Economia
Exportações de Mato Grosso do Sul para a Argentina mais que triplicam
Soja e minério de ferro foram os principais produtos enviados ao país vizinho no período de janeiro a setembro deste ano.
Correio do Estado
28 de Outubro de 2023 - 10:33
Mato Grosso do Sul registra crescimento de 234% nas exportações para a Argentina neste ano. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) apontam que, no período de janeiro a setembro do ano passado, foram negociados US$ 287 milhões com o país sul-americano, já no mesmo intervalo deste ano foram US$ 960 milhões.
A participação da Argentina na balança comercial do Estado também aumentou, saindo de 3,5%, em 2022, para 11,8%, nos nove primeiros meses deste ano. Entre os principais produtos negociados com o país vizinho estão a soja, o minério de ferro, o ferro fundido, as pastas químicas de madeira e a carne suína.
De acordo com o analista de comércio exterior Aldo Barrigosse, o aumento da produção de soja, principalmente, tem feito com que MS busque novos destinos.
"Nossa produção de soja vem crescendo anualmente e nossos exportadores têm buscado outros mercados para comercializar. Nosso país vizinho tem uma demanda para este produto, e como o câmbio é favorável para exportarmos para eles, isso tem ajudado neste aumento do volume exportado", avalia.
Conforme os dados do Mdic, foram enviadas 1,603 milhão de toneladas de soja para a Argentina entre janeiro e setembro deste ano, um crescimento de quase seis vezes (491%) em relação à quantidade exportada em 2022, quando o Estado comercializou 271,721 mil toneladas de soja para o país.
Quanto ao volume financeiro, a alta é de 373%: em 2022, foram US$ 171,105 milhões, enquanto neste ano os valores chegaram a US$ 810,888 milhões.
O doutor em Economia Michel Constantino avalia que a quebra da safra da oleaginosa no país vizinho, estimada em 42% para este ano, motivou o aumento das compras do grão sul-mato-grossense.
"Uma das causas foi a grande quebra de safra que eles tiveram. Outra possível causa é o problema econômico deles, com produtos mais caros que os nossos", avalia.
Barrigosse ainda detalha que há um conjunto de fatores que favorecem a negociação com a Argentina.
"Mercado favorável, produtos disponíveis, câmbio ajudando e demanda alta pela soja. Além do aspecto positivo com a questão logística: soja e minério por via fluvial e celulose e carnes pela rodovia", explica o analista.
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BALANÇA COMERCIAL
No total, as exportações de Mato Grosso do Sul, de janeiro a setembro deste ano, chegaram a US$ 8,152 bilhões (R$ 40,9 bilhões), valor 28,6% maior em relação aos US$ 6,339 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
Os produtos que mais se destacaram, tanto em volume quanto em valores, foram a soja, a celulose e a carne bovina.
As importações caíram 12,1%, saindo de US$ 2,567 bilhões, nos nove primeiros meses do ano passado, para US$ 2,257 bilhões (R$ 11,33 bilhões), no mesmo período deste ano. Os principais produtos importados pelo Estado foram gás natural, adubos ou fertilizantes e cobre.
Apesar do aumento da participação da Argentina, a China segue como maior comprador de produtos e commodities sul-mato-grossenses, concentrando 41,60% do valor total das vendas externas no período de janeiro a setembro deste ano.
O analista de comércio exterior frisa que é importante a diversificação dos mercados e a redução da dependência da China como único destino.
"Diversificação de mercado é sempre importante e reduz riscos. Concentrar as vendas em poucos mercados é muito arriscado para o exportador, pois, se tivermos qualquer problema com o local de destino e ele tiver uma fatia grande, isso reduzirá nossa produção, poderá gerar desemprego, poderá gerar uma receita menor, entre outros impactos", finaliza Aldo Barrigosse.