Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 26 de Abril de 2024

Policial

A partir de prisão em Sidrolândia, polícia descobre sede do PCC na Capital e apreende arsenal

Seis integrantes da quadrilha, quatro homens e duas mulheres, foram presos.

Redação/Região News

03 de Junho de 2018 - 20:06

A partir de prisão em Sidrolândia, polícia descobre sede do PCC na Capital e apreende arsenal

A prisão em Sidrolândia de Wellisson de Souza Silveira, 25 anos, que tentava levar para o Paraguai o Chevrolet Cobalt de placas NSB-7673, roubado sexta-feira à noite depois que os donos foram rendidos quando chegavam em casa no Bairro Tiradentes na Capital, acabou resultando na possibilidade dos policiais militares do Batalhão de Choque (tropa de elite) fecharem uma das sedes em Campo Grande do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que controla o tráfico de drogas e armas nas fronteiras de Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia, na madrugada deste sábado (2).

Seis integrantes da quadrilha, quatro homens e duas mulheres, foram presos. Sobre eles, a suspeita de executarem um membro do bando rival, além de serem os responsáveis por caçarem os 'inimigos' em Campo Grande.

Segundo a PM, a ocorrência começou em Sidrolândia, quando uma guarnição apreendeu o Cobalt. Levado à delegacia, Wellison o motorista do veículo, entregou o endereço onde teria conseguido o veículo: uma casa no Jardim Noroeste, também na região leste campo-grandense. Ele tinha a missão de ir buscar drogas no Paraguai para abastecer pontos de vendas da Capital. Cinco pessoas foram localizadas: duas mulheres, de 23 e 36 anos, além de outros três comparsas, de 25, 22 e 40.

As surpresas para os policiais do Choque que foram ao local começaram logo cedo. Uma das mulheres, Tanaize Espinoza do Nascimento, 23 anos portava o revólver calibre ponto .38, municiado com 6 cápsulas. Não era a única arma no local. Também foram encontradas duas pistolas calibre 9 milímetros carregadas, silenciador e dois carregadores de submetralhadora do mesmo calibre.

A partir de prisão em Sidrolândia, polícia descobre sede do PCC na Capital e apreende arsenal

Arsenal apreendido com detidos de casa no Noroeste - Foto: Divulgação/Batalhão de Choque

Foram presos, além de Tanaize, James Deann Lucas Martins, 25 anos; Valdomiro da Silva Espinosa (40 anos); William Martins (22 anos) e Camila Lemes Lucas (26 anos). Valdomiro e James estavam com mandado de prisão da Justiça porque eram evadidos do Sistema Prisional da Gameleira.

James acabou revelando aos policiais que parte dos objetos roubados da família dono do Cobalt que haviam levado, estava na casa de uma tia dele, Camila Lemes. Lá ela entregou uma máquina de solda, esmerilhadeira, estepe e o banco traseiro do veículo subtraído.

EXECUÇÕES

Mais do que um mero paiol, a real condição do local fora descoberta quando os PMs localizaram em um móvel da casa a cópia atualizada de um estatuto do PCC, escrita à mão, datada de 29 de maio e com assinaturas de torres (como são chamados os líderes da facção).

Em outro documento apreendido, um relato importante e impressionante, de Jamsonn Luiz Cordeiro, 19, cujo corpo foi localizado no dia 30 de maio, no mesmo bairro da casa.

De acordo com o relato em primeira pessoa da própria vítima, ele foi executado naquele mesmo dia pelo grupo preso nesta madrugada, com um tiro na cabeça, depois de postar uma foto nas redes sociais, usando o nome falso de Igor, e fazendo o sinal do Comando Vermelho, facção criminosa original do Rio de Janeiro, rival do PCC no controle do tráfico da fronteira.

Não foi só. Nos mesmos papeis que a facção chama de 'ata' e que seriam repassados aos 'torres' do Estado e até da alta cúpula, escondidos no Paraguai, Cordeiro repassou informações como nomes, apelidos ('vulgos') e endereços de quem estaria revendendo drogas e armas ao Comando Vermelho de Mato Grosso do Sul, o que tornaria a casa do Noroeste a sede dos 'disciplinas' do 'partido' (como integrantes do PCC chamam a facção) na Capital. O caso continuará sendo investigado.

Todos os detidos foram encaminhados à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) da região central e responderão por homicídio simples, porte ilegal de arma, receptação e formação de quadrilha.