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Arritmia cardíaca: saiba o que é e como será feita a cirurgia do técnico Renato Gaúcho
O Procedimento dura pelo menos quatro horas.
Globo Esporte
05 de Janeiro de 2019 - 10:05
Logo mais, às 7h, o técnico Renato Gaúcho vai passar por uma cirurgia no coração para corrigir uma arritmia cardíaca no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. O comandante gremista tem previsão de ficar dois dias hospitalizado, após o procedimento realizado pelo médico Leandro Zimmermann, e retorno às atividades no Grêmio em sete dias.
Renato convive com o problema há quatro anos, conforme relato do médico do Grêmio, Paulo Rabaldo. A cirurgia seria feita ao término da temporada passada, em Porto Alegre, mas o treinador teve um quadro de gripe, o que impediu os planos do departamento médico gremista. Após um acerto com Zimmermann e Renato, a nova data foi marcada. A operação deve durar até o final da manhã deste sábado.
– A fibrilação atrial é uma alteração no ritmo do coração que o faz bater de forma irregular – explica Zimmermann, responsável pela cirurgia
– É como se tivesse pequenas minas de pilhas em vários pontos do coração. Essas pilham emitem uma radiação elétrica, que atrapalha o batimento cardíaco. Localizando os pontos, encosta-se os cateteres. O que produz uma pequena cicatriz, é como se "cimentasse" a pilha - completa o cardiologista especialista em medicina do esporte, dr. Nabil Ghorayeb, responsável pela Clínica Integrada de Medicina do Esporte do Hospital do Coração, em São Paulo, ao GloboEsporte.com.
Confira detalhes da cirurgia de Renato
Qual é o problema do treinador?
Renato, conforme relato do coordenador médico Paulo Rabaldo, tem uma arritmia cardíaca chamada de fibrilação atrial. Isso ocorre quando os átrios (câmaras superiores do coração) batem de forma irregular por razão de uma desorganização da atividade elétrica do coração.
– O coração, uma parte dele, superior, os átrios, crescem de tamanho pelo volume de treino da pessoa. Sendo o comando do coração, o chamado marca-passo, formam-se as pequenas pilhas que começam a disparar ao mesmo tempo e acabam atrapalhando a frequência cardíaca – explica Ghoyareb.
Como surge esse problema?
A fibrilação atrial tem sido diagonisticada com frequência em ex-atletas. Uma parte do coração, os átrios, cresce de tamanho a partir do volume de treino da carreira dos jogadores, o que gera a irregularidade nos batimentos cardíacos. O problema se manifesta, geralmente, próximo dos 60 anos. Segundo Ghorayeb, fumar e beber com frequência também ajudam a criar o problema.
– Excesso de treinamento físico tem sido considerado principal causa para o aparecimento da fibrilação atrial na idade mais adulta, no início de idade de idoso – revela Ghorayeb.
Que complicações isso pode causar?
A arritmia de Renato é considerado simples e corriqueira em atletas – quase 20% dos ex-atletas tem tido o problema segundo o médico. A fibrilação atrial não causa infarto ou morte súbita, mas está relacionada ao aumento da chance de Acidente Vascular Cerebral (AVC), demência mais precoce e aumento de mortalidade.
Como é feita a cirurgia?
A cirurgia se chama “ablação por cateter”. Quatro cateteres (tubos finos) são colocados em veias ou artérias do paciente, a partir de incisões (cortes) nas pernas e nos braços, e mapeiam os pontos de irregularidade elétrica no coração. Dois pequenos furos no coração são feitos para que se chegue aos nódulos que causam a arritmia cardíaca. Os cateteres cauterizam (queimam) os geradores do problema e eliminam o foco da arritmia.
– Esses cateteres vão para o átrio, a parte mais alta do coração, onde são feitas cauterizações. Com isso, consegue-se deixar o coração no ritmo normal em cerca de 70% dos casos – comentou Zimmermann, via assessoria de imprensa do hospital.
Quanto tempo dura?
Conforme previsão repassada pela assessoria do hospital, a cirurgia deve durar até o final da manhã. Este tipo de intervenção, segundo o cardiologista Nabill Ghorayeb, leva pelo menos quatro horas.
Qual é o tempo de recuperação?
Renato ficará hospitalizado por dois dias, conforme a previsão passada por Rabaldo. Serão sete dias até o treinador retomar suas atividades normalmente no CT Luiz Carvalho, na pré-temporada do Grêmio.
Conforme Ghorayeb, quem passa por este tipo de procedimento precisa evitar atividades físicas intensas nos seis meses seguintes e passar por acompanhamento médico, além de tomar uma medicação. A arritmia pode retornar mesmo após realizada a operação. O paciente precisa ainda de acompanhamento médico e remédio para evitar coagulação do sangue.