Brasil
Marinha afunda navio que vagou por meses
Navio desativado foi afundado pela Marinha do Brasil na sexta. Estrutura tem 9,6 mi de toneladas.
G1
04 de Fevereiro de 2023 - 11:04
O afundamento pela Marinha, na sexta-feira (3), do antigo porta-aviões São Paulo - depois de passar meses vagando no mar por ser proibido de atracar no Brasil e no exterior - deixa algumas questões ainda sem resposta. A embarcação começou a operar na década de 1960 na Marinha francesa, sendo comprada no ano 2000 pela Marinha brasileira.
O ex-porta-aviões foi para o fundo do oceano, após um longo impasse que durou vários meses e começou quando o Ministério do Meio Ambiente da Turquia se recusou a receber a carcaça do navio e devolveu a embarcação para o Brasil.
No entanto, o navio foi barrado no país por conter, entre outros poluentes, amianto, substância com potencial tóxico e cancerígeno. A Marinha decidiu afundar o porta-aviões, medida que foi alvo de questionamentos do Ministério Público Federal e do Ibama.
O que se sabe sobre o caso
- O porta-aviões São Paulo foi adquirido pela Marinha do Brasil no ano 2000, por US$ 12 milhões;
- Por ser um navio da década de 1960, possuía em sua estrutura substâncias tóxicas que não eram proibidas na época em que foi construído. Uma delas é o amianto;
- A embarcação afundada na sexta (3) tem 9,6 toneladas de amianto em sua estrutura;
- O casco do antigo navio também conta com 644 toneladas de tintas e outros materiais perigosos;
- A decisão de afundar o antigo navio foi tomada após a Marinha identificar danos considerados irreparáveis na estrutura do navio danificado.
Segundo a Marinha, em laudo divulgado na decisão da Justiça Federal que autorizou o naufrágio, as condições do antigo porta-aviões eram assim:
- Havia um buraco de de 5 metros por 2 metros parcialmente imerso no lado esquerdo (bombordo);
- Existia outro buraco de 0,3 metro por 0,3 metro na altura da linha d'água, que estava parcialmente imerso no lado esquerdo (bombordo);
- Também foi identificado um buraco circular de aproximadamente 0,08 metro, também do lado esquerdo (bombordo), parcialmente imerso na altura da linha d'água e na parte de trás da embarcação (popa);
- A embarcação desativada tinha buracos nas chapas externas do porta-aviões desativado, causados por corrosão decorrente de oxidação no metal;
- 2.787 metros cúbicos de água já haviam entrado nos compartimentos internos da embarcação;
- O navio estava visivelmente inclinado para a esquerda;
Sabe-se ainda que
- O porta-aviões desativado São Paulo foi levado para uma região a 350 quilômetros da costa brasileira, em águas jurisdicionais brasileiras
- O local tem aproximadamente 5 mil metros de profundidade
- A Marinha do Brasil afundou o ex-porta-aviões São Paulo na sexta (3), após segunda decisão da Justiça Federal autorizando o procedimento.
O que falta saber sobre o afundamento do antigo porta-aviões
- Como a embarcação desativada foi naufragada pela Marinha?
- Qual foi o custo da operação de afundamento do antigo navio?
- Em quanto tempo o ex-porta-aviões submergiu no fundo do Oceano Atlântico?
- As autoridades brasileiras vão acompanhar os possíveis danos ambientais provocados pelo naufrágio?
- Por que houve demora para decidir sobre a destinação do navio desativado?
- Houve negligência no procedimento de aposentadoria do navio? Se a decisão de desativar o navio tivesse sido tomada anteriormente, haveria tempo hábil de realizar o "desmanche verde"?
- Que medidas serão tomadas pela Marinha em relação à compradora do navio?
- Alguém será responsabilizado pelos prejuízos financeiros e ambientais decorrentes de todo o processo?
- Que riscos ambientais passam a fazer parte da realidade do ecossistema marinho a partir do afundamento do navio desativado com materiais tóxicos?