Agronegócio
Arroba do boi desvaloriza 16% em um ano e fica abaixo de R$ 250
Valor negociado no mercado físico de Mato Grosso do Sul bateu R$ 246,80 na sexta-feira; no mesmo período do ano passado.
Correio do Estado
29 de Abril de 2023 - 10:00
Mais de um mês já se passou desde a suspensão do embargo chinês às importações brasileiras, mas os preços da arroba do boi gordo seguem em desvalorização. Conforme dados da Granos Corretora, a arroba do boi custava R$ 246,80 na sexta-feira, enquanto no mesmo dia no ano passado o preço era de R$ 295,50.
De acordo com o boletim da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a arroba do boi chegou a bater R$ 308 em abril do ano passado.
O principal motivo da atual queda é a alta na oferta dos animais, conforme o último boletim de pecuária da Famasul.
“Após movimentos de alta, estimulados pelo aumento de demanda para suprir mercado externo e interno, a oferta volta a pesar mais na precificação da arroba, que emite sinais de queda para a segunda quinzena de abril”, detalha o informativo.
O relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, também afirma que, apesar da rápida recuperação dos preços do boi gordo com a volta das exportações para a China, o preço do animal voltou a enfraquecer.
No indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada de São Paulo, a queda entre 24 de março e 20 de abril foi de R$ 13 por arroba, com o animal negociado a R$ 285 por arroba.
“Tal movimentação teve relação, primeiramente, com a boa oferta de gado, fortalecida pelos lotes de animais retidos durante o embargo, que aguardavam a reabertura e, consequentemente, preços melhores. Além disso, do lado da demanda, uma nova queda dos preços de exportação sinalizada na parcial de abril, combinada com a apreciação cambial das últimas semanas, reduziu o apetite dos frigoríficos em reajustar os preços aos pecuaristas”, divulga o relatório.
PRODUTORES
A baixa é mais uma má notícia para os produtores, que desde o início do ano aguardavam finalmente um momento de recuperação do setor.
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, disse ao Correio do Estado que o ano passado já tinha tido um desempenho ruim.
“Era o momento em que o setor estava querendo reagir e não pôde. O ano passado inteiro foi muito ruim, então, a expectativa era para agora. Por isso a ansiedade de poder voltar com as comercializações é grande”, comenta.
O cenário ainda não tem uma previsão concreta de melhora, pelo menos não a curto prazo. O relatório Agro Mensal afirma que a perspectiva é de que a arroba continue em queda no mês de maio.
“A retração na arroba poderá ser potencializada em maio com o encerramento da safra e, normalmente, o volume de animais para abate que se eleva”, alertam as informações do boletim.
SÉRIE HISTÓRICA
Os dados do boletim ainda confirmam que o resultado da avaliação dos preços da arroba mostrou uma real desvalorização já na comparação entre os meses de março de 2022 e março de 2023.
O boletim apresenta que o boi gordo cotado ao valor médio da arroba de R$ 266,62 desvalorizou 12,35% no período.
Nesse intervalo, ainda que abaixo da média de R$ 300, o preço representou uma recuperação após o tempo em que o País ficou impossibilitado de exportar para a China. Com a volta das exportações no fim de março, a precificação foi impactada, de início, positivamente.
Porém, já na primeira quinzena deste mês, entre os dias 3 e 14, foi observado pressão de baixa no preço da arroba, ainda segundo o boletim. Nessa data, o boi gordo foi cotado ao valor médio de R$ 271,83 por arroba, uma queda de 0,91% na comparação com o valor no início de abril, quando a média era de R$ 274,33 por arroba.
Na ponta da cadeia produtiva, a carne bovina apresentou um tímido movimento de queda nos três primeiros meses deste ano. Dados do levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que o preço médio para o quilo da carne bovina em Campo Grande foi de R$ 39,58 em janeiro, R$ 38,78 em fevereiro e R$ 38,66 em março.
Os valores são uma ponderação entre os valores dos cortes mais consumidos em Campo Grande, que são coxão mole, coxão duro e patinho.
MERCADO FUTURO
No início deste ano, o preço da arroba do boi gordo na Bolsa brasileira, a B3, estava próximo dos R$ 300. Conforme reportagem do Correio do Estado, no início de janeiro, a média era de R$ 288.
Nesta sexta-feira, o indicador do boi gordo Esalq/B3 era negociado a R$ 271,40 à vista.
Nos contratos com vencimento para maio deste ano, a arroba era negociada a R$ 264,20, no fechamento desta sexta-feira. Nos contratos para junho deste ano, a arroba do boi era comercializada a R$ 266,35.
Para julho, a arroba era cotada a R$ 269. Já no vencimento para outubro deste ano, o valor da arroba foi de R$ 278.