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Eleitor comprando gato por lebre

O ELEITOR não pode ter ilusões com aqueles discursos inflamados de campanha.

Manoel Afonso

08 de Março de 2019 - 09:40

ÓCIO REMUNERADO São 12 dias de folga para nossos congressistas que estiveram no ‘batente’ pela última vez no dia 27 de fevereiro. A previsão sem erro é que irão repetir o ‘enforcamento’ na Semana Santa. E repito a notícia da última edição da coluna: São quase 500 ex-deputados federais (aposto que você conhece algum) recebendo cada um aposentadoria na média de R$14,3 mil.

EXPECTATIVAS Olhando o que nos espera no Congresso Nacional recorro a sábia observação de Ulysses Guimarães (morto em 12/10/1991) sobre a qualidade daquele parlamento que iniciava mais uma legislatura: “Esta legislatura é pior que a última, mas certamente melhor do que a próxima”. Eu diria que essa tese do ex-deputado pode ser aplicada seguramente às Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas. Certo?

O ELEITOR não pode ter ilusões com aqueles discursos inflamados de campanha. A maioria é encenação. Só depois de algum tempo ele vai perceber que comprou gato por lebre. O seu candidato esqueceu os compromissos e muda até de tendência dependendo das vantagens que possa obter. Deputado não atira contra o próprio pé. Veja esse pornográfico Fundo Partidário para torrar nosso dinheiro nas campanhas dos caciques – principalmente – dos partidos. Todos mamando sem distinção.

CONIVENTE apenas um inocente útil? Essa indagação é oportuna em relação ao papel do eleitor na composição dos parlamentos (em todos os níveis). Sem ilusões! Às vezes o eleitor escolhe aquele candidato mais próximo, o que lhe mais agrada ou simpatiza ou quem manifesta vontade de ajudá-lo de alguma maneira: um favor, emprego e aí por diante. Daí vem a conclusão triste, mas verdadeira: nem sempre o escolhido é o melhor ou mais útil dentro do contexto (municipal, estadual ou federal).

REFLEXÃO Os políticos e os detentores de cargos públicos, precisam e devem enxergar o tamanho exato dos cargos que estão ocupando e também aferir tudo aquilo que dizem e fazem. O recado vale hoje ao professor, jornalista e vereador da capital Eduardo Romeiro (Rede), alvo de inquérito como suspeito da pratica de estupro contra menor de idade ( 13 anos) e para a vereadora licenciada de Três Lagoas Maria Andrade Rocha (PSD) presa pelo Gaeco - suspeita de liderar ou integrar quadrilha de traficantes de drogas. O que os seus eleitores estão pensando deles agora?

BOA PERGUNTA: “O que os seus eleitores estão pensando dos dois após divulgação dos fatos relatados no tópico acima? Se forem eleitores conscientes que votaram neles tão somente pelo conteúdo de suas propostas - certamente estarão decepcionados, exigindo explicações ou versão convincente. Mas se pertencerem ao grupo de eleitores alienados ou que votaram por algum tipo de interesse, vão ignorar a notícia e suas consequências penais e políticas. Esse o eleitor galinha – bota o ovo – tchau e benção!

‘RECUERDOS’. Um observador dizia no saguão da Assembleia Legislativa de fatos administrativos nem sempre analisados como deviam pelas conveniências da época. Um deles foi o empréstimo contraído pelo Governo Estadual na gestão de Wilson Barboza Martins (MDB) para asfaltar trecho de uma rodovia federal - a BR 262. O outro episódio foi a venda da empresa estatal Enersul. Questionados, alguns políticos da época, preferem ironizar sutilmente a real destinação do produto da venda.

TRISTE FIM? Nunca ouvi dizer que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) seria desonesto. Mas as denuncias de corrupção contra pessoas de sua equipe respingaram na sua áurea de honesto e devem antecipar o fim de sua carreira aos 66 anos de idade. Após governar São Paulo por 4 vezes restariam poucas opções: senado e deputado federal. O problema é que as eleições serão em 2021. Ainda teria oxigênio para mais uma batalha?

COMPARAÇÃO Alckmin lembra o ex-senador Cristovam Buarque (PPS) quando de trata da falta de carisma e de empolgação. Cristovão é intelectual, de brilhantes ideias mas não consegue convencer e contagiar as plateias pelo seu estilo tímido. Alckmin é o genro que todo sogro gostaria de ter: respeitoso, pontual e afável nos gestos. Mas antes mesmo do sinal amarelo aparecer ele se contem com medo de avançar o sinal. Lento demais. Ambos teriam futuro na Dinamarca, por exemplo.

FUTUROLOGIA As rodovias – a exemplo das cidades – vão envelhecendo e os seus problemas aflorando. Viajando pelas rodovias estaduais percebe-se esse processo lento mas contínuo de deterioração. Daí fico questionando se os nossos cofres públicos terão no futuro recursos suficientes para recapear ou fazer outras obras nestas rodovias. Não é fácil – como era antes – captar dinheiro a juros baratos para determinadas obras. As fontes praticamente secaram.

CIDADES Ao seu estilo franco o prefeito Marcos Trad (PSD) admitiu publicamente que as ruas de Campo Grande estão envelhecidas – algumas pelo tempo de uso – outras também pela qualidade do material usado. Repito aqui a preocupação de especialistas no assunto para resolver esse desafio de reformar as cidades a partir do asfalto cada vez mais exigido e judiado pelo excesso de trafego. O leitor pode comparar o número de veículos que trafegavam pela rua de sua casa no ano 2.000 com o trafego de hoje. A diferença é brutal.

COMPARANDO Se a situação em nossa capital já é considerada ruim por muitos, vou buscar no Estado de São Paulo alguns exemplos de cenários bem piores. Quem já foi a Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Sorocaba colheu subsídios suficientes para reclassificar Campo Grande como uma cidade ainda razoável pela largura das ruas e o número de avenidas de longa extensão. Essas cidades paulistas, a exemplo da Cidade Morena padecem de um mal comum: o transporte público pelo serviço de ônibus.

‘OH! COITADOS!’ Tem sindicalistas apavorados. Outros falam bobagem por conta do fim da obrigatoriedade do imposto sindical. Agora piorou com a obrigação do sindicato enviar o boleto do imposto para o endereço do trabalhador, que pode pagar ou não. Só para o eleitor ter a real dimensão da teta que acabou: em 2017 o imposto sindical rendeu R$ 3,64 bilhões e em 2018 caiu para R$500 milhões. Petezada tá pê da cara!

CAPITÃO CONTAR Antevejo uma enorme polêmica envolvendo os dois recentes projetos do deputado estadual pelo PSL. Um institui o resgate dos valores básicos do civismo na rede estadual de ensino. O outro dispõe sobre gestão compartilhada nas escolas estaduais com participação da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros inclusive. Há também expectativa quanto a posição do deputado cabo Almi – que é do PT ( ainda) mas que pertence aos quadros da Polícia Militar.

‘CHUMBO GROSSO’ Os tempos mudaram e a aplicação de penas prisionais contra a corrupção também, ficaram mais duras. O ex-governador carioca Sergio Cabral (MDB) já foi condenado a 198 anos de prisão. Paulo V. de Souza, ex-diretor do Dersa de São Paulo (leia-se Rodonorte) já levou 172 anos em dois processos e virou réu num terceiro. Não é difícil calcular com quantos anos de idade sairão da cadeia, já que o máximo de tempo de prisão no Brasil é 30 anos. Outros por aí também estão na linha de tiro.

‘DJANGO’ Nosso Loester Trutis (PSL) já obteve visibilidade, ainda que passageira na grande mídia como deputado federal. Visando quebrar o monopólio da Taurus na venda de armas no país ele pretende criar uma nova frente parlamentar argumentando que com importação livre, o valor médio de uma pistola poderia cair para metade dos atuais R$4.500,00. É esperar pra ver o calibre do deputado.

BENGALA Teme-se por um ‘boom’ de pedidos de aposentadoria no serviço público diante da Reforma da Previdência. Só São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul somam 100 mil funcionários em condições de aposentar. O conjunto dos 4 maiores Estados, pelo critério PIB, dá uma noção da dimensão do problema. Arrumar caixa para tudo isso é o grande desafio. Aqui no Estado a situação também é séria.

PEGA LADRÃO Nem a Igreja Católica escapou das investigações da Operação Calicute ( versão carioca da Lava Jato), onde delações apontaram o desvio de R$56 milhões destinados à Saúde para religiosos próximos a Dom Orani Tempesta – Arcebispo do Rio de Janeiro. As ponderações do religioso foram desproporcionais à gravidade das acusações. No mínimo faltou-lhe indignação, não convenceu. E a mídia não toca mais no assunto. ‘Estranho’ mesmo!

A ação política é cruel, baseia-se numa competição animal, é preciso derrotar, esmagar, matar, aniquilar o inimigo. (Otto Lara Resende)