Brasil
Desmatamento de árvores nativas do Pantanal ameaça preservação da arara-azul
Árvores que servem como casa estão entre as desmatadas
Correio Do Estado
13 de Setembro de 2020 - 19:10
Preservação da arara-azul, um dos símbolos da fauna pantaneira, está sendo prejudicado devido ao desmatamento da flora nativa do Pantanal.
Informação foi apresentada por pesquisadores da Universade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
De acordo com a professora Letícia Couto Garcia, integrante do Laboratório de Ecologia da Intervenção (LEI) e do Instituto de Biologia (Inbio-UFMS), estudos prévios indicam declínio populacional da sterculia apetala, o manduvi, que é uma planta de grande relevância biológica.
“A árvore do manduvi é a espécie escolhida em 90% das vezes pela arara-azul para nidificar, para cavar o buraquinho e fazer seu ninho. Está ocorrendo o declínio populacional dessa espécie e isso provavelmente vai afetar a população das araras-azuis”, explicou.
A palmeira conhecida como acuri também é outra espécia considerada essencial para a sobrevivência da arara-azul e também vem sofrendo com o avanço do desmatamento no Pantanal.
Enquanto o manduvi é a casa, a acuri é a principal fonte de alimentação da ave.
“Cerca de 94% das vezes que ela se alimenta é dos frutos da acuri, a attalea phalerata, que é uma palmeira. Então, a arara-azul é muito dependente dessas duas espécies de vegetais”, afirma Letícia.
Conforme a pesquisadora, o arco do desmatamento abrange o corredor da borda leste do Pantanal, que compreende os municípios de Corumbá, Coxim, Sonora e Rio Verde de Mato Grosso.
Há a população do norte e a do sul da arara-azul, que é dividida pela região do Paiaguás. Para as duas populações se comunicarem, elas precisam dos corredores da borda oeste e o da borda leste, que é o que está no arco do desmatamento.
“Ao mesmo tempo essa região é modelo para a ocorrência dessas três espécies, o manduvi, a acuri e a arara-azul. É uma região que tem grande possibilidade de ser desmatada, mas que é importante como corredor biológico dessas duas populações de arara-azul para que elas mantenham sua diversidade genética. A gente deveria então priorizar essas áreas para conservação e para restauração dessa espécie bandeira do Pantanal, que é a arara-azul”, aponta.
O estudo foi realizado a partir do Acordo de Cooperação entre o Instituto Arara Azul e a UFMS, com colaboração da Embrapa Pantanal