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Saúde

Mato Grosso do Sul vai usar plasma de sangue humano para tratar pacientes de coronavírus

Possíveis participantes são os tratados no Hospital Universitário e no Hospital Regional.

Correio do Estado

14 de Junho de 2020 - 19:15

Mato Grosso do Sul vai usar plasma de sangue humano para tratar pacientes de coronavírus

Mato Grosso do Sul coletará nesta segunda-feira (15) a primeira amostra de sangue para um estudo que pretende avaliar o impacto da transfusão de plasma de pessoas curadas do coronavírus em pacientes internados. A coleta acontecerá no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Mato Grosso do Sul (Hemosul), em Campo Grande.

Conforme divulgado pelo Governo do Estado, o estudo vai trabalhar com a hipótese de que a transfusão de plasma de doador convalescente (pacientes recuperados) da Covid-19 poderá resultar em evolução clínica mais favorável e aumentar a taxa de sobrevida de indivíduos com acometimento grave pela doença.

Para o teste, serão tratados com plasma convalescente 40 pacientes com a forma grave da doença que terão seus desfechos comparados com grupo controle constituído de 80 pacientes com a mesma doença, com características e gravidade clínica semelhante. Cada paciente receberá uma dose aproximada de 10 mL/kg/dia de plasma convalescente (600 mL/dia para os adultos), por 3 dias consecutivos.

Os participantes do estudo serão recrutados dentre os pacientes com infecção grave da Covid-19, tratados no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) e no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS). A alocação aleatória dos envolvidos em dois grupos, controle (tratamento convencional, dito “de suporte”) e experimental (receptores de plasma convalescente), se dará por sorteio eletrônico realizado por pessoa não envolvida no atendimento ao paciente. Pretende-se incluir 40 indivíduos no grupo transfundido e 80 grupo controle, totalizando 120 pessoas.

O estudo é encabeçado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e conta, em MS, com a participação do Hemosul e HR, além de outras instituições, como Humap, Hospital das Clínicas da USP e da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (São Paulo).

Segundo a pesquisadora Patrícia Vieira da Silva, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), não há até o momento terapia específica para a Covid-19, apesar das especulações acerca da possível eficácia de algumas drogas, como a hidroxicloroquina e o remdesivir, entre outras.

“Essa forma de terapia, por meio da infusão de soro ou de plasma, é a única forma de conferir imunidade imediata, até que o próprio organismo afetado tenha tempo de montar a sua própria resposta imune (imunidade adaptativa), que, em regra, leva de alguns dias a algumas semanas, tempo relativamente longo em casos de infecção por microrganismo de maior virulência”, explicou.