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Esporte

Hernane conta como virou Brocador e promete suar para manter boa fase

Alcunha surgiu em 2009, quando jogava pelo Toledo, devido ao faro de gol. Ele vibra com momento: "Sinal de que o trabalho está sendo reconhecido"

Globo Esporte

19 de Fevereiro de 2013 - 10:09

No dicionário de língua portuguesa, brocador é “aquele que corta mato”. Na linguagem boleira, a palavra define o jogador que faz muitos gols. E na gíria masculina, tem uma conotação sexual. Os oito gols marcados em sete jogos no Campeonato Carioca fizeram cair de vez no gosto da torcida o apelido que Hernane ganhou em 2009 - ele mesmo revelou a alcunha em janeiro e pediu para ser chamado assim. Para o jogador, casado com Diely, “brocar” tem uma única definição: colocar a bola na rede para prolongar a lua de mel dentro e fora de campo.

- Tenho muita noção de que, quando o atacante faz gol, está tudo bom, mas quando perde e vem a fase ruim, o jogador não presta. Tenho que saber lidar com isso. Trabalho bastante para que essa fase não chegue. O Deivid passou por isso aqui no ano passado, eu acompanhei, ele é um jogador que tem muita história e foi muito cobrado – recordou Hernane, lembrando do atacante que viveu dias de muita pressão em 2012.

Nesta segunda-feira, um dia depois de fazer o gol que garantiu a vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo – e a classificação antecipada para a semifinal da Taça Guanabara – Hernane, que renovou contrato com o Flamengo por mais três anos, caminhava pelas ruas quando foi logo saudado como “Brocador”.

- Todos começam a brincar com o Brocador, é muito bom, sinal de que o trabalho está sendo reconhecido. O apelido surgiu em 2009. Foi o Fabiano, um goleiro baiano, que fez a brincadeira. Estávamos jogando o Paranaense (pelo Toledo), fiz seis gols em seis, sete jogos. Ele falou: “Você é brocador mesmo”. Perguntei: “O que é isso?” Ele explicou: “Faz muito gol, é Brocador”. Hoje, o Fabiano não me chama mais pelo nome, é só Brocador, Brocador... O apelido ficou e está dando certo – comemorou o jogador.

O faro do artilheiro se resume às quatro linhas. Questionado se tem conhecimento que “Brocador” também é gíria para peripécias ligadas ao sexo, Hernane chuta de bico:

- Sei que muitas pessoas vão pensar desse lado aí... Mas eu não. Sou um cara caseiro, procuro levar minha carreira a sério, essa brincadeira é só dentro de campo mesmo.

Artilheiro do Carioca, saudado pela torcida, requisitado para entrevistas, Hernane mantém os pés no chão. E explica de onde vêm a serenidade e simplicidade diante da boa fase.

- Minha avó e minha mãe me deram educação muito boa, sei que essa profissão é muito difícil.

Cheguei e sabia que aqui tinha o Love, Deivid, Liedson, mas eu não podia desistir, mesmo vindo de time pequeno. Sempre trabalhei sério. Fico feliz pelo meu começo de ano. Ano passado fiz um bom Campeonato Paulista, mas pela equipe do Mogi Mirim. Hoje, está sendo pelo Flamengo, que tem a camisa com uma força imensa, uma torcida maravilhosa – elogiou o Brocador.

O atacante solta uma gargalhada ao se deparar com uma furadeira. E uma broca. E logo atende mais um pedido de foto de um torcedor na rua:

- Brocador, faz uma foto comigo para eu mostrar para o meu filho.

Assim foi a segunda-feira do camisa 9, mais um dia como herói do Flamengo. Hernane não corta mato, não fura parede e nem dá brecha para trocadilhos com o apelido. É o Brocador, aquele que faz gol. Dentro de campo.