Esporte
Após esquecer o judô, Guilheiro celebra primeiro passo para Rio 2016
Em janeiro do último ano, quando estava no terceiro mês de recuperação, descobriu-se que este novo ligamento não fixou no fêmur
GazetaEsportiva
11 de Março de 2015 - 13:08
Dono de duas medalhas olímpicas, o judoca Leandro Guilheiro passou quase três anos sem subir ao pódio de uma competição internacional. O jejum foi quebrado no Aberto da Varsóvia, no primeiro dia de março, em que o paulista ficou com a medalha de prata na categoria 81kg e deu o que considera o primeiro passo na caminhada para brigar por uma vaga nas Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016. O próximo pode ser já neste fim de semana, em que disputa o Aberto de Montevidéu.
Guilheiro não conquistava uma medalha no Circuito Mundial desde abril de 2012, pouco antes dos Jogos Olímpicos de Londres. Na competição na capital inglesa, o paulista foi eliminado nas quartas de final. Depois das Olimpíadas, passou dois anos afastados por lesão e só voltou a lutar em outubro. Foram mais cinco meses até finalmente subir ao pódio novamente.
Primeiro, foi difícil readaptar o meu corpo ao gesto esportivo, incluindo os movimentos de judô e a forma física. Em um segundo momento, tive dificuldades com a dinâmica da competição, muito por conta das mudanças da regra. Tenho tido a sensação de que me esqueci como se luta judô, explicou Guilheiro, bronze em Atenas 2004 e Pequim 2008 na categoria 73kg.
A cirurgia do judoca paulista após as Olimpíadas foi no ombro esquerdo. Quando retomava os treinamentos com a Seleção em 2013, rompeu os ligamentos do joelho direito. Os problemas não pararam aí. O novo ligamento não cicatrizou como esperado e ele precisou passar por outra cirurgia.
Em janeiro do último ano, quando estava no terceiro mês de recuperação, descobriu-se que este novo ligamento não fixou no fêmur. Guilheiro precisou ser operado uma vez mais e só foi liberado para lutar novamente em outubro. Apesar do longo período afastado, o judoca não se emocionou com a volta ao pódio em uma competição internacional.
Sabia que isso iria acontecer em algum momento, mas, obviamente, não sabia quando. De qualquer forma, não senti muita coisa. Acredito até que foi mais frio do que imaginava. Esse só foi o primeiro passo de uma longa caminhada, avaliou Guilheiro.
A caminhada do judoca tem destino e prazo para ocorrer. O Rio de Janeiro nos Jogos Olímpicos de 2016. Guilheiro ainda tem esperanças de representar o País nas próximas Olimpíadas, mas para isso precisa superar a concorrência interna de Victor Penalber na categoria 81kg, já que cada nação pode mandar apenas um representante por peso.
O atleta carioca, que passou dois anos afastado por doping, é o terceiro colocado do ranking mundial e tem sido o escolhido pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para as principais competições internacionais.
Se eu tiver a oportunidade de brigar pelo mesmo número de pontos que os meus adversários, tenho certeza de que é possível. Por enquanto, não tive chance de conquistar nem metade dos pontos do Victor, por exemplo. Nos encontramos muito pouco, até porque a preparação de cada um acontece em cidades diferentes. Mas quando estamos na Seleção Brasileira é bem tranquilo, afirmou.
Um aliado de Guilheiro na busca pela vaga olímpica pode ser o conhecimento adquirido durante o período afastado do esporte por lesão. Ele se formou em Gestão Empresarial e Financeira na Fundação Getúlio Vargas, uma das instituições de ensino mais prestigiadas do Brasil, e agora tenta usar a formação acadêmica em seu benefício no tatame.
Sei da importância de se adquirir conhecimento e prezo muito os estudos. Infelizmente a carreira de atleta não permite que tenhamos tempo para nos dedicar tanto ao lado acadêmico, mas sempre busco uma brecha para estudar. Este curso, especificamente, ajudou-me a desenvolver uma visão crítica de todo o processo de planejamento e controle, tanto da minha equipe de trabalho quanto do meu desempenho, garantiu.