ECONOMIA
Petrobras ameaça reduzir estoques e pode dificultar abastecimento
O temor de que falte combustível em algumas regiões do país neste fim de ano já fez o governo começar a traçar plano de emergência, como a Folha revelou anteontem.
Folha Online
06 de Novembro de 2012 - 09:21
A ameaça da redução do nível de estoques da Petrobras, anunciado na versão preliminar do Procop (Programa de Otimização de Custos Operacionais), está causando desconforto entre as distribuidoras, que temem pelo desabastecimento em algumas regiões do país.
Segundo uma fonte da indústria, a avaliação é de que o problema pode ser contornado, mas trata-se de um "ingrediente novo" num cenário no qual as importações seguem em alta, o que demanda um rearranjo logístico.
O temor de que falte combustível em algumas regiões do país neste fim de ano já fez o governo começar a traçar plano de emergência, como a Folha revelou anteontem.
Para atender o aumento do consumo, a Petrobras importou de janeiro a setembro deste ano em média 72 mil barris diários de gasolina, ante 27 mil barris/dia no mesmo período do ano passado.
Em nota ontem à Folha, a Petrobras afirmou que não pretende reduzir os estoques nas refinarias e que no momento também "não reduz estoques para cortar custos".
A estatal, no entanto, não informou como fará para cumprir o anunciado no seu programa de custos.
"A Petrobras quer que as distribuidoras assumam a responsabilidade de aumentar a estocagem, mas não é só isso. O mercado está preocupado também porque os terminais da empresa estão pequenos para o aumento das importações", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Segundo o presidente do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis), Alísio Vaz, apesar do aumento do consumo, "não há risco de falta generalizada de combustíveis", mesmo com o aumento sazonal do consumo de final de ano.
Para ele, se houver desabastecimento, será "pontual e localizado", como já ocorreu no mês passado no Rio Grande do Sul e no Amapá.
Existe ainda a avaliação de que parte do alerta dado agora sobre a possibilidade de desabastecimento pode ser interpretado como uma forma de os produtores de etanol pressionarem o governo a ampliar a mistura do álcool na gasolina, dos atuais 20% para 25%.
Uma fonte do governo disse à Folha que não haverá falta de combustíveis.
Segundo a fonte, a Petrobras vai importar quanto for preciso e, se houver problema de estocagem, serão questões pontuais.
A ANP, agência reguladora do setor, garantiu que o abastecimento de combustíveis, tanto de diesel quanto de gasolina, está ocorrendo de forma regular. "Casos pontuais, ocorridos recentemente em alguns locais, já foram sanados", disse a ANP em nota.