vezes, mas com os pés mais de 40. Goleiro está participando bastante. Nosso trabalho é muito diversificado, voltado para esse lado da técnica com os pés. Como parte física vai evoluindo, nós também vamos incrementando alguns aparelhos. A base é sempre a mesma, mas muda um pouco o modo de treinamento, com variações de exercícios.

- Lógico que temos que dar pitaco, é nossa função aqui dentro. Assim como os demais membros têm a função de munir o Tite de informações. Chegamos ao nome do Cássio dessa maneira, pela sequência dele nos últimos anos. Infelizmente o Neto teve pouca participação aqui, foi pouco tempo para termos uma análise mais profunda, se bem que fez Campeonato Espanhol muito bom. Mas o Cássio, com participações determinantes, nos deu segurança de colocá-lo na lista.

Alisson violeiro:

- Agora no almoço falaram que ele iria dar um show. Essa parte eu não sabia também, não. Mas fiquei sabendo que à noite vai ter apresentação. Ele tem alguma dupla sertaneja. Eu vi ele cantar na apresentação, quando chegou pela primeira vez. Ele cantou muito bem (risos), talvez seja a apresentação da noite.

Ausência de Vanderlei, do Santos, na Seleção:

- Houve conversa, houve visita. Fui para lá, vi treinamentos, assisti a jogos. Talvez ele entre nesse quadro de goleiros que são bons, mas que talvez tenha goleiros melhores para a Seleção. Ele vem fazendo bons campeonatos, com regularidade boa. Mas acho que os goleiros que estão aqui estão acima dos demais que estão fora. Infelizmente, temos que ter essas escolhas. Temos que ter perfil de goleiro com postura, que vem em sequência boa, que realmente deu uma segurança a mais para a gente aqui. Temos que ter linhas a serem analisadas, e a gente analisou dessa maneira. Não é que não seja um bom goleiro. Talvez, se tivesse tempo para trazê-lo, para experimentar em algum amistoso ou mesmo em treinamentos, poderia ter uma chance. Infelizmente, não teve esse tempo. Estamos tranquilos com relação a isso.

- De fora, as pessoas não conseguem ter noção daquilo que o jogador pode dar a uma seleção brasileira, mas a gente, aqui dentro, sabe aquilo que ele pode. Lembro que o Dunga, quando teve ideia de colocá-lo como titular... Dunga me perguntou se contra a Argentina ele estaria preparado. Eu disse que poderia botar em qualquer jogo porque estava preparado. A gente já tinha essa confiança nele, faltava a oportunidade e o treinador chegar e dizer que era ele mesmo. Assim foi.

Trechos com Rogério Maia:

Reencontro com Alisson, após trabalho no Inter:

- Mistura de felicidade, de motivação. Saber que lá atrás trabalhamos com o Alisson jovem, menino, depois tive a felicidade de voltar a trabalhar com ele no profissional. Tive a participação da primeira convocação dele como profissional no Inter, do primeiro jogo. Fico percebendo a evolução do Alisson. A gente tem contribuição na formação, mas quando ele vai para a Roma, ele tem evolução muito grande. O crescimento dele em relação a jogo, a cobertura, jogo com os pés, pé direito, pé esquerdo, sair do gol, força, posicionamento... Essa evolução é muito grande. A gente o reencontra muito mais preparado para jogar na seleção brasileira.

- É um trabalho integrado com os analistas de desempenho. Vamos buscar informações sobre os prováveis batedores de pênaltis. Não podemos deixar de estudar essas informações. Essa informação é rica.