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Política

Políticos em MS questionam segurança das urnas eletrônicas

Na Assembleia Legislativa, opiniões são divergentes

Correio do Estado

23 de Setembro de 2018 - 18:25

Políticos em MS questionam segurança das urnas eletrônicas

Políticos divergem sobre segurança do sistema eleitoral brasileiro que, colhe os votos por meio das urnas eletrônicas. A reportagem conversou com os deputados estaduais na Assembleia Legislativa para saber a opinião deles sobre o assunto e a conclusão é que não há consenso.

Muitos são a favor do voto impresso e pedem que a comprovação seja emitida por meio do papel. “Sou a favor do voto impresso, acho um absurdo não ter impressão do voto, cada eleitor tem o direito de levar seu comprovante.

O voto deveria ser aberto para que cada um responda pelas suas atitudes, todos devem ser responsáveis pelas consequências de seus atos. Não confio nas urnas eletrônicas e o eleitor deve desenvolver estratégias para fiscalizar se o voto chegou ao lugar onde ele queria”, declarou a parlamentar do PSDB, deputada Mara Caseiro, candidata à reeleição.

Outros dois deputados que também comungam da mesma opinião de Caseiro são os parlamentares Paulo Siufi (MDB) e José Carlos Barbosa (DEM), o Barbosinha.

Siufi defendeu a volta do voto de papel e declarou não confiar no sistema de contagem de votos por meio das urnas. “Depois de tudo que tem sido falado, depois de tudo que ouvi de técnicos da informação dizendo que é possível fraudar sim, eu não confio, prefiro voto de papel e o impresso sim”, defendeu o deputado do MDB.

Mesmo considerando difícil emitir opinião sobre o assunto, Barbosinha revelou que não confia nas urnas. “O que me faz pensar é por que não tem na Europa e nos EUA o mesmo sistema de votação eletrônico que aqui? Se é tão bom e tão seguro, por que os países de primeiro mundo não adotam? Israel está à frente de nós, em tecnologia, e também não adota. Tenho sérias dúvidas”, indagou o democrata.

O parlamentar do DEM também lembrou de algumas fraudes que aconteceram em grandes sistemas de tecnologia, como o Facebook, Pentágono e Nasa. “Não ouvi falar ainda hoje de nenhuma área indevassável na tecnologia. A tecnologia do Pentágono já foi invadida, a Nasa também e sem falar dos sistemas bancários, em que bancos investem pesado em segurança e mesmo assim eles são invadidos por hackers. O Facebook também, estruturas gigantes são violadas, como garantir os tupiniquins aqui?”, disse Barbosinha.

Porém, outros colegas do Legislativo preferem apostar nas novas tecnologias e defendem que a volta do voto impresso seria um retrocesso para o Brasil. “Temos que confiar, momento de evolução, vamos desconfiar de tudo agora? Tem que ter prova contra as urnas, do contrário, sou a favor”, disse o deputado do PT, Cabo Almi.

O deputado Paulo Corrêa (PR) também declarou que confia nas urnas e indagou que se não confiasse, como poderia estar eleito como parlamentar na Assembleia?

Em Mato Grosso do Sul serão utilizados 7.972 aparelhos. De acordo com o juiz eleitoral, Cezar Miozzo, os fiscais de seção não conseguirão ligar o equipamento que está programado para funcionar apenas às 7 horas do dia 7 de outubro.

NACIONAL

A desconfiança sobre a segurança do sistema eleitoral brasileiro, no que diz respeito às urnas eletrônicas, também vem sendo questionado pelo presidenciável Jair Bolsonaro do PSL. De acordo com o deputado federal, a preocupação dele não é perder no voto, mas sim da possibilidade de fraude na contagem por meio eletrônico.

O filho de Bolsonaro, o vereador Carlos, chegou a dizer, por meio de publicação em seu Twitter, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia entregado para empresa venezuelana os códigos das urnas eletrônicas, “inclusive os criptográficos”, e negado o acesso de auditores brasileiros ao sistema.

O TSE, por meio de ministros, negou a informação e declarou que não há nenhum caso de fraude comprovado.

O vice de Bolsonaro, general Antonio Hamilton Mourão, justificou as declarações de seu correligionário e classificou de fake news o boato espalhado pelo vereador Carlos.

BLINDADAS

No último dia 19 de setembro,  juiz eleitoral de Mato Grosso do Sul, Cezar Luiz Miozzo reforçou que os equipamentos são seguros. A declaração dele foi dada durante o abastecimento dos dados dos candidatos nos 7.972 aparelhos que serão usados durante as eleições no Estado.

"Os fiscais de seção não  conseguirão ligar o equipamento que está programado para funcionar apenas às 07 horas do dia 7 de outubro.Os eleitores não precisam se preocupar com a violação do dispositivo", garantiu ele.

AS URNAS

O coletor eletrônico de voto, conhecido como urna eletrônica, começou a ser utilizado massivamente a partir das eleições municipais de 1996, no Brasil, único país do mundo que possui um sistema de eleições 100% eletrônico.

Em 2004, 28,9% dos eleitores registrados nos Estados Unidos usaram algum tipo de sistema de votação eletrônica, acima dos 7,7% em 1996.

De acordo com o Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (International Idea) – organização independente que acompanha processos eleitorais em todo o mundo –, 23 países usam sistemas de votação eletrônica em eleições nacionais, dentre 167 analisados. Há também outros 18 países que adotam a tecnologia em eleições regionais. Alguns estados norte-americanos também o utilizam.