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Esporte

Bernard relembra casos da época de Atlético-MG e diz querer voltar, mas não no fim de carreira

Aos 27 anos, atacante do Everton planeja um retorno ao Galo ainda em condições de "correr, fazer gols e dar alegrias".

GloboEsporte

08 de Maio de 2020 - 07:34

O site reprisou, na última quarta, a final da Libertadores 2013, quando o Atlético-MG venceu o Olimpia e conquistou o maior título da sua história. Um dos protagonistas daquele time era Bernard, hoje atacante do Everton, da Inglaterra. Aos 27 anos - e há quase sete na Europa - o jogador participou de uma transmissão do Galo, relembrou histórias marcantes no clube onde iniciou sua trajetória e revelou o desejo de voltar ao Alvinegro - mas não no fim de carreira. Bernard quer voltar em condições de ajudar.

- Eu tenho vontade de voltar, sim. É minha prioridade. Tenho como objetivo isso. Quando a gente fala isso, a maioria das pessoas fala: "Vai voltar quando tiver velho, não vai render mais nada, aí a gente não quer". Eu tenho em mente que quero voltar pro Atlético pra obter frutos. Não quero voltar em um momento que não vou conseguir mais dar aquilo que sempre dei. Correr, me dedicar, fazer gols, dar alegria - disse.

"Eu vou voltar, tenho o desejo de voltar, quero voltar, mas não quero voltar no final da minha carreira, não podendo ajudar o Atlético a conquistar os objetivos e sendo um jogador que não pode render frutos e ajudar na caminhada" - Bernard.

Bernard tem contrato com o Everton até o fim de junho de 2022.

Histórias e mais histórias

Bernard falou sobre futuro, mas o assunto dominante foi o passado. Com a camisa do Atlético, o atacante estreou em 2011, se despediu em 2013 e fez exatamente 100 jogos, com 22 gols e três títulos (Mineiro 2012, Mineiro 2013 e Libertadores 2013). As taças e triunfos são mensuráveis em números, mas as histórias do período no Galo são quase infinitas. O site selecionou alguns dos casos contados por ele.

  • "Perrengues" na Libertadores em 2013

- A Libertadores toda foi um momento especial pra mim, porque foram vários sentimentos dentro daquela competição. Desde o primeiro jogo (fora de casa), que foi o meu primeiro jogo internacional pelo Atlético (Arsenal-ARG 2 x 5 Atlético-MG)... Era minha primeira Libertadores. Se contar tudo que aconteceu, foram várias coisas. Sobre o jogo que fiz os três gols em Sarandí, no voo de volta eu peguei uma amigdalite pesada, perdi uns seis quilos. Joguei contra o The Strongest no Independência com três quilos a menos. Eu praticamente via a grama preta. Foi bastante difícil. Teve também meu ombro que saiu do lugar. Foi uma mistura de coisas que eu vivi nessa Libertadores, assim como todo atleticano. Eu passaria tudo novamente pra ser campeão de novo.

  • Bastidores da goleada em Sarandí

- Um dia antes a gente foi treinar no estádio deles e, no fim do treino, estávamos fazendo uma (atividade de) finalização. Eu estava finalizando muito bem, praticamente acertando todos os chutes. O Cuca chegou e falou: "Você vai decidir o jogo amanhã". Isso me trouxe uma confiança muito grande. O primeiro gol teve o passe do Ronaldinho, a minha movimentação pra sair do impedimento, as outras oportunidades pra fazer os gols... Foi um dos momentos mais marcantes pra mim. Foi meu primeiro jogo pelo Atlético fora do país. Não consigo imaginar uma estreia fora do país melhor do que essa.

  • Momento mais marcante da Libertadores

- Pra mim foi a final, o gol do Leonardo Silva. Eu acho que a bola parou uns dois minutos no ar antes de cair (dentro do gol). Foi complicado. Foi um momento que eu já estava com amarelo. Logo após do gol, vi a bandeirinha (de escanteio) na minha frente. Eu queria chutar, eu queria pegar, jogar em algum lugar, mas pensei na hora, porque eu já estava com amarelo, e consegui segurar essa vontade. Pude comemorar com o Rosinei. Foi um momento marcante pra mim. Tive vários, mas acho que esse foi o mais. Pela situação, por faltar praticamente cinco minutos pra acabar... Foi um momento marcante.

  • Bastidores da final

- Eu sempre tiro um cochilo à tarde quando os jogos são 22h, 21h30... Nesse dia, eu almocei, fui dormir pra chegar bem descansado no jogo e não consegui. Parecia que estava com fome ainda, parecia que tinha um buraco na barriga, um frio na barriga. Eu deitava, virava pro lado, pro outro, não conseguia dormir de jeito nenhum. Estava muito tenso pro jogo, mas tentando me segurar, porque poderia me atrapalhar. Eu era muito novo. Tinha o suporte de muitos jogadores experientes, que me ajudaram muito. Todo mundo tentava tirar de dentro uma motivação, uma palavra positiva. A gente sabia que era uma oportunidade de ouro. E sempre falei que eu queria sair do Atlético com um título de expressão.

  • O dia da chegada de Ronaldinho, em 2012

- Eu normalmente acordava um pouco mais tarde, porque os treinos eram à tarde. Acordei, liguei a TV, almocei em casa e saí pro treino. Pra mim tudo normal, como se fosse mais um dia. Cheguei no CT, e a portaria estava lotada de repórter, muita gente. Pensei: "O que está acontecendo aqui?". Do nada tinham dois helicópteros. Eu falei: "É, alguma coisa aconteceu aqui". Cheguei a comentar: "Ou alguém assaltou (o CT) ou tem algum problema aqui" (risos). Entrei até mais devagar, parei no estacionamento, dei uma olhadinha antes. Vi que estava normal, tudo tranquilo, e desci pro vestiário. Só tinha eu no vestiário nesse dia. Não lembro se cheguei mais cedo ou se os outros estavam na academia - disse.

- Estava trocando de roupa, aí ele entra no vestiário. Olhei pra ele e pensei: "Não, não é possível. O que esse cara está fazendo aqui? (risos) Não tem como!". E aí ele veio me cumprimentar, e eu meio sem acreditar, pensando "Não é possível". E eu não estava sabendo de nada, de nenhuma especulação, porque o Kalil do nada resolveu trazer. "Vamos lá trazer", trouxe e pronto. Me assustei, sem dúvida, mas é um cara que sempre foi um ídolo pra mim, um cara que eu sempre parava pra ver jogar, um cara que eu tinha um carinho muito grande sem conhecer, e tenho mais ainda depois de ter jogado com ele e convivido com ele. Foi um momento especial no Atlético poder ter vivido tudo isso - completou.

  • Golaço do Jô em 2012 (com jogada de Bernard)

- Aquele momento eu fiquei vendo o vídeo depois do jogo, acho que fui dormir umas 4h da manhã naquele dia. Colocando o replay do gol toda hora (risos). Assumimos a liderança do campeonato naquele jogo, se não me engano. E foi um jogo muito difícil, contra o Grêmio, fora de casa. É sempre muito difícil. Foi 1 a 0, o gol como foi... O Olímpico estava praticamente lotado. É mais um dos momentos que guardo com carinho.

  • Expulsão na despedida e fim da série invicta do Galo (em 2013, em um jogo contra o Athletico-PR, no Independência, Bernard fez o gol que abriu o placar, mas comemorou tirando a camisa - para homenagear a torcida em sua despedida -, foi expulso e, depois, o Atlético levou a virada, encerrando uma série de 54 jogos sem perder como mandante, ou um ano, 11 meses e quatro dias).

- Fui um dos responsáveis pra acabar com a série invicta. Porque foi a partir do meu gol contra o Athletico-PR, quando eu tirei a blusa, que a gente acabou tomando a virada, né? (risos) Foi um momento marcante na minha carreira também. Eu peço desculpa a todos os atleticanos, mas acho que eu não faria diferente. Eu queria fazer a homenagem naquele momento. Nem lembrava que eu estava com cartão amarelo. Acho que fui o responsável pela quebra da série invicta (risos).

  • "Teimosia" para completar o 100º jogo

- Eu tinha viajado pro Shaktar (Donetsk) pra visitar o clube, mas acabou que meus empresários começaram a conversar comigo, e a gente acabou acertando a ida. Eu voltei e falei que queria fazer meu 100º jogo, meus empresários não queriam deixar, porque eu poderia machucar, eles desistirem... Eu falei: "Não, quero fazer de todo jeito". Graças a Deus deu tudo certo. Não tudo, porque perdemos a série invicta, mas, pra mim, foi algo muito significativo. Recebi a blusa dos 100 jogos, a placa, fiz gol, homenageei a torcida pela qual eu tenho uma eterna gratidão por tudo que eu vivi.