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Sidrolândia

Justiça obriga Sanesul instalar 2 ligações que garantem abastecimento comunitário na Vila Jatobá

O consumo de toda a comunidade em média gera uma conta mensal de R$ 8 mil, que a maioria paga regularmente.

Flávio Paes/Região News

31 de Maio de 2020 - 19:38

Após dois anos de ocupação (a serem completados no próximo dia 29 de julho), os moradores da antiga esplanada ferroviária, em pleno centro de Sidrolândia, deram o primeiro passo para conquistar água de forma regular, sem necessidade a uma gambiarra, que expõe as famílias a constantes interrupções no abastecimento.

No último dia 6 de abril a juíza Silvia Eliane Tedarti da Silva concedeu liminar numa ação movida pela Defensoria Pública que foi cumprida na última quinta-feira. A audiência de conciliação, marcada para o próximo dia 4, foi cancelada diante da impossibilidade de ser feita por videoconferência. A Defensoria pediu a supressão desta etapa, para a Sanesul contestar a ação.

A estatal instalou o cavalete e o hidrômetro na casa das duas moradoras que entraram com a ação, a aposentada Maria Aparecida, presidente que representa a comunidade e a auxiliar de cozinha, Gislaine Cavalcante Rodrigues. Elas foram escolhidas para receber as ligações na assembleia da comunidade. Os dois cavaletes serão usados de forma comunitária com as demais 130 famílias, que continuarão rateando a conta.

Desde 2018, quando os 10 hectares foram invadidos, inicialmente sob organização da CUT, que no ano seguinte foi praticamente expulsa pela comunidade, recebem água do cavalete instalado na área de um dos posseiros mais antigos, o senhor Jorge, detentor de 4 hectares, loteados e vendidos por ele. O consumo de toda a comunidade em média gera uma conta mensal de R$ 8 mil, que a maioria paga regularmente. Como há inadimplência, a associação usa o saldo de caixa (cada família paga R$ 10,00 todo mês à entidade) e completa o valor necessário para pagar à Sanesul e evitar o corte. Em média, cada morador paga R$ 83,00 de água todo mês.

“O abastecimento vai melhorar bastante. Cada cavalete vai atender 60 famílias. Com um cavalete para as 120, faltava água vez ou outra, além de serem frequentes os problemas de vazamento na rede, que é improvisada”, explica dona Cida, que logo após o fim da pandemia, quando as audiências na Justiça forem retomadas, espera mobilizar seus vizinhos a apresentarem documentação e protocolarem na Defensoria Pública um nova ação para estender a rede de água para toda a comunidade.

Dona Cida assumiu a presidência da Associação em fevereiro, quando o ex-presidente, Valdeir Jardim, de quem vice-presidente, saiu da cidade para não voltar, após receber uma indenização do INSS, além de ser acusado de vender “direitos” de ocupação dos lotes vagos, por valores variáveis entre R$ 10 e R$ 25 mil. Há denúncias, não confirmadas, de que entre os moradores, estão proprietários de imóveis, detentores da posse de vários lotes.