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Economia

Preço do seguro popular pode cair com novas regras

Regulamentação dos microsseguros, que permitirá que empresas vendam apólices pela internet e pelo celular, deve entrar em vigor no primeiro semestre de 2012

IG

13 de Dezembro de 2011 - 07:29

Os seguros populares, também chamados de microsseguros, podem ficar mais baratos no ano que vem. Ainda no primeiro semestre, devem entrar em vigor no Brasil as regras para venda destes tipos de seguros, que tendem a reduzir os custos das seguradoras. Isso deve se refletir nos preços ao consumidor final.

Os preços destes produtos financeiros de proteção já são baixos em comparação com outros tipos. Um microsseguro de vida pode custar, por exemplo, R$ 5 ao mês. Até o momento sem uma regulamentação específica, esses seguros populares tem por definição a proteção para a população de baixa renda contra riscos diversos. Mas apesar desta particularidade, vêm sendo comercializados cumprindo as mesmas exigências de produtos mais caros.

Em janeiro do ano que vem, entretanto, a Superintendência de Seguros Privados (Susep), que fiscaliza o setor no Brasil, prevê divulgar um primeiro documento com as diretrizes para a comercialização dos microsseguros no País. Até o final do primeiro semestre, as novas regras devem entrar em vigor, na estimativa da entidade.

 

Como as novas regras vão permitir que as seguradoras comercializem os microsseguros de forma mais simplificada, o custo deve cair, segundo Eugênio Velasques, diretor da Bradesco Seguros. Entre as mudanças estão a permissão para que as apólices sejam vendidas pela internet, inclusive por redes sociais, como Facebook e Twitter, e por celular.

“A regulamentação prevê a contratação simplificada e utilização de meios remotos, como a internet, facilita o custo de processamento e de cobrança, o que dá um reflexo significativo no preço final,” afirma.

Atualmente, cerca de 40% do valor pago pelo consumidor por um seguro que custa R$ 5 reais são gastos pela empresa com processamentos e burocracias, segundo o executivo. “No microsseguro, esse percentual pode cair a 5%.”

Na opinião dele, ainda que as empresas precisem gastar para investir em tecnologia para a distribuição dos microsseguros, a maior parte da economia deverá ser repassada aos consumidores.

A inviabilidade de comercialização é atualmente a principal crítica do mercado de microsseguros. Muitas vezes, os custos das emissões de boletos de cobrança e impressão de contratos se aproximam do preço do seguro. Foi justamente em função desta insatisfação das empresas e da falta de regras especificas que se percebeu a necessidade de criar uma regulamentação para os seguros populares.

Em abril de 2008, o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) criou uma comissão consultiva para estudar o microsseguro e sugerir medidas para oficializá-lo no País. Nos últimos meses, juntamente com as empresas, a Susep preparou uma resolução que tem por objetivo resolver os problemas e alavancar essa modalidade de seguros no Brasil.

Correspondentes

Além da possibilidade da redução dos custos, a nova regulamentação deverá trazer outros benefícios para os consumidores e para o mercado de microsseguros, segundo especialistas. O principal deles, na opinião de Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças da FGV, é a facilidade de acesso dos seguros para públicos que ainda não possuem produtos financeiros de proteção.

A distribuição será facilitada porque a resolução permitirá que as seguradoras ofereçam seus microsseguros por meio de correspondentes bancários. Com essa permissão, os canais de distribuição dos seguros populares se multiplicarão significativamente. Enquanto há 20 mil agências bancárias tradicionais no Brasil atualmente, há cerca de 150 mil correspondentes bancários, segundo Gonzalez. “Acho que este é um dos destaques das novas regras. O canal do correspondente, que está sendo subutilizado, vai aumentar a potencialidade de alcance dos seguros populares,” afirma.

Linguagem simplificada

Além do maior acesso, os consumidores também terão mais facilidade para compreender os contratos dos microsseguros. “A linguagem das comunicações com os consumidores sairá de um universo dos seguros para uma forma mais acessível e de fácil compreensão,” diz Velasques.

Como exemplo, ele cita os termos usados pelo setor, que serão simplificados. “Vamos substituir a palavra seguro por ‘proteção’, a palavra ‘prêmio’ por mensalidade, e “sinistro’ por benefício’,” diz o diretor da Bradesco Seguros. Com a ajuda das novas regras, a empresa espera elevar seu número de clientes de microsseguros de 1,2 milhão, atualmente, para cerca de 25 milhões em dez anos, segundo Velasques.