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Política

Relator vai pedir mais 10 dias para apresentar parecer sobre as contas de Daltro

Votação será termômetro do ânimo dos vereadores, favorável ou contrário a aprovação das contas de Fiuza.

Flávio Paes/Região News

03 de Outubro de 2018 - 13:12

Relator vai pedir mais 10 dias para apresentar parecer sobre as contas de Daltro

O vereador Kennedi Forgiarini (PP), relator do julgamento das contas do ex-prefeito Daltro Fiuza relativas a 2008, vai protocolar nesta semana requerimento e o plenário vai deliberar na sessão da próxima terça-feira (9), em que pedirá mais 10 dias para apresentar seu relatório.

Esta votação será um termômetro do ânimo dos vereadores, favorável ou contrário a aprovação das contas de Fiuza. “São centenas de documentos, preciso de mais tempo para ler mais de 800 páginas de documento e com isto, fundamentar pelo parecer”, justifica.

Pelo regimento interno, ele teria de concluir o trabalho amanhã, quinta-feira, (4) quando completam as 72 horas desde que recebeu a documentação do presidente da Comissão de Orçamento e Finanças (COF), Otacir Figueiredo. O parecer prévio do Tribunal de Contas é pela rejeição das contas. São necessários 10 votos para que este parecer seja derrubado e as contas aprovadas pelo Legislativo.

Nesta terça-feira (2), quatro dias depois do prazo (que venceu dia 28), o ex-prefeito apresentou sua defesa por escrito. Liminarmente o relator decidiu não levar em conta está defesa já que foi protocolada fora do prazo. Restaria ao ex-prefeito vir a sessão de votação das contas e apresentar oralmente sua defesa.

O G-9, grupo de vereadores que ajudou a adiar a votação em junho, não parece mais interessado em livrar o ex-prefeito de ficar inelegível com base na lei de ficha limpa, desdobramento imediato da rejeição de suas contas. O bloco não perdoa Daltro, por não ter impedido os vereadores Carlos Tadeu e Jonas Rodrigues, de se juntarem a quatro vereadores da base do Governo, para arquivar a antecipação para 15 de setembro da eleição da Mesa Diretora, que haviam apoiado em primeira votação.

Embate político

Este parecer do TCE/MS sobre as contas de Daltro relativas a 2008 foi encaminhado à Câmara pela primeira vez no final de 2014, quando o então presidente Ilson Peres, encerrava sua gestão. Seu sucessor, David Olindo, em outubro de 2016 devolveu o processo ao Tribunal para esclarecer definitivamente se estavam ou não esgotadas todas as possibilidades de recurso de Daltro.

Na época, Olindo recebeu ofício de Daltro que informou a existência de recurso pendente no Tribunal que poderia mudar o parecer. Além disso, teria havido um erro formal no encaminhamento da documentação ao Legislativo. O ofício não veio assinado pela presidência, e sim, pelo departamento de digitalização. De fato, havia um recurso de Daltro que foi julgado em abril de 2016.

Os conselheiros acompanharam o parecer do relator Ronaldo Chadid (pela rejeição das contas), mesmo com os esclarecimentos prestados pelo ex-prefeito. Uma das irregularidades foi o recolhimento em 2009, de contribuições previdenciárias relativas a 2008. Constatou-se também um passivo de quase R$ 1 milhão (R$ 999.557.850). Houve também lançamentos em duplicidade.

Relator vai pedir mais 10 dias para apresentar parecer sobre as contas de Daltro

Em abril deste ano o processo voltou à Câmara, foi lido em plenário, mas erroneamente, o presidente da COF, Otacir Figueiredo, resolveu pedir parecer da Comissão de Legalidade e Cidadania, presidida pelo presidente Geosafá da Silva, do MDB, mesmo partido de Daltro.

Numa manobra que teve o apoio da oposição (interessada e garantir o apoio dos três emedebistas para antecipar de dezembro para setembro a eleição da Mesa Diretora), a tramitação foi suspensa até que o Tribunal respondesse a um questionamento suscitado por Fá.

Em ofício datado do último dia 26 de junho, o presidente do Tribunal de Contas, conselheiro Waldir Neves, enterrou de vez a manobra da bancada do PMDB na Câmara de adiar a votação do parecer do TCE/MS.

Em resposta ao questionamento da Câmara, o Tribunal informou que no âmbito do TCE não há mais possibilidade de recurso em relação ao julgamento das contas do ex-prefeito e, portanto, o parecer pode ser votado pelos vereadores neste segundo semestre. “Os julgamentos das prestações de contas atenderam todas as exigências elencadas nas normas legais aplicadas a esta casa”, informa Waldir Neves no documento encaminhado ao Legislativo.

“O pedido de revisão assegurou o direito de defesa, porém, por decisão unânime, os conselheiros negaram provimento, esgotando todas as vias de recursos disponíveis”.

Relator vai pedir mais 10 dias para apresentar parecer sobre as contas de Daltro

“O TCE/MS possui atos de matéria interna corporis, ou seja, se houver controvérsia acerca da interpretação das normais regimentais, tomar-se inviável a possibilidade de jurídica de qualquer atuação do Poder Judiciário, eis que é proibido interferir na intimidade dos demais poderes”.

O artigo do Código de Processo Civil invocado pela Câmara (o 942), sustenta o presidente do Tribunal de Contas, “refere-se à regra processual específica do recurso de apelação cível, ou seja, recurso totalmente distinto daquele julgado por esta Corte de Contas, qual seja o pedido de revisão, que possui regimento próprio previsto no artigo 164”.