Emprego e Renda
Desemprego cai para 10,5% em abril e atinge 11,3 mi, diz IBGE
População ocupada atinge recorde, mas rendimento médio segue 7,9% menor que o de 1 ano atrás. Número de empregados sem carteira assinada salta 20,8% no comparativo anual e é o maior já registrado.
G1
31 de Maio de 2022 - 09:21
A taxa de desemprego no Brasil caiu para 10,5% no trimestre encerrado em abril, com a falta de trabalho ainda atingindo 11,3 milhões de brasileiros, segundo divulgou nesta terça-feira (31) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O desemprego recuou 0,7 ponto percentual em relação aos 3 meses imediatamente anteriores e 4,3 pontos percentuais em 1 ano. Trata-se da menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em abril desde 2015, quando foi de 8,1%, além de ser a leitura mais baixa desde os 10,3% registrados nos três meses encerrados em fevereiro de 2016, indicando que o mercado de trabalho segue em trajetória de recuperação apesar dos impactos da inflação na renda.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao 1º trimestre, a taxa de desemprego estava em 11,1%, atingindo 11,949 milhões de pessoas. Na mínima da série histórica, registrada em 2014, chegou a 6,5%.
O resultado veio melhor que o esperado. A mediana de 25 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data projetava uma taxa de 10,9% no trimestre encerrado em abril. O intervalo da estimativa variava de 10,7% até 11,2%.
Rendimento cai 7,9% no ano
Já o rendimento médio real do trabalhador foi de R$ 2.569, apresentando estabilidade frente ao trimestre anterior (R$ 2.566), mas redução de 7,9% em relação ao mesmo trimestre de 2021 (R$ 2.790), mesmo com o crescimento do número de trabalhadores empregados.
“Embora tenha havido crescimento da formalidade, não foi observada expansão do rendimento médio real do emprego com carteira assinada no setor privado. Além disso, houve queda no rendimento do setor público”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.
Entre as modalidades de ocupação, a maior queda no rendimento médio em 1 ano foi observada no setor público (-12,4%), seguido pelos empregados com carteira assinada (-4,4%) e pelos sem carteira e conta própria, ambos com recuo de -3,3%.
Já a massa de rendimento real habitual (R$ 242,9 bilhões) cresceu 1,3% frente ao trimestre anterior, beneficiada pela expansão da ocupação, mas ficou estável quando comparado com o ano anterior e segue distante do pico pré-pandemia, quando somou R$ 259,1 bilhões.
Ocupação recorde
O número de pessoas ocupadas alcançou 96,5 milhões, o maior da série histórica, iniciada em 2012, com uma alta de 1,1% (1,1 milhão de pessoas) na comparação com o trimestre de novembro a janeiro e avanço de 10,3% (9 milhões de pessoas) na comparação com o mesmo trimestre de 2021.
“Nesse trimestre, estamos diante da manutenção do processo de retração da taxa de desocupação, que vem ocorrendo desde o trimestre encerrado em julho de 2021, em função, principalmente, do avanço da população ocupada nos últimos trimestres”, destacou a coordenadora do IBGE.
A população desempregada, estimada em 11,3 milhões de pessoas, recuou 5,8% frente ao trimestre anterior, o que representa 699 mil pessoas a menos, e 25,3% (menos 3,8 milhões de pessoas desocupadas) em relação ao mesmo período do ano passado, retornando ao patamar do início de 2016. Veja gráfico abaixo:
A corrosão da renda das famílias ajuda a explicar também a maior procura por emprego. "É possível que em função de um rendimento individual menor via trabalho, mais pessoas acabem buscando trabalho. É uma hipótese", disse Beringuy.
Recorde de trabalhadores sem carteira
A taxa de informalidade recuou para 40,1% da população ocupada, contra 40,4% no trimestre anterior, mas ainda ficou acima da registrada no mesmo período do ano passado (39,3%), reunindo 38,7 milhões de trabalhadores informais.
O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (12,5 milhões de pessoas) foi o maior da série história do IBGE. Este contingente apresentou estabilidade em relação ao trimestre anterior e teve alta 20,8% (2,2 milhões de pessoas) no ano.
Já os trabalhadores com carteira de trabalho assinada somaram 35,2 milhões, subindo 2% (mais 690 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 11,6% (mais 3,7 milhões) na comparação anual. Segundo o IBGE, é o maior contingente com carteira desde o trimestre encerrado em abril de 2016.
O número de trabalhadores por conta própria (25,5 milhões de pessoas) manteve-se estável frente aos 3 meses anteriores, mas subiu 7,2% (mais 1,7 milhão de pessoas) em 1 ano.
“Nesse trimestre, mantem-se a trajetória de recuperação do emprego com carteira, com diversas atividades registrando expansão, principalmente no Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas e em Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas”, destacou Beringuy.
Outros indicadores da pesquisa:
- população fora da força de trabalho (64,9 milhões de pessoas) manteve-se estável em 3 meses e caiu 5,3% (menos 3,6 milhões de pessoas) na comparação anual;
- população subutilizada foi estimada em 26,1 milhões de pessoas, queda de 6% (menos 1,7 milhões) frente ao trimestre anterior;
- número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas somou 6,6 milhões de pessoas, um recuo de 5,3% (menos 369 mil pessoas) em 3 meses;
- número de brasileiros em desalento (pessoas que desistiram de procurar trabalho) somou 4,5 milhões, queda de 6,4% em relação ao trimestre anterior.
- entre os setores, os grupamentos que mais expandiram o número de ocupados foram "Transporte, armazenagem e correio" (3,1%, ou mais 152 mil pessoas), "Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais" (1,5%, ou mais 251 mil pessoas) e "Outros serviços (4,8%, ou mais 233 mil pessoas).
A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.