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Policial

Atentado em Pedro Juan: brasileiro declarou guerra a rivais na fronteira

Alvo de ataque a tiros, sobrinho de Jarvis Pavão acusou Minotauro de ser mandante; polícia fala em lista da morte.

Campo Grande News

05 de Dezembro de 2018 - 10:39

O bandido brasileiro Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, é apontado como o mandante do ataque a tiros de fuzil AK-47 calibre 7,62 contra Pedro Gimenez da Luz, o Pedrinho, às 18h30 de ontem (4) em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande.

Pedrinho é sobrinho do narcotraficante pontaporanense Jarvis Gimenez Pavão, atualmente recolhido no Presídio Federal de Mossoró (RN).

O rapaz de 24 anos e dois seguranças estavam na caminhonete blindada Ford F150 Raptor preta, atingida por dezenas de tiros por volta de 18h30 de ontem. Ele ficou ileso e seus capangas sofreram ferimentos leves.

Segundo policiais da fronteira, o atentado é mais uma investida de Minotauro para eliminar a concorrência e controlar o crime organizado na Linha Internacional. A família de Jarvis Pavão é vista como ameaça para o bandido ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Minotauro – De acordo com o jornal ABC Color, Pedrinho foi interrogado pela polícia após sair ileso do atentado e teria acusado Minotauro de ordenar sua morte.

Sérgio Quintiliano, que também usa documento paraguaio em nome de Celso Matos Espíndola, é procurado há meses pela polícia dos dois países. Segundo policiais fronteiriços, ele tenta aproveitar o vazio de poder criado com a morte de Jorge Rafaat Toumani em 2016 para de tornar o novo “patrão” do tráfico de drogas e de armas.

Fontes ouvidas pelo ABC Color revelam que Minotauro era uma figura secundária no submundo do crime quando estavam na ativa bandidos como Rafaat, Jarvis Pavão e Elton Leonel Rumich da Silva, o Galã, preso em fevereiro deste ano no Rio de Janeiro.

Mas as aspirações de Minotauro cresceram após a execução de Rafaat, em atentado que teria sido ordenado por Galã e Jarvis Pavão.

Guerra do crime – O bandido também aproveita a guerra particular entre Galã e Pavão para se fortalecer. Galã teria ordenado o assassinato de Paulo Jacques, ocorrido em 2 de fevereiro de 2017 em Assunción. A noiva dele também foi morta no ataque.

Outra vítima da guerra foi o irmão de Pavão, Ronny Gimenez Pavão, morto por pistoleiros no dia 15 de março de 2017 em Ponta Porã.

Willian Gimenez Bernal, Outro sobrinho de Jarvis, foi alvo de atentado em 25 de outubro do ano passado na capital paraguaia. O filho dele, de 5 anos, foi morto com um tiro de fuzil. Ao ver o filho morto no banco de trás da caminhonete, Willian se matou com um tiro na cabeça.

Com Jarvis Pavão extraditado para o Brasil em dezembro de 2017 e com os principais aliados do traficante mortos, Galã tinha caminho livre para controlar o crime na fronteira, mas também foi preso, em fevereiro deste ano, em um estúdio de tatuagem, em Ipanema, no Rio.

Ao ver os rivais fora do jogo, Minotauro teria iniciado uma perseguição aos remanescentes dos dois grupos, para se tornar o único chefão do crime organizado na Linha Internacional.

Laura Casuso – As fontes ouvidas pelo ABC Color também apontam Minotauro como mandante do assassinato da advogada Laura Casuso, no dia 12 do mês passado, em Pedro Juan Caballero.

De nacionalidade argentina, Laura estava radicada há anos no Paraguai, onde fez a defesa de Jarvis Pavão, mas após a extradição ela se mudou para o interior de São Paulo.

A polícia paraguaia tenta localizar uma caminhonete Blazer branca e uma Volkswagen Parati usadas pelos pistoleiros que tentaram matar Pedrinho Gimenez. Todos seriam brasileiros.

Para policiais da fronteira, outros membros da família de Pavão estariam na lista de Minotauro para serem mortos. O bandido quer eliminar qualquer chance de a quadrilha do pontaporanense voltar a se articular.

Atentado em Pedro Juan: brasileiro declarou guerra a rivais na fronteira

Pedrinho Gimenez (à esquerda) com outro sobrinho de Pavão, Jonathan Gimenez (Foto: ABC Color)