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CAMPO GRANDE

Imóveis em Campo Grande são mais caros que nas melhores praias do País

Pesquisa aponta que casas nos mesmos moldes chegam a custar R$ 5,5 milhões na Capital e R$ 3,4 milhões em praia de Florianópolis.

Correio do Esatado

16 de Setembro de 2023 - 08:53

Imóveis em Campo Grande são mais caros que nas melhores praias do País
Um apartamento com 123 m² no Bairro Vivendas do Bosque é anunciado por R$ 1,650 milhão, enquanto em Jurerê, a poucos metros da praia, um imóvel com 120 m² é comercializado por R$ 1,690 milhão - Foto: Gerson Oliveira

O aumento do custo do metro quadrado de imóveis residenciais deixou propriedades em Campo Grande com valores superiores aos de imóveis localizados em regiões litorâneas do País.

Levantamento do Correio do Estado em plataformas de venda de imóveis aponta que uma casa nos mesmos moldes custa R$ 5,5 milhões em bairro da Capital e R$ 3,4 milhões na Praia de Jurerê, em Florianópolis (SC).

A reportagem usou como base os preços anunciados no Zap Imóveis e no Viva Real e propriedades com os mesmos padrões. Um apartamento com 123 m² no Bairro Vivendas do Bosque é anunciado por R$ 1,650 milhão, enquanto em Jurerê, a poucos metros da praia, um imóvel com 120 m² é comercializado por R$ 1,690 milhão.

Outro exemplo é um apartamento com 136 m² localizado no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, ofertado ao mercado por R$ 1,690 milhão. Por um pouco menos, R$ 1,650 milhão, é possível adquirir um imóvel com 145 m² na Praia da Pajuçara, em Maceió (AL) ou, ainda, com R$ 1,360 milhão, pode-se comprar um apartamento com 181 m² em Cabo Branco, em João Pessoa (PB).

Já em relação às casas, os custos são mais elevados. Em um condomínio no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, uma residência nova com 349 m² custa R$ 5,250 milhões, enquanto um imóvel com 512 m² em condomínio localizado na Praia de Jurerê custa R$ 4,950 milhões.

Residência com 395 m² no Chácara Cachoeira é comercializada a R$ 5,500 milhões, e uma com 480 m² em Florianópolis é vendida a R$ 3,440 milhões.

A corretora Digiany Godoy, do escritório Itamar Godoy, aponta que há uma discrepância entre os valores praticados em Campo Grande e em outras cidades do País. “Essa valorização não é compatível com a economia de uma forma geral, com o poder de compra e nem com a oferta de crédito”, pondera.

METRO QUADRADO

Levantamento da Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe), por meio do índice FipeZap, corrobora com a perspectiva de que os preços em Campo Grande estão acima dos de cidades litorâneas.

O custo médio do metro quadrado na capital sul-mato-grossense é de R$ 5.700, enquanto na Praia Grande, cidade litorânea do estado de São Paulo, o valor médio é de R$ 5.455, uma diferença porcentual de 4,49% entre os preços.

Considerando as regiões, os preços da Capital se aproximam de bairros à beira-mar em destinos bem conceituados. O metro quadrado na região Prosa (que inclui Chácara Cachoeira e Carandá) custa R$ 8.350, em média.

Nas praias de Altiplano Cabo Branco, em João Pessoa, o metro quadrado custa R$ 7.667. Em Jatiúca e Ponta Verde, em Maceió, o custo do metro quadrado é de R$ 8.930 e R$ 8.850, respectivamente.

Com valores similares aos da Capital, destacam-se locais como o bairro litorâneo da Barra, em Salvador (BA), com custo médio por metro quadrado de R$ 8.361.

Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Mato Grosso do Sul (Creci-MS), Eli Rodrigues, a alta dos preços do metro quadrado não é percebida como um aspecto negativo para o setor.

“O mercado imobiliário segue com o movimento dentro da normalidade, em estabilidade. A valorização dos imóveis condiz com a realidade. O aumento do custo de construção tem sido repassado ao consumidor final, como altas de materiais e da mão de obra, além da própria valorização do local em razão do desenvolvimento”, diz Rodrigues.

VERTICALIZAÇÃO

Os imóveis voltados para moradia em edifícios têm se destacado em Campo Grande nos últimos anos. Com uma série de canteiros de obras espalhados pela cidade, os negócios aparentemente não sofrem com os preços e os juros elevados em uma economia ainda em recuperação.

Ao Correio do Estado, o diretor da Plaenge, Édison Holzmann, afirma que a valorização do metro quadrado é uma situação neutra para o mercado.

“Isso é uma consequência que ainda estamos sofrendo do grande aumento de custos que a construção civil experimentou no pós-pandemia. Enxergamos como uma acomodação do mercado”, relata.

Contrapondo-se à visão mais otimista, corretora há mais de uma década, Digiany ressalta que tem percebido uma preferência por condomínios verticais, mas, segundo ela, o momento não é o mais favorável para vendas. “Estamos vivendo uma visível baixa de mercado, comparada a outros momentos”, afirma.

Quando o assunto são os imóveis comercializados ainda na planta, a profissional do mercado imobiliário analisa negativamente a opção. “Se a conta for feita na ponta do lápis, chegaremos à conclusão que está mais caro comprar, e isso pode levar a aumentos também nas rescisões”.

LEVANTAMENTO

O índice FipeZap ainda aponta que, em 48 das 50 cidades pesquisadas pelo índice, Campo Grande aparece com valorização porcentual de 9,09% neste ano, ficando atrás somente de Maceió (11,23%).

Na análise dos últimos 12 meses até agosto, 49 das 50 cidades monitoradas registraram aumentos nos preços em suas respectivas localidades, e Campo Grande aparece com aumento de 15,35%, atrás de Maceió, com 17,58%, e Goiânia, com 15,45%.

O relatório ainda traz o retrospecto de variação do índice anual que mede o preço médio de venda de imóveis residenciais dos últimos cinco anos, no qual Campo Grande aparece com substancial valorização, com exceção ao ano de 2019, quando os valores médios do metro quadrado no município apresentaram queda de 1,40%.

Em 2020, o aumento registrado na pesquisa foi de 5,91%, em 2021, de 5,97% e, em 2022, de 14,03%, quase o triplo do ano imediatamente anterior. Neste ano, o metro quadrado já regista aumento acumulado de 15,35%.

Digiany ressalta que o aumento do valor do metro quadrado superou a inflação nos últimos anos. “Isso reflete, em um primeiro momento, em redução de compra e pode levar a uma economia improdutiva, já que o consumidor fica menos disposto a investir”, explica a corretora.