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Economia

Valorização do dólar vai afetar da agricultura e pecuária à ceia de Natal

A cotação do grão já aumentou. Hoje, está entre R$ 44 e R$ 45 por casa. Antes, não passava de R$ 40,00.

Campo Grande News

23 de Setembro de 2011 - 16:30

Para os produtores de soja de Mato Grosso do Sul, vai ser bom. Para quem quer ter uma ceia com frutas, castanhas e vinhos importados, vai ser ruim. O reflexo da alta do dólar nos últimos vai afetar vários setores, cada um de uma forma, já que ela é a moeda que baliza o comportamento da economia mundial.

“Quem exporta terá melhores condições de rentabilidade. Quem depende da importação, vai sofrer um pouco”, resume economista Tiago Queiroz. A conta é simples, com o dólar valorizado, os produtos vendidos para fora remuneram mais na moeda brasileira. No sentido oposto, produtos vindos de fora ou com componentes importados ficarão mais caros.

É o que vão sentir na chegada das faturas os consumidores que cruzam a fronteira para fazer compras no Paraguai, por exemplo. “As faturas fechadas depois da alta virão com valores maiores, porque o que conta é o preço desse dia e não o da compra”. Ou seja, a economia da viagem à fronteira não vai ser tão grande.

O que é vai significar gasto maior para alguns, para os produtores de soja veio em uma boa época. Eles começam a cultivar a safra de Verão em outubro e, como o produto tem a exportação como destino principal, estão otimistas com uma maior rentabilidade, após um ano ruim, por causa das questões climáticas.

O assessor técnico da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Lucas Galvan, comenta que os insumos usados na lavoura, que ficam mais caros quando o dólar sobe, já foram comprados, com preço menor, outro fator que torna a valorização do dólar ainda mais vantajosa.

A cotação do grão já aumentou. Hoje, está entre R$ 44 e R$ 45 por casa. Antes, não passava de R$ 40,00.

Por causa dessa alta, Galvan afirma que muitos produtores vão acelerar o fechamento de contratos antecipados de comercialização da produção, travando preços em alta. O assessor técnico alerta que é bom fazer isso, mas não negociar toda a produção, para ter condições de aproveitar preços ainda melhores, e ainda se proteger de uma eventual quebra de produção. Isso porque, caso o produtor não tenha todo o produto para entregar, pode pagar multa ou até ter de adquirir de outros agricultores, levando prejuízo.

Dois lados- Na pecuária, a previsão da assessora da Famasul Adriana Mascarenhas é de que pode haver impacto negativo nos custos de produção. “Como muitos insumos têm componentes importados ou vem de fora do País, o custo de produção tende a ficar mais alto”, afirma.

Isso pode acontecer com a campanha de vacinação do rebanho contra a aftosa, em novembro, caso a alta do dólar permaneça, uma vez que as doses são importadas.

Por outro lado, pode ser um aditivo para a exportação da carne sul-mato-grossense, que já bem valorizada lá fora, lembra Adriana.

Um outro setor que deve sentir claramente o reflexo do dólar mais caro é o turismo para o exterior, comenta o economista Lucas Galvan. “Muita gente fechou pacote para a Europa com preços equivalentes a viagem para o Nordeste. Isso vai diminuir”.

Ele prevê redução dos gastos no exterior, que só vinham crescendo. As compras no Paraguai entram nessa conta. O conselho de Galvan para os que não vivem sem sua esticadinha à fronteira é que neste momento não é recomendável, a menos que a pessoa seja do tipo que economiza para comprar um bem.

“Compensa avaliar se o mesmo produto não pode ser comprado aqui, por preço semelhante, com a vantagem do parcelamento”.