CAMPO GRANDE
Capital tem 7 de Setembro com 15 mil pessoas, sem prefeita e com confusão
Com não comparecimento pela primeira vez, governador rouba cena.
Correio do Estado
08 de Setembro de 2023 - 10:15
A prefeita Adriane Lopes (PP) não compareceu ao evento que comemora o Dia da Independência do Brasil, algo inédito desde que Campo Grande é capital de Mato Grosso do Sul. Com a ausência, o governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), passou em revista a tropa de militares para a abertura do desfile, que contou com cerca de 15 mil pessoas.
Um dos motivos que pode ter levado ao não comparecimento da prefeita no desfile foi a convocação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para boicotar as solenidades do 7 de Setembro.
Adriane faz parte do partido da senadora Tereza Cristina, que representa o Estado no Senado e foi ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por três anos e meio no governo Bolsonaro.
Eduardo Riedel acompanhou todo o desfile acompanhado de diversas autoridades, como o general do Exército Luiz Fernando Estorilho Baganha, do Comando Militar do Oeste (CMO), o comandante da Base Aérea de Campo Grande (BACG), brigadeiro do ar Eric Brevigleri, e o comandante do 6° Distrito Naval, o contra-almirante Iunis Távora Said.
No início do evento, o governador ainda passou a tropa militar em revisto com o comandante do CMO, para abrir o desfile. Em entrevista, Riedel classificou o momento como um ato cívico e um direito de todos os brasileiros. O chefe do Executivo afirmou que ficou contente pelo momento, já que foi “um desfile bonito e tranquilo, como deve ser”.
Eduardo Riedel também destacou que o 7 de Setembro é um momento de celebrar os 201 anos da Independência do País. “Acima de tudo, este é um ato cívico, um momento para celebrar essa data da nação brasileira”, afirmou.
BOICOTE
Além da prefeita, entre os políticos do Estado que empunham a bandeira do patriotismo, mas não compareceram às celebrações do Dia da Independência do Brasil em Campo Grande, estão os deputados estaduais Coronel David (PL), João Henrique Catan (PL) e Rafael Tavares (PRTB).
Em suas redes sociais, Catan e Tavares afirmaram que aderiram ao movimento bolsonarista, que pedia para que ontem as pessoas ficassem em casa como forma de boicote ao governo do presidente Lula.
Ambos os deputados compartilharam imagens do desfile em Brasília e comentaram que estava “vazio”, afirmando que as pessoas não compareceram em massa por não apoiarem o atual governo federal. No entanto, imagens diretas da transmissão do desfile na capital brasileira apontam o contrário.
Com o tema “Democracia, Soberania e União”, o atual governo federal não usou a data da Independência do Brasil para discursos políticos ou promoção da própria imagem, trazendo de volta o foco do discurso para o País, em contraponto ao que houve nos últimos anos.
Em 2022, o tradicional desfile cívico-militar de 7 de setembro reuniu aproximadamente 4,2 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, no centro de Campo Grande, após dois anos sem a realização do evento em função da pandemia de Covid-19.
A maioria do que compareceram era de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que trajavam verde e amarelo, empunhavam bandeiras ou traziam consigo itens que continham o nome ou a foto do presidente, como camisetas e bonés.
CONFUSÃO
Durante a tradicional manifestação do Grito dos Excluídos, que ocorreu após o desfile militar, em Campo Grande, houve uma confusão com a Polícia Militar (PM). Ao fim do desfile da Independência, os manifestantes que estavam em cima de um carro elétrico a caminho da Avenida Afonso Pena, liderados pela CUT, foram barrados pela Cavalaria da PM.
Houve protestos, por parte dos manifestantes, sobre um possível boicote ao Grito dos Excluídos quando a PM tentou impedir a passagem do grupo, porém, o tumulto durou apenas alguns minutos, e ocorreu a liberação do cercado para que os manifestantes seguissem seu trajeto normalmente.
Após a tentativa de barrar os manifestantes, a assessoria do deputado estadual Pedro Kemp informou à reportagem do Correio do Estado que o secretário de Estado Eduardo Rocha, da Casa Civil, ligou pedindo desculpas pelo ocorrido em nome do governador Eduardo Riedel.
O parlamentar fez um pronunciamento em suas redes sociais, alegando que a Polícia Militar tentou impedir que os manifestantes passassem em frente ao palanque onde se encontravam as autoridades presentes no desfile.
A polícia justificou que seguia o protocolo do encerramento do desfile e, por isso, não podia liberar o acesso naquele momento.
DESFILE
Esse é o 201° aniversário da Independência, que contou com desfile de cerca de quatro mil pessoas, de oito escolas públicas, cinco projetos sociais e entidades militares.
A população campo-grandense chegou cedo para acompanhar o desfile do 7 de Setembro. Mesmo antes das 8h, adultos e crianças lotavam as calçadas da Rua 13 de Maio em praticamente toda a extensão, inclusive nas esquinas depois da Rua 15 de Novembro. A cerimônia teve início às 8h10min, com a revista à tropa militar.
A professora Lucila Aparecida Silva, de 47 anos, compareceu ao desfile e comentou que acompanha as comemorações do 7 de Setembro desde criança.
“O brasileiro tem de olhar para sua terra, seu país, sua cidade, e não ficar somente nas ideias que uma pessoa colocou para você. Você tem de ter seus próprios ideais. Na minha opinião política, como cidadã brasileira, não é um presidente, não é um prefeito, não é um governador que põe as suas ideias, e sim nós, cidadãos, que devemos colocar as nossas políticas”, argumentou Lucila Aparecida. (Colaborou Ana Clara Santos)