Coronavírus
Variante indiana foi detectada em mais de 50 territórios
Relatório da organização aponta que a cepa B.1.617 é mais contagiosa e diminuiu a eficácia de vacinas.
G1
26 de Maio de 2021 - 07:40
A variante indiana do novo coronavírus, a B.1.617, já foi oficialmente detectada em 49 países e 4 territórios, segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) publicado nesta quarta-feira (26). São 8 novas áreas em relação ao boletim da semana passada (veja a lista no final do texto).
A organização também afirmou já ter recebido informações, de fontes não oficiais, indicando que a variante B.1.617 foi encontrada em mais 7 países e territórios, incluindo nações que são referência no combate à pandemia, como China e Nova Zelândia, o que eleva o total de áreas afetadas para 60.
O documento aponta que a cepa B.1.617 é mais contagiosa e diminui a eficácia das vacinas da Pfizer e de Oxford/AstraZeneca, mas ainda é investigado se ela está relacionada a quadros mais graves de Covid-19 e se ela aumenta o risco de reinfecção (veja mais abaixo).
Até o momento, a OMS classifica 4 cepas como "variantes de preocupação" (conhecidas pela sigla VOC): a britânica (B.1.1.7), a sul-africana (B.1.351), a brasileira (P.1) e indiana (B .1.617).
"A evolução do vírus é esperada e, quanto mais o SARS-CoV-2 circula, mais oportunidades ele tem de evoluir", alerta o relatório. "Reduzir o contágio por meio de métodos de controle de doenças estabelecidos e comprovados é parte essencial da estratégia global para reduzir as mutações que têm implicações negativas na saúde pública".
A variante indiana
A variante indiana B.1.617 possui três sub-linhagens, com pequenas diferenças (B.1.617.1, B.1.617.2 e B.1.617.3), que foram descobertas entre outubro e dezembro de 2020.
As três apresentam mutações importantes nos genes que codificam a espícula, a proteína que fica na superfície do vírus e é responsável por conectar-se aos receptores das células humanas e dar início à infecção. Entre as alterações, a E484Q tem similaridades com a E484K, alteração encontrada nas variantes sul-africana e brasileira.
Até o momento, cientistas ainda não conseguiram estabelecer sobre a variante indiana:
- A sua real velocidade de transmissão e o quanto ela é mais transmissível;
- Se a variante está relacionada a quadros de Covid-19 mais graves, que exigem internação e intubação
- Se ela aumenta o risco de reinfecção (a OMS já aponta uma "possível modesta redução na atividade de neutralização")
No Brasil, a variante indiana foi confirmada em tripulantes que chegaram em um navio que saiu da Malásia. Há casos suspeitos em outros estados também, como no Ceará e no Pará.
Segundo o boletim semanal da OMS, as "taxas de ataque" da sub-linhagem B.1.617.2 da variante indiana parecem ser superiores às da variante britânica (a B.1.1.7). "Novas evidências estão surgindo de que as taxas de ataque para a variante B.1.617.2 relatadas no Reino Unido entre 29 de março e 28 de abril de 2021 foram superiores ao da B.1.1.7", diz o documento.
A sub-linhagem B.1.617.2 também reduz a eficácia das vacinas da Pfizer e de Oxford/AstraZeneca, mas os imunizantes ainda são "altamente efetivos", segundo estudo preliminar (veja mais abaixo).
Impacto nas vacinas
As vacinas da Pfizer/BioNTech e de AstraZeneca/Oxford são "altamente efetivas" contra a sub-linhagem B.1.617.2 da variante indiana, segundo um estudo preliminar divulgado no sábado (22). A conclusão da agência de saúde pública da Inglaterra. O artigo ainda não passou por revisão de outros cientistas e não foi publicado em revista científica.
A pesquisa feita entre 5 de abril e 16 de maio mediu o quanto cada vacina conseguiu reduzir casos sintomáticos de Covid-19 causados pela B.1.1.7 (variante britânica) e pela B.1.617.2.
As principais conclusões foram:
- A vacina da Pfizer/BioNTech teve uma efetividade de 88% contra casos sintomáticos de Covid-19 causados pela variante indiana (B.1.617.2) duas semanas após a segunda dose. Em relação à variante britânica (B.1.1.7), a efetividade foi um pouco maior: 93%.
- A vacina de Oxford/AstraZeneca teve 60% de efetividade contra casos sintomáticos de Covid-19 causados pela variante indiana (B.1.617.2) após a segunda dose. Em relação à variante britânica (B.1.1.7), a efetividade também foi um pouco maior: 66%.
- Ambas as vacinas tiveram 33% de efetividade contra casos sintomáticos de Covid-19 causados pela variante indiana (B.1.617.2) após a primeira dose. Em relação à variante britânica (B.1.1.7), a efetividade de ambas era de 50%.
"Esperamos que as vacinas sejam ainda mais efetivas na prevenção de hospitalização e morte", afirmou a chefe de imunização da agência de saúde pública da Inglaterra e autora sênior do estudo, Mary Ramsay.
"Por isso é vital receber ambas as doses para obter proteção máxima contra todas as variantes existentes e emergentes", destacou Ramsay.
Países com a variante indiana
A OMS diz que a variante indiana já foi detectada oficialmente em ao menos 49 países e 4 territórios. Veja todos abaixo:
- África do Sul
- Alemanha
- Argélia *
- Argentina
- Aruba (território ultramarino holandês no Caribe)
- Áustria
- Bahrein
- Bangladesh
- Bélgica
- Botsuana *
- Brasil *
- Canadá
- Curaçao * (território ultramarino holandês no Caribe)
- Dinamarca
- Eslovênia
- Espanha
- Estados Unidos
- Finlândia *
- França
- Gana *
- Grécia
- Guadalupe (departamento ultramarino francês no Caribe)
- Holanda
- Índia
- Indonésia
- Irlanda
- Israel
- Itália
- Japão
- Jordânia
- Luxemburgo
- Malásia
- México
- Nepal
- Noruega
- Panamá
- Polônia
- Portugal
- Quênia *
- Reino Unido
- República Democrática do Congo
- República Tcheca
- Romênia
- Rússia
- Singapura
- Sint Maarten (território ultramarino holandês no Caribe)
- Sri Lanka
- Suécia
- Suíça
- Tailândia
- Uganda
- Vietnã
- Zimbábue *
* Países que confirmaram casos da variante indiana nesta semana
A organização diz já ter recebido informações, de fontes não oficiais, indicando que a variante indiana já foi encontrada em 7 outros países e territórios. São eles:
- Austrália
- Camboja
- Coreia do Sul
- China
- Filipinas
- Nova Zelândia
- Reunião (departamento ultramarino francês no Oceano Índico)