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Esporte

Bom humor, promessas e planos para novas reuniões: os bastidores da visita do chefe da F1 ao Rio

Chase ouviu das autoridades que a cidade é oficialmente candidata a receber categoria do automobilismo em 2021

Globo Esporte

16 de Novembro de 2018 - 14:08

Ao visitar o Rio de Janeiro no começo da semana, o chefe executivo da Fórmula 1, Chase Carey, ouviu oficialmente das autoridades locais que a cidade é candidata a voltar a receber uma corrida da categoria a partir da temporada de 2021. O dirigente foi recebido pelo prefeito Marcello Crivella, o atual governador, Luiz Fernando Pezão, e o governador eleito, Wilson Witzel, e conheceu todos os detalhes do projeto para construção de um autódromo no bairro de Deodoro, na Zona Norte. 

O GloboEsporte.com conversou com fontes ligadas aos governos Estadual e Municipal e apurou detalhes sobre a agenda de Carey, que chegou ao Rio de Janeiro ainda na noite de domingo. Logo depois do GP do Brasil, em Interlagos, o executivo deixou São Paulo e já dormiu na Cidade Maravilhosa, onde teria uma demorada agenda de reuniões na segunda-feira desde a manhã. 

Logo cedo, Carey foi recebido pelo prefeito Marcello Crivella. Dele, ouviu que o edital para a concorrência será lançado em poucos dias, logo após a audiência pública que será realizada daqui a uma semana. Crivella disse ao mandatário da principal categoria do automobilismo que a cidade fará de tudo para voltar a receber uma corrida de Fórmula 1, o que não acontece desde 1989. 

Depois do almoço e da reunião com Crivella, Carey foi ao encontro do atual Governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Este disse a Carey que, por estar às vésperas de deixar o governo, não teria muito como agir diretamente no processo, mas que apoiava a iniciativa e estava à disposição para ajudar enquanto seu mandato não estivesse encerrado. 

No fim, em tom de brincadeira, Carey disse a Pezão: "quando acordei no Rio pela manhã e vi o mar, percebi que poderia ser uma boa trazer a Fórmula 1 para a cidade". O dirigente ainda falou que, sempre quando as pessoas perguntam a ele sobre o Brasil, falam sobre o Rio. Em seguida, Pezão telefonou para o governador eleito, Wilson Witzel, falou sobre o encontro e ratificou sua disposição em colaborar com os responsáveis pela transição de governo. 

No começo da noite, Witzel recebeu Chase Carey na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), onde fica o gabinete de transição do governo. No local, havia diversos secretários já anunciados pelo governador eleito. Na reunião, Witzel disse que o Governo do Estado irá ajudar em todas as questões relativas ao novo autódromo e na tentativa de o Rio de Janeiro passar a receber a Fórmula 1. 

Wilson Witzel, aliás, ainda não conhecia todos os detalhes do projeto apresentado em junho e que está em fase final de ajustes antes do lançamento do edital. Os responsáveis, então, mostraram o desenho do traçado e reafirmaram que a construção será feita com recursos oriundos de investidores privados. 

São Paulo trabalha para manter GP 

Antes de ir ao Rio de Janeiro, Chase Carey ouviu do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, que a cidade deseja manter a Fórmula 1 depois do fim do contrato, em 2020. Segundo Covas, ainda está em análise a privatização do local onde fica o Autódromo José Carlos Pace e que tipo de intervenção pode ser feita no local caso o terreno saia do controle do município. 

Um ponto fundamental nas tratativas é a conclusão das reformas iniciadas em 2014. Recentemente, um contrato de R$ 43 milhões foi assinado com o Ministério do Turismo para que sejam finalizadas as reformas dos boxes e da cobertura do paddock. 

No entanto, ainda não há prazo para a execução das obras, porque é necessária a aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU) para os investimentos. Só com isso e a resolução sobre a privatização é que o futuro de Interlagos e do próprio GP em São Paulo começarão a ser definidos. 

Terreno "limpo" e traçado de 5,3 km 

Pelo projeto do autódromo em Deodoro, o traçado terá 5,3 quilômetros de extensão e será apto a receber corridas das principais categorias de automobilismo e motociclismo no mundo. Inclusive houve reuniões entre autoridades das federações internacionais para que os padrões de segurança para ambos os tipos de provas seja respeitado. 

Duas semanas depois que o projeto foi apresentado, a Dorna, promotora do Mundial de Motovelocidade, assinou um protocolo de intenções para que o Rio de Janeiro receba uma etapa a partir da temporada de 2021. 

Uma questão importante em todo o processo é que o terreno cedido pelo Exército à Prefeitura do Rio de Janeiro foi descontaminado dos artefatos bélicos não detonados que existiam no local há mais de 50 anos. 

Rio de Janeiro recebeu GP por dez vezes 

O Rio de Janeiro está sem uma pista de corridas desde 2012, quando foi desativado o Autódromo Nelson Piquet, em Jacarepaguá. O circuito na Zona Oeste, que recebeu diversas provas nacionais nos anos 1960 e 1970, foi reformado em 1977 e recebeu pela primeira vez o GP do Brasil de F1 em 1978, com direito a um histórico segundo lugar de Emerson Fittipaldi com a Copersucar. 

Depois de muitas reclamações dos pilotos em relação às ondulações do asfalto e à segurança da pista de 7,9 km de Interlagos, a etapa brasileira do Mundial passou ao Rio de Janeiro em 1981 e permaneceu até 1989. Três anos antes, o Brasil viveu um de seus momentos mais gloriosos na F1 com a dobradinha entre Nelson Piquet e Ayrton Senna. 

Depois de divergências na renovação do contrato com o Rio, a F1 encontrou em São Paulo uma Prefeitura disposta a reformar o Autódromo José Carlos Pace e adequá-lo aos padrões vigentes. E desde 1990 a principal categoria do automobilismo corre em terras paulistas.