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Economia

Pecuária de MS tem que recuperar 70% dos pastos para produzir mais

A declaração foi dada durante o Congresso Internacional da Carne, que foi realizado nesta quarta-feira (8), em Campo Grande.

Campo Grande News

09 de Junho de 2011 - 09:42

O conselheiro de agronegócio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Alexandre Mendonça de Barros, defende que para aumentar a produtividade da pecuária do Mato Grosso do Sul a recuperação do pasto é fundamental. A declaração foi dada durante o Congresso Internacional da Carne, que foi realizado nesta quarta-feira (8), em Campo Grande.

“Mato Grosso do Sul tem um enorme potencial, o Estado já teve o maior rebanho do País e continua tendo sua importância no mercado, tem uma produção agrícola interessante, e não tenho dúvida que o aumento da produtividade da pecuária vai passar pelo aumento do consumo da produção agrícola, que tem influência no confinamento, mas o desafio maior é a recuperação das pastagens em pelo menos 70%, que é um índice muito alto”, comenta o especialista.

Ele comenta que a maioria do gado de corte brasileiro é de origem indiana, até então não tinha nenhuma pesquisa de melhoramento genético desta raça, que hoje já está acontecendo no Brasil. Outro ponto citado por Barro é a alimentação. Ele argumenta que melhorando os pastos ou usando grãos e outros suplementos alimentares no confinamento haverá ganho de produtividade.

Expansão da produtividade brasileira-Barros afirma que o Brasil tem uma peculiaridade única em relação aos demais países, que é a expansão no número do rebanho e de produtividade, que quase nenhum outro País tem.

“O Brasil tem cerca de 190 milhões de cabeça de gado, os Estados Unidos têm 92 milhões, mesmo assim eles conseguem ter uma produção 25% maior que a brasileira", pondera. "Nos últimos cinco anos, temos retido bastante o abate de matrizes, o que significa que nosso rebanho está crescendo. Se pegássemos o rebanho brasileiro e aplicássemos a produtividade dos Estados Unidos duplicaríamos a produtividade carne bovina”.

Em relação à área produtiva da pecuária brasileira e americana, Barros explica que as fêmeas ficam confinadas em 5 hectares cada uma, depois os bezerros passam a ficar em áreas de menor em confinamento. Então 90% da produção deles é de confinamento. No Brasil são apenas 10% das reses abatidas.

“No Brasil há cerca de 180 milhões de hectares de pasto com um rebanho de 190 milhões de cabeças de gado, dá uma média de uma cabeça por hectare, você pode elevar esse número para 3 (cabeças de gado), pode triplicar a produtividade do espaço”, afirma Barros.

Estratégia - Os erros e acertos do comércio da carne brasileira no mercado internacional também foram abordados pelos palestrantes do congresso.

Barros explica que a estratégia brasileira de tentar formar um bloco dos países emergentes para tentar abrir grandes mercados consumidores, como o Japão e Europa falhou. Os outros países produtores acertaram em realizar acordos bilaterais de comércio. Com isso, o Brasil passou a exportar carne de menor qualidade para os países pobres, o caso da Rússia é uma exceção porque eles compram cortes mais caros.

“Nós não acessamos mercados mais caros, como Japão e Coréia, que compram dos Estados Unidos e Austrália. Mas o momento atual nos ajuda, porque há uma escassez de carne internacional, e o consumo nos Estados Unidos voltou muito forte e a exportação de carnes mais caras também aumentou. Eles abateram muitas matrizes, hoje estão com menor rebanho dos últimos 30 anos. Eles vão que reter o abate de fêmeas e vão ter menos oferta de carne e vai abrir oportunidade no mercado internacional, isso nos próximos dois ou três anos”.

Mercado interno - O mercado interno da carne tem crescido bastante, e com isso a demanda joga os preços para cima e, consequentemente, o lucro dos produtores rurais também tem crescido.

A presidente da CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária), senadora Kátia Abreu (PSD-TO), mostrou estudos sobre o aumento no consumo de carne pela população brasileira, mas afirma que ela ainda pode crescer muito mais.

Com estabilidade econômica dos últimos anos e a mobilidade social da classe D e E para C (Classe Média) o consumo interno de carne aumentou.

A senadora afirma que 46% da população brasileira, cerca de 96 milhões de habitantes consomem 24% de carne bovina em sua dieta mensal. Já na classe D e E, que correspondem a 73 milhões de habitantes consomem apenas 8% de carne vermelha, que esse percentual poderia ser melhorado, aumentando a demanda interna, o que acarretaria também no aumento do preço.