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Brasil

Falha do MEC barra inscrição de alunos do Fies no segundo semestre

679 pessoas foram prejudicadas pelo erro.

Folhapress

09 de Agosto de 2018 - 16:26

Uma falha ainda sob apuração nos sistemas do MEC (Ministério da Educação) impede um grupo de estudantes espalhados por todas as regiões do país de garantir a inscrição no Fies (Financiamento Estudantil) do segundo semestre.

Numa varredura, o MEC diz ter encontrado 679 pessoas prejudicadas pelo erro. Elas fazem parte de uma leva de beneficiados pelo programa federal que tiveram as inscrições postergadas do primeiro para o segundo semestre deste ano.

Para não perder a vaga na universidade, os estudantes que estão nessa situação precisam atualizar os dados cadastrais no portal do Fies na internet até esta sexta-feira (10), fase em que eles ainda não conseguiram concluir faltando um dia para o término do prazo.

A pernambucana Mariana Araújo, 20, diz que o sistema não reconhece a senha que ela inseriu no banco de dados do MEC no início do ano, quando passou em medicina na Cesmac (Centro Universitário de Maceió) via Fies. “É um desgaste psicológico muito grande porque o tempo está passando e o meu sonho está indo pelo ralo. Já procurei o MEC por todos os canais possíveis, mas até agora nada”, afirmou.

Mariana conseguiu a vaga em medicina na instituição alagoana com pontuação obtida no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em abril deste ano, dois meses depois do início das aulas. Para não ser prejudicada pelo excesso de faltas, a faculdade resolveu prorrogar a entrada da estudante apenas para o segundo semestre.

A estudante obteve 100% de cobertura de seu curso pelo Fies, porque todos os membros de sua família não ganham mais do que 1,5 salário. Sem o Fies, diz Mariana, seria impossível pagar os cerca de R$ 7.000 de mensalidade. Ela também ficou isenta de pagar juros.

O caso é o mesmo da mineira Maria Luisa Brant, 20. Ela também pretende cursar medicina na Funorte (Faculdades Unidas do Norte de Minas), em Montes Claros (MG), mas ainda não conseguiu complementar as informações pessoais no site do Fies. “A faculdade fala que não é um problema que eles podem resolver, e o MEC não dá nenhum posicionamento”, diz.

Assim que a fase cadastral é concluída, os dados do estudante seguem para análise na universidade na qual ele vai estudar. Se tudo estiver certo, o último passo é ir ao banco e contratar o crédito do Fies.
O MEC só reconheceu a falha após ser provocado pela Folha de S.Paulo, que precisou enviar o nome completo e o CPF de uma das estudantes afetadas pelo problema. Ao todo, a reportagem teve acesso a um grupo de 28 pessoas barradas nos cadastros do programa federal.

Outro lado

O MEC classificou a falha, ainda sem uma causa definida, como uma inconsistência pontual que atingiu um pequeno grupo. Tudo porque, segundo o ministério, 12.453 pessoas tiveram suas inscrições do Fies prorrogadas para o segundo semestre. O órgão diz que trabalha na correção da falha e que apesar do problema vai manter até esta sexta o prazo que o estudante tem para atualizar os dados.

Último balanço da pasta mostrou que 4.548 estudantes já conseguiram entrar no sistema e iniciar o preenchimento dos dados. O MEC também lembrou que o estudante barrado agora no Fies pode ter tido a inscrição validada apenas para o primeiro semestre de 2019.
A orientação é procurar a universidade e verificar o status da vaga. “As faculdades são donas da vaga e têm autonomia legal para prorrogar seu preenchimento por até dois semestres seguintes”, afirma o MEC.

“O MEC coloca à disposição o 0800-616161 para que os estudantes entrem em contato e tirem dúvidas sobre o processo ou registrem alguma dificuldade”, finaliza.

Novo Fies

O Fies mudou de cara neste ano e passou a financiar valores mais altos. O teto de financiamento saiu de R$ 30 mil para R$ 42.983 por semestre.

O programa também passou a custear pelo menos 50% das mensalidades dos alunos que firmarem contrato em universidades de todo o país. Com os novos limites, cursos com mensalidades de R$ 7.000, como os de medicina, passaram a ser financiados em até 100%.

Outro passo dado foi a garantia de um financiamento mínimo por estudante, que passou a ser o de 50% do valor da semestralidade. Os percentuais são definidos de acordo com a renda familiar do estudante e o custo mensal pago à instituição de ensino superior.

Dados do MEC mostram que já houve casos em que o universitário teve 8% do valor mensal aprovado pelo Fies, o que muitas vezes inviabilizava o pagamento do restante da mensalidade e incentivava e evasão dos cursos.

Das 310 mil vagas anunciadas para 2018, com orçamento previsto de R$ 19,3 bilhões, 155 mil contratos estão disponíveis para o segundo semestre.