Economia
Construção só sentirá corte no Minha Casa, Minha Vida em 2012
O programa Minha Casa Minha Vida foi lançado em 2009 e se tornou a principal vitrine de campanha à sucessão presidencial.
Agência do Estado
03 de Março de 2011 - 09:00
Os impactos do corte anunciado pelo governo federal no programa Minha Casa, Minha Vida devem ocorrer no setor da construção civil somente a partir do próximo ano, segundo avalia a coordenadora de projetos da construção da FGV Projetos, Ana Maria Castelo.
"Os reflexos no nível de emprego, no ritmo de construção de moradias e no próprio programa podem ser sentidos somente a partir de 2002. Isso porque o governo manteve a meta de construir 2 milhões de unidades", afirma.
O programa Minha Casa Minha Vida foi lançado em 2009 e se tornou a principal vitrine de campanha à sucessão presidencial.
Para uma avaliação mais detalhada dos efeitos do corte de R$ 5 bilhões para o programa, uma das medidas anunciadas dentro do pacote de redução de despesas do Orçamento, a consultora considera que devem ser aguardadas a votação da segunda fase do MCMV no Congresso e também a revisão do valor de imóveis subsidiados na faixa de 0 a 3 salários mínimos.
"Os R$ 9 bilhões contratados do Minha Casa, Minha Vida para 2011 já foram aprovados e serão desembolsados. A previsão das entregas para este ano estão mantidas, e o mercado vai continuar construindo com recursos da poupança e do FGTS, o que garante o nível de atividade e de emprego neste ano", afirma.
A contenção de R$ 5 bilhões nos repasses do governo para o programa MCMV representa 40% de redução no projeto com isso, passa de R$ 12,7 bilhões para R$ 7,6 bilhões.
DEFICIT HABITACIONAL
Para a especialista, os impactos do corte de recursos para o programa sobre o déficit habitacional ainda são "difíceis" de serem mensurados.
O déficit habitacional no Brasil atingiu 5, 808 milhões de famílias em 2009, ou 9,3% do total. O número ficou quase estável em relação a 2008, quando a carência por moradia atingiu 5,799 milhões de famílias.
O déficit habitacional é formado pela soma das famílias que vivem sob o mesmo teto, mas têm intenção de mudar (coabitação) e por aquelas que vivem em moradias inadequadas (cortiços, favelas) nessa condição há 3, 531 milhões de famílias.
Quase um terço dos domicílios considerados inadequados são habitados por famílias com renda mensal entre 1 e 2 salários mínimos. E 78% estão concentrados na faixa de até três mínimos.
Os dados fazem parte de estudo da FGV Projetos realizado para o SindusCon-SP (que reúne a indústria da construção paulista), divulgado com exclusividade pela Folha em novembro do ano passado. Foram usadas informações da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009, do IBGE, as mais recentes que estavam disponíveis.