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Política

Fechar fronteira com a Venezuela é 'impensável', afirma ministro

General Sérgio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional, disse que fechamento da fronteira 'não ajuda em nada'.

G1

20 de Agosto de 2018 - 14:20

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, afirmou nesta segunda-feira (20) que é “impensável” fechar a fronteira entre o Brasil e a Venezuela, no estado de Roraima.

O ministro concedeu entrevista no Palácio do Planalto. Ele falou da situação dos imigrantes venezuelanos em Roraima, que deixam seu país de origem para escapar da crise econômica, social e política. Roraima tem sido a principal porta de entrada dos imigrantes no Brasil.

No sábado (18), na cidade de Pacaraima (RR), na fronteira com a Venezuela, brasileiros fizeram um protesto com atos de violência e destruição de acampamentos de imigrantes venezuelanos. O tumulto começou após um assalto supostamente cometido por um venezuelano.

Na entrevista desta segunda, Etchegoyen foi perguntando se o governo federal mantém a posição contrária ao fechamento da fronteira.

“O fechamento da fronteira é impensável, porque é ilegal. Nós temos que cumprir a lei. A lei brasileira de migração determina o acolhimento de refugiados e imigrantes. É uma solução [fechar a fronteira] que não ajuda em nada a questão humanitária”, disse o ministro.

O governo de Roraima informou nesta segunda que ingressou com nova ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender de forma temporária a imigração de venezuelanos pela fronteira em Pacaraima.

Em abril, o presidente Michel Temer disse que era "incogitável" fechar a fronteira, em resposta a pedido feito à época pelo governo de Roraima.

Segundo Etchegoyen, na tarde desta segunda um grupo de representantes de vários ministérios irá a Boa Vista e a Pacaraima para coletar dados e identificar que outras ações o governo poderá adotar em Roraima para lidar com o fluxo migratório de venezuelanos.

O ministro informou que os representantes dos ministérios, entre os quais Defesa, Casa Civil, Direitos Humanos e Relações Exteriores, têm previsão de retornar na terça-feira a Brasília.

"São pessoas técnicas, mas com poder de decisão já delegado para as medidas que forem necessárias", disse Etchegoyen.

Situação 'mais calma'

De acordo com Etcheogyen, a situação no momento em Roraima "está mais calma". Ele declarou que não há riscos para brasileiros que estão ou estavam no lado venezuelano da fronteira.

O ministro afirmou que o governo trabalha para que não ocorram novos atos de violência contra venezuelanos. Ele disse que as pessoas que cometaram ataques serão responsabilizadas.

"O governo está profundamente preocupado em garantir a integridade e o bem-estar dos brasileiros e em atender os venezuelanos, mas não vai para isso admitir o cometimento de crimes. Essas pessoas serão responsabilizadas", declarou.

"Eu imagino que os cidadãos que participaram daquilo, hoje pensando individualmente, colocando a cabeça para funcionar, devem estar concluindo que aquilo não vai construir absolutamente nada nem vai solucionar o problema", completou o ministro.

Garantia da Lei e da Ordem

Etchegoyen também comentou a possibilidade de o presidente Michel Temer assinar um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) autorizando o uso das Forças Armadas em Roraima. De acordo com o ministro, o emprego dos militares depende de um pedido formal da governadora Suely Campos (PP).

A assessoria do governo de Roraima disse que o pedido de GLO já foi feito em 2017. Etchegoyen, no entanto, declarou que a governadora solicitou o emprego de militares no patrulhamento da fronteira, o que é permitido por lei e já ocorre.

Etchegoyen afirmou que, caso a governadora tenha interesse na GLO, deverá formalizar o pedido, citando, por exemplo, em qual região ou cidade do estado é preciso o socorro das Forças Armadas.

O ministro ainda lembrou que nesta segunda um grupo de 60 integrantes da Força Nacional de Segurança foi enviado para Roraima. Mais 60 homens irão ao estado nos próximos dias para reforçar o efetivo.