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Brasil

"O descaso com a Sophia permanece", diz pai afetivo da menina sobre demora

Há três meses o caso está parado por falta de relatório.

Correio do Estado

21 de Agosto de 2023 - 17:00

"O descaso com a Sophia permanece", diz pai afetivo da menina sobre demora

Lutando por justiça desde as primeiras tentativas de  denunciar os maus-tratos sofridos por Sophia Ocampo, morta aos dois anos de idade, o pai da menina, Jean Carlos Ocampo e seu marido Igor de Andrade, considerado pai afetivo da vítima, agora sofrem com a lentidão do processo judicial sobre o  caso.

Parado há três meses por falta do relatório pericial das mídias encontradas nos celulares de Stephanie de Jesus da Silva e de Christian Leitheim, réus pelo crime, o processo não tem data prevista para voltar a tramitar, já que nada pode ser feito enquanto este documento não for anexado com os outros já existentes.

Ao Correio do Estado, Igor disse que a demora é mais uma atitude de descaso da Justiça sul-mato-grossense com o caso da menina, que já tinha sido negligenciada anteriormente tanto pelo judiciário quanto pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), que é responsável pela perícia, bem como COnselho Tutelar Municipal.

"Na nossa visão o que falta é força de vontade. Toda essa demora só confirma o que sempre falamos sobre o descaso. Para eles a Sophia foi apenas mais uma vítima, mas, nós sentimos a dor todos os dias", disse Igor, ressaltando que sempre lutaram para que a guarda da criança fosse passada para o casal,  já que era evidente que ela sofria vivendo com a mãe e o padrasto.

Ainda de acordo com Igor, a lentidão de dar seguimento ao caso pode ser uma estratégia adotada para que o crime caia no esquecimento e esse seria apenas mais um dos transtornos que o casal está passando pela indiferença dos órgãos que trabalham na investigação.

"O descaso só permanece: antes, durante e depois", desabafou, acrescentando que ele e Jean estão apenas sobrevivendo e tentando manter a cabeça no lugar por meio do trabalho.

Igor também adiantou que está organizando, junto com Jean, um novo protesto para cobrar resposta ao crime que matou a filha.

"Lutaremos até que tudo esteja resolvido, os autores e os co-autores sejam penalizados.", concluiu.

DEMORA NO RELATÓRIO 

Conforme já divulgado pelo Correio do Estado, o processo judicial a respeito da morte da menina Sophia, de apenas dois anos, não teve qualquer encaminhamento desde a última audiência no caso, realizada há três  meses.

Verificando os registros virtuais por meio do sistema do Judiciário (E-saj) é possível notar que o prazo para juntar o relatório de perícia se esgotou no dia 10 de agosto, contudo, nenhuma providência foi tomada para dar continuidade na solicitação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP/MS), que foi quem pediu para que uma análise detalhada fosse realizada nos celulares dos réus.

O pedido foi feito na audiência de três meses atrás, quando foram ouvidas as testemunhas de defesa de Stephanie e Christian. Ambos seriam ouvidos nesta mesma ocasião, contudo, o juiz encerrou a oitiva para que a solicitação ministerial fosse atendida, já que os aparelhos telefônicos podem conter provas essenciais para a acusação ou defesa dos investigados.

Agora, resta apenas o juiz ouvir os réus para que a fase de instrução criminal seja encerrada, mas ainda não tem data para acontecer, uma vez que o juiz só pode marcar nova audiência é necessário que o relatório esteja anexado com as outras partes da ação.

Além dos investigados, o juiz responsável pelo caso intimou para depoimentos as médicas que atenderam Sophia, quando ela chegou já sem vida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Coronel Antonino.