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Brasil

Número de brasileiros presos no exterior volta a crescer e supera 3 mil, diz Itamaraty; veja detalhes

Em 2017, governo computava 3.025 brasileiros detidos lá fora – alta de 10,7% em relação a 2015.

G1

22 de Janeiro de 2019 - 08:18

Número de brasileiros presos no exterior volta a crescer e supera 3 mil, diz Itamaraty; veja detalhes

O número de brasileiros presos no exterior cresceu pelo segundo ano consecutivo entre 2016 e 2017, apontam dados do Ministério de Relações Exteriores. Segundo a pasta, há um ano, havia 3.025 cidadãos brasileiros detidos em outros 60 países. Os dados de 2018 ainda não tinham sido compilados até esta segunda-feira (21).

O quantitativo é o segundo maior desde o início da série histórica, em 2013 – quando havia 3.209 pessoas nessa situação. Ainda segundo o Itamaraty, de cada três casos identificados em 2017, um tinha relação com o tráfico de drogas.

Quando há uma prisão do tipo, o Ministério das Relações Exteriores é acionado pelo consulado naquele país para acompanhar as investigações – "mesmo quando os casos já tiverem sido levados à Justiça local", diz a pasta.

Os representantes do Brasil nesses países também podem visitar o detento brasileiro e, a depender do caso, oferecer algum tipo de ajuda jurídica (veja mais detalhes abaixo).

Número de brasileiros presos no exterior volta a crescer e supera 3 mil, diz Itamaraty; veja detalhes

Onde estão?

De acordo com o Itamaraty, a maior parte dos brasileiros cumpria pena – provisória ou definitiva – em países da Europa e das Américas. Os números flutuam a cada ano, mas a proporção se mantém relativamente constante.

Em 2017, a distribuição era a seguinte:

  • Europa: 1.144 brasileiros detidos (37,99% do total)
  • América do Sul: 896 (29,76%)
  • América do Norte: 530 (17,54%)
  • Ásia: 299 (9,93%)
  • África: 71 (2,36%)
  • Oceania: 57 (1,89%)
  • Oriente Médio: 21 (0,3%)
  • América Central e Caribe: 7 (0,23%)

Tráfico lidera

Segundo as estatísticas do Itamaraty, a maior parte dos crimes apontados tem relação com drogas – seja tráfico, porte, uso ou alguma outra situação, a depender da legislação de cada país.

Em 2017, 1.025 pessoas estavam encarceradas no exterior por esse tipo de ocorrência, o equivalente a 33,78% do total de casos.

Em seguida, aparecem as ocorrências de homicídio, estupro, fraude e estelionato, violência doméstica e agressão física. Há, ainda, acusações de tráfico de pessoas, abuso infantil, sequestro, assalto, irregularidade imigratória, fraudes contra o sistema financeiro e até infrações de trânsito.

Veja, abaixo, o número de presos por crimes ligados às drogas em cada continente:

  • Europa: 492 (43,01% do total de brasileiros detidos no continente)
  • América do Sul: 267 (29,80% do total)
  • Ásia: 118 (39,46% do total)
  • África: 70 (98,59% do total)
  • Oceania: 51 (89,47% do total)
  • Oriente Médio: 10 (22,22% do total de presos no Oriente Médio)
  • América do Norte: 14 (2,65% do total de presos na América do Norte)
  • América Central e Caribe: 3 (42,86% do total de presos na América Central e Caribe)

Os direitos do preso

Segundo o ministério, em caso de detenção no exterior, o brasileiro tem direito a contatar parentes, mas o tratamento é determinado pela legislação do país onde ocorreu a prisão.

A Convenção de Viena sobre Relações Consulares determina, ainda, que o detento tem o direito de informar o consulado ou embaixada sobre a situação, e de receber visitas de representantes consulares para averiguar as condições da detenção.

A representação diplomática não pode assumir a defesa do brasileiro na Justiça local. Em alguns países, no entanto, o Brasil tem contratos com assessores jurídicos para acompanhar e orientar o tratamento do caso.

A atuação do Itamaraty varia de caso a caso. A legislação brasileira e o direito internacional permitem uma série de medidas, que incluem, segundo lista enviada ao G1 pelo próprio ministério:

  • realizar visitas a presídios, por meio dos Consulados e Embaixadas no exterior
  • ouvir relatos dos presos brasileiros
  • retransmitir informações acerca de sua situação a seus familiares no Brasil
  • acompanhar o detento em audiências e julgamentos
  • garantir que o detento tenha acesso a tratamentos de saúde, quando necessário
  • conceder víveres e materiais de primeira necessidade que não sejam oferecidos pelo presídio (como sabonetes, escovas de dente, agasalhos, cobertores e cartões telefônicos)
  • assegurar que o preso brasileiro tenha seus direitos humanos respeitados.

Da mesma forma, a legislação local e internacional impede que outras medidas sejam adotadas. A lista de proibições inclui:

  • interferir no processo judicial de cidadãos brasileiros
  • retirar cidadãos brasileiros da cadeia
  • agir em desacordo às leis locais, ainda que elas sejam diferentes da legislação brasileira
  • representar judicialmente cidadãos brasileiros presos ou arcar com os custos advocatícios de seus processos
  • fornecer recursos financeiros de maneira continuada
  • pagar passagens de familiares de detentos
  • garantir que detentos brasileiros tenham tratamento privilegiado em relação aos demais presos