Economia
Energia elétrica pode ficar até 20% mais barata com livre negociação
Correio do Estado
06 de Março de 2024 - 09:53
Com 1,4 mil unidades de média e alta-tensão, o chamado grupo A em Mato Grosso do Sul poderá economizar entre 18% e 20% na fatura ao optar pelo mercado livre de energia e realizar a escolha do fornecedor do serviço de energia elétrica.
Conforme a (re)energisa, marca do Grupo Energisa que realiza a transição energética, no Estado, mais de 180 unidades consumidoras já indicaram que querem fazer a migração do chamado mercado cativo para o mercado livre. O número pode subir, visto que a ampliação da abertura de mercado dá oportunidade para clientes com fatura média de R$ 10 mil por mês optarem pela modalidade.
O mercado livre de energia nasceu em 1999 e passou por diversas mudanças ao longo dos anos. “Era destinado somente para unidades de nova potência de no mínimo 5.000 quilowatts-hora [kWh] e, por último, foi para o mínimo de 500 kWh. A novidade deste ano é que todos que integram o grupo de alta-tensão, que têm 75 kWh, poderão optar pela modalidade”, detalha o presidente da Energisa MS, Marcelo Vinhaes.
Ele explica ainda que o movimento vem para atender a uma demanda antiga dos consumidores, que é adquirir o serviço energético de forma individual. “Isso é o que eles vão ter agora, então, todo mundo que for de alta-tensão poderá comprar energia de quem quiser”, relata o presidente da Energisa MS, acrescentando que o próximo passo é a liberação para todos os consumidores, situação que deve ocorrer entre 2026 e 2028.
A vice-presidente de Soluções Energéticas do Grupo Energisa e líder da (re)energisa, Roberta Godoi, ressalta que muitos clientes firmaram contratos durante 2023. “Nós, inclusive, fechamos muitos contratos, mas só poderíamos migrar clientes a partir do dia 1º de janeiro de 2024”.
A (re)energisa destaca que, desde o início do ano, todos os consumidores de energia de alta e média tensão podem escolher seu fornecedor de energia e, com a flexibilidade de negociar preços, proporcionar economia de até 30% na conta. A ação promete beneficiar os clientes que desejam sair do mercado cativo para aproveitar o momento para economizar.
“Para o Estado, que tem se destacado pelo potencial agrícola e pelo desenvolvimento de políticas energéticas inovadoras e sustentáveis, o incentivo para a diversificação da matriz energética e a eficiência do gasto de energia podem ser intensificados com a entrada de mais consumidores no mercado livre, em que poderão optar por uma fonte sustentável”, aponta Roberta.
No Brasil, essa será uma realidade para os quase 17 mil consumidores que já solicitaram a migração para o mercado livre neste ano em todo o País, segundo os dados mais recentes do relatório de migração da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O volume representa cerca de 20% do total de consumidores do chamado grupo A (alta e média tensão), estimados em 72 mil pela Câmara Comercializadora de Energia Elétrica (CCEE).
MERCADO LIVRE
O mercado livre de energia é um ambiente que permite que consumidores, sejam empresas ou outros grandes consumidores, negociem diretamente com geradores e comercializadores.
Nesse cenário, as partes envolvidas podem estabelecer condições contratuais personalizadas, adaptadas às suas necessidades específicas, proporcionando maior flexibilidade e eficiência na gestão do consumo e dos custos energéticos.
A modalidade de mercado tem buscado fomentar a competitividade, incentivar a eficiência energética e promover a diversificação da matriz elétrica. Dessa forma, ela confere maior autonomia aos consumidores no planejamento e na administração de sua demanda por energia.
A (re)energisa acrescenta que o mercado livre de energia, além de possibilitar a negociação direta com os fornecedores para a compra de energia elétrica, tem como principal diferença em relação ao mercado cativo que o consumidor possui flexibilidade para negociar questões contratuais, como preço, duração do contrato e origem da energia, trazendo mais economia e liberdade.
COMO FUNCIONA
Fornecedores e consumidores negociam as condições de compra e venda de energia, nesse caso, a (re)energisa. Fatores como preços, prazos, fonte da geração e flexibilidades são discutidos entre ambas as partes, em vez de serem apenas repassados como fazem as distribuidoras locais.
Não existe um teto máximo regulado pelo governo. As tarifas são livremente negociadas entre o fornecedor e a distribuidora, sem nenhuma interferência do Estado. A energia pode ser comprada de qualquer lugar do País. Se a indústria cumprir os requisitos para poder migrar do mercado regulado para o mercado livre de energia, poderá comprar de qualquer região do Brasil.
Uma indústria de Mato Grosso do Sul poderá comprar energia de uma comercializadora em São Paulo que venderá energia elétrica gerada em usina solar na Bahia ou em usina eólica no Piauí, exemplifica o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Rodrigo Ferreira.
Outro diferencial é a possibilidade de adquirir combos de serviços. O consumidor consegue comprar energia elétrica em pacotes com outros serviços, como consultoria em eficiência energética e certificado de energia renovável (iRecs). Esses combos são similares aos comercializados no mercado de telefonia, em que se pode comprar telefonia com internet e TV a cabo. (Colaborou Eduardo Miranda)