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Economia

Quase 70% das famílias na extrema pobreza já recebem o Bolsa Família

A pesquisa do Ipea mostra que metade das pessoas cuja renda está abaixo da linha da pobreza está desempregada

R7

20 de Maio de 2011 - 13:54

Dois terços das famílias extremamente pobre no Brasil, alvo de um novo programa do governo para acabar com a miséria, a ser lançado nas próximas semanas, já são beneficiárias do Bolsa Família. De acordo com um estudo divulgado nesta sexta-feira (20) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 66,7% da população em situação de extrema pobreza residem em domicílios atendidos pelo programa.

O governo deve lançar nos próximos meses um novo programa de combate à pobreza extrema, cujo objetivo é tirar mais de 16 milhões de brasileiros da miséria. Ainda de acordo com o anunciado pelo governo, o projeto terá como foco as famílias cuja renda per capita é de até R$ 70 por mês.

Os números nos quais o Ipea se baseia, da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios de 2009, são diferentes dos utilizados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para planejar o Brasil sem Miséria, que utiliza dados do Censo 2010.

A pesquisa do Ipea mostra que metade das pessoas cuja renda está abaixo da linha da pobreza está desempregada. Entre os que trabalham, apenas 0,4% têm carteira assinada e 14% ganham menos de um salário mínimo. O Bolsa Família responde por um total de 39,7% da renda dessas famílias.

Os dados apontam ainda que metade dessa população tem acesso a algum tipo de telefone e possui fogão, geladeira, rádio e televisão em casa. Apenas 2,9%, entretanto, têm computador. Mais de 90% deles residem em moradias com acesso à luz elétrica, mas apenas 29,7% em casas com água e rede de esgoto.

Diferenças

De acordo com os dados utilizados do Ipea, 4,7% (cerca de 9 milhões) da população brasileira estão abaixo da linha de extrema pobreza, estabelecida pelo instituto em R$ 67. Já o número de brasileiros miseráveis considerado pelo Ministério de Desenvolvimento Social é quase o dobro do considerado pelo estudo do Ipea, de 8,5% (16 milhões), embora a linha adotada pela pasta seja de R$ 70 – diferença de apenas R$ 3 para a do instituto.

De acordo com o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, a diferença é “natural”, uma vez que os números utilizados são distintos. Para ele, mais importante é o fato de o governo ter definido uma linha para o novo programa, que poderá ser utilizada para medir se ele está sendo bem sucedido.

Enquanto a Pnad utiliza apenas uma amostra de domicílios, utilizando-a de maneira estatística para se chegar a uma estimativa do total da população, o Censo visita todas as casas, com a ambição de entrevistar todos os brasileiros e ter o panorama exato da situação do país. Entretanto, ao contrário da Pnad, que é realizada constantemente, o Censo só é feito a cada dez anos.