Política
Presidente do Ibama pede exoneração após ministro questionar contrato de aluguel de caminhonetes
No Twitter, ministro do Meio Ambiente questionou o valor de R$ 28 milhões do contrato, que considerou alto.
Correio do Estado
07 de Janeiro de 2019 - 14:11
A presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Suely Araújo, pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira (7).
O pedido foi feito um dia após o novo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ter criticado no Twitter um contrato de locação de veículos do órgão.
Suely assumiu o cargo no Ibama no governo do ex-presidente Michel Temer. No pedido de exoneração (leia a íntegra mais abaixo), ela argumentou que, mesmo antes do presidente Jair Bolsonaro assumir, o nome do seu sucessor já vinha sendo "amplamente" comentado na imprensa e dentro do próprio Ibama.
Aluguel de caminhonetes
A polêmica em torno do aluguel de caminhonetes começou com uma postagem do ministro do Meio Ambiente no Twitter. Veja a sequência dos fatos:
- Ricardo Salles questiona valor de contrato
"Quase 30 milhões de reais em aluguel de carros, só para o IBAMA....", escreveu o ministro no Twitter, neste domingo (6).
- Suely responde por meio de nota divulgada pelo Ibama
No mesmo dia, a presidente do Ibama disse em nota que refutava com “veemência qualquer insinuação de irregularidade na contratação”. Ela explicou que o contrato previa aluguel de 393 caminhonetes adaptadas para fiscalização e atendimento a emergências ambientais (como incêndios), que seriam usadas nos 26 estados e no Distrito Federal. Suely também disse que o contrato foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
- Ricardo Salles diz que não levantou suspeita sobre o contrato
Ainda neste domingo, novamente no Twitter, Ricardo Salles afirmou que não levantou suspeita sobre o contrato, mas quis chamar atenção sobre o valor, que considerou elevado.
"Não levantei suspeita sobre o contrato, apenas destaquei seu valor elevado, conforme meus esclarecimentos na própria postagem. O valor elevado também foi questionado pelo TCU desde abril e, portanto, não precisava ser assinado a dez dias da troca de governo", escreveu o ministro.
Excelentíssimo Senhor Ministro,
1. Cumprimentando-o cordialmente, sirvo-me do presente para formalizar minha solicitação de exoneração do cargo de Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
2. Considerando que a indicação do futuro Presidente do Ibama, Sr. Eduardo Bim, já foi amplamente divulgada na imprensa e internamente na Instituição ainda em 2018, antes mesmo do início do novo Governo, entendo pertinente o meu afastamento do cargo permitindo assim que a nova gestão assuma a condução dos processos internos desta Autarquia.
Respeitosamente, Suely Araújo
Mudanças no Meio Ambiente
Na nova configuração dos ministérios, promovida pelo governo de Jair Bolsonaro, o Ibama continuou vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Outros órgãos foram transferidos de pasta. É o caso do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que saiu do Meio Ambiente e foi para a Agricultura. Uma das atribuições do SFB é trabalhar pela recuperação da vegetação nativa e recomposição florestal.