Esporte
Feliz com recuperação da mãe, R10 chora e agradece apoio de atleticanos
Craque se emociona com a notícia da cura de dona Miguelina e diz que não existe nenhuma torcida tão fanática: "Completou minha vida"
Globo Esporte
25 de Fevereiro de 2013 - 08:08
Um ídolo do mundo. Reverenciado em todas as línguas, em todas as cores. Não seria estranho se virasse uma estrela, se andasse meio marrento. Mas melhor não julgar pelas aparências. Ronaldinho é um homem que chora.
Desde que chegou ao Atlético-MG, o astro vem sendo reverenciado pela torcida. Em pouco tempo, o amor virou recíproco. Na alegria e na tristeza.
- Vivi muita coisa no último ano, foi difícil mesmo, mas estava lá. Na hora que minha mãe ficou doente, eles levantaram a bandeira com a cara da minha mãe, me abraçaram. A torcida do Galo veio preencher minha vida, completar o que eu precisava. É uma coisa que jamais vou esquecer.
Na época, Dona Miguelina estava com câncer. Ronaldinho pensou em desistir do futebol.
- Quando minha mãe adoeceu, falei que não teria mais como continuar. Achei que era a hora de parar e cuidar da minha mãe. Todo mundo me deu força. Agora, eu vou até o fim com o Galo. Minha mãe fez o último exame, está livre do câncer, de tudo. Recebi um monte de carta de atleticanos, todos disseram que estavam orando muito. A força que me deram serviu para eu continuar jogando.
- Imagine ganhar uma Libertadores com o Galo. Não sei o que seria. O que sei é que teria feriado de uma semana em BH.
Como um bom brasileiro, Ronaldinho ainda quer muito mais.
- Quero jogar minha última Copa do Mundo. Meu pensamento é fazer o melhor no Galo, para chegar bem à Seleção. Quem sabe a Seleção jogue uma semifinal aqui no Mineirão. Seria lindo poder fazer parte disso.
Boas lembranças
A história de Ronaldinho Gaúcho com o Atlético-MG começou com uma chegada discreta após uma saída conturbada do Flamengo.
- Em todos os clubes em que cheguei, sempre teve apresentação, teve festa. No Galo, não. Cheguei, treinei e eu fui me encontrar com a torcida no estádio.
Além disso, em Minas, foi acolhido por um velho conhecido: Cuca, que nos anos 80 jogou no Grêmio com seu irmão e atualmente empresário, Assis.
- Cuca é um amigo, é muito bom trabalhar com um amigo. Cuca jogou com meu irmão, me viu criança. Então, tenho um carinho muito grande por ele, e ele por mim, por ter me visto criança.
- Aqui lembra muito minha cidade, lembra Porto Alegre. O lugar que moro é afastado do centro da cidade, do tumulto, é uma vida mais tranquila. Adoro estar perto do mato, ter um monte de bicho por perto, poder andar bem à vontade, com o pé no chão, sem camisa, largado. As pessoas falam que estou virando mineiro, mas sempre tive um jeito mineiro. Mesmo sem ser mineiro, sempre gostei de ter meu jeito mais quieto.
Mas não se deixe levar pelas aparências. Ronaldinho é gaúcho! - Fico assustado com o que comem de queijo aqui. É um absurdo. Eles querem até queijo derretido no churrasco. Na minha terra, churrasco é churrasco. A carne é muito diferente.
Diferente é o que ele trouxe para os mineiros. Uma ginga de Porto Alegre, com influência do Rio de Janeiro.
- Lá no Sul também tem samba, tem ginga. O pessoal da comunidade ama o samba, vive disso, e eu sou cria disso, de onde me criei. O Rio de Janeiro foi o paraíso para tudo o que gostava. Ali foi onde tudo aconteceu, a música, o samba.
Uma ginga diferente para celebrar cada gol. A resposta nas arquibancadas vem com o grito de Galo. Que canta todo dia, sem cansar.
- A torcida do Galo é a mais fanática que tem. Quem joga aqui, se arrepia. É uma torcida que sofre, que está há 13 anos sem jogar uma Libertadores, há 41 sem ganhar um Campeonato Brasileiro, e, todo fim de semana, está presente. Meu Deus do céu, tem que ser atleticano mesmo.