Economia
Assentados garantem R$ 9 milhões de faturamento com venda de hortigranjeiros
Ano passado foram escoadas 1.143.734,8 toneladas, resultando num faturamento bruto de R$ 4,6 milhões.
Redação/Região News
26 de Março de 2024 - 08:50
Mesmo enfrentando problemas de logística, sem acesso a linhas de crédito, um grupo de 175 pequenos produtores está conseguindo um faturamento bruto anual de R$ 9.253.244,13, em média R$ 771.103,67 por mês, valor que se fosse dividido de forma igualitária, daria para cada um R$ 1.619,00.
Segundo o secretário Municipal de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Edno Ribas, a Prefeitura tem fomentado a horticultura custeando o transporte de insumos (calcário, cama de frango, defensivos agrícolas) e o escoamento da produção até a Ceasa em Campo Grande onde é feita a comercialização.
Ano passado foram escoadas 1.143.734,8 toneladas, resultando num faturamento bruto de R$ 4,6 milhões. Só em janeiro os dois caminhões que fazem o transporte trafegando 3.959 quilômetros.
Um dos líderes deste grupo é José Sidmar Pereira, do Assentamento Alambari, há 10 anos se dedica a produção de hortaliças e legumes. Metade do lote é ocupado pelos canteiros da horta irrigados.
Iniciou na atividade após concluir que a pecuária leiteira tem baixa lucratividade. Depois de calcular que metade do lucro ficava com os atravessadores, resolveu ele próprio assumir a entrega e a venda da produção em Campo Grande.
Fez parceria com a Prefeitura que cedeu o caminhão e banca combustível de até três viagens semanais que faz até o Ceasa trazendo e vendendo a produção de 40 produtores dos assentamentos vizinhos ao seu (Nazareth, Eldorado 1, Eldorado FAF e Eldorado 2).
Em algumas viagens chega a transportar 400 caixas. Nesta segunda-feira (25), por exemplo, levou de um produtor 96 caixas de couve. Ano passado este grupo faturou R$ 4.488.547,98.
Enfrenta uma rotina pesada de trabalho. Além de cuidar da sua própria horta, na véspera dos dias que leva produção para Campo Grande, a partir das 4 da tarde começa a percorrer os pontos de coleta. Este serviço termina por volta das 10 da noite quando parte para a Ceasa onde pernoita e acorda por volta das 3 horas da madrugada quando começa a comercialização.
No retorno, leva encomendas como defensivos agrícolas que é um maior necessário para o controle de pragas que migram das lavouras de soja e milho cultivados nos lotes vizinhos arrendados para grandes produtores. "É praticamente impossível ter uma horta 100% orgânica", explica.
Um dos entraves para ampliar a produção é que a maioria dos horticultores é a falta de acesso às linhas de crédito do Pronaf. A maioria dos produtores não são os donos originários dos lotes, adquiriram o direito de posse dos contemplados com a reforma agrária.
Assentado no Nazareth, onde mora com os pais , Bruno Rodrigues , há dois anos deixou Campo Grande onde era empreendedor, foi dono de lanchonete, ultimamente trabalhava no reparo de fechadura. Hoje tem 2 hectares de horta que lhe garante uma renda mensal de dois a três salários mínimos .
Outro segmento é o dos 30 produtores que comercializam nas duas feiras livres realizadas semanalmente (a Feira do Triângulo, as quartas-feiras e no Brizolão, aos sábados). Pelos cálculos da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, estes feirantes têm um faturamento médio de R$ 1.400,00 por semana.
No grupo estão assentados como Eusébio Simioni, que tem 6 hectares de horta no Eldorado CUT e há uma década vende sua produção de alface, salsinha e cebolinha nas feiras.