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Economia

Confiança em alta e queda dos juros e da inflação vão impulsionar o varejo

Correio do Estado

28 de Setembro de 2023 - 08:33

Confiança em alta e queda dos juros e da inflação vão impulsionar o varejo
Comércio estadual projeta crescimento nas vendas em comparação com o fim do ano passado - GERSON OLIVEIRA.

Com o corte na taxa básica de juros, a queda da inflação oficial e o aumento da confiança dos consumidores, o comércio varejista de Mato Grosso do Sul projeta um cenário mais otimista para este fim de ano. Empresários e representantes do segmento esperam resultado melhor do que o visto em 2022.

Relatório da consultoria Virtual Gate mostra que a queda no fluxo de clientes nas lojas vem perdendo a força, apesar de continuar no negativo. Passou de um recuo de 5,8% de abril a junho para uma queda de 1,7% de julho a setembro, na comparação com o ano passado.

Em Mato Grosso do Sul, representantes do varejo esperam uma elevação do consumo para este fim de ano, conforme o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Renato Paniago. 
“Avaliamos que o cenário econômico para o fim do ano pode ser mais positivo em relação ao mesmo período de 2022, visto que, no ano passado, o contexto político das eleições impactou o empresariado”.

Para o proprietário da Beco Acessórios, Djalma Santos, as expectativas são positivas para o fim do ano no comércio de Campo Grande, com chances de superar as vendas e salvar 2023, inclusive aumentar as contratações.

“A partir de novembro, deve começar o movimento para a abertura de novas vagas e vamos acompanhar a necessidade conforme o crescimento das vendas que é aguardado para o fim de ano”.

Paniago destaca que, para a projeção ser confirmada, será necessário haver uma maior redução da taxa Selic e que a queda desse indicador seja efetivamente adotada pelas instituições financeiras.

“Para que o crédito fique mais barato e os empreendedores utilizem esse incentivo para produzir e fazer novos investimentos, o que elevará o consumo, estimulando a atividade econômica”, afirma.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,50 p. p., saindo de 13,25% para os atuais 12,75%. Na ocasião, o Banco Central (BC) indicou que a trajetória de redução deve ser mantida até o fim do ano, com projeção de chegar a 11,75%. Para 2024, o Boletim Focus indica patamar de 9%.

CONSUMO

A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio de Mato Grosso do Sul (IPF-MS), Regiane Dede de Oliveira, explica que a redução na taxa Selic reflete no acesso ao crédito e, consequentemente, no consumo.

“Por parte dos consumidores, isso acaba gerando um movimento maior no comércio, e a retomada no varejo é importante para movimentar a economia, trazendo renda para a população”.

Regiane ainda destaca que o aumento na intenção de consumo das famílias nos últimos meses também eleva a expectativa positiva para os próximos meses.

A pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou novo aumento este mês, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O indicador mostra que em setembro foram registrados 105,8 pontos, ante os 104,9 do mês anterior. A pesquisa aponta que acima de 100 pontos o cenário é positivo.

“Os planos recentes de reintrodução das pessoas que estavam com restrição de crédito na economia, que permitiram melhores condições de renegociação das dívidas, podem ter dado um alívio a boa parte das famílias”, cita.

O número de inadimplentes em Mato Grosso do Sul apresentou um leve recuo, após vários meses seguidos de aumento, passando de 1,045 milhão de pessoas negativadas em julho para 1,044 milhão em agosto deste ano.

Mesmo com a queda irrisória, o cenário é visto como indicativo de futuros cortes na lista de inadimplentes, como foi apontado pelo Correio do Estado em edição publicada no dia 20 deste mês.

No País, o índice de confiança do consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontou melhora sequencial entre maio e agosto, momento em que atingiu o maior nível desde fevereiro de 2014.
Outro fator citado pelos representantes do setor é o maior controle da inflação oficial. De acordo com o parecer de analistas do mercado econômico para o Boletim Focus, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, caminha para fechar o ano em 4,93%. Em 2022, o IPCA fechou em 5,8%.