Esporte
Intenção não era ofender, diz à polícia torcedora do Grêmio flagrada em ato de racismo
Segundo ele, Patrícia afirmou que não teve a intenção de ofender o atleta. "Ela não nega as palavras, mas a intenção não era ofender, ela foi ao embalo da torcida
G1
04 de Setembro de 2014 - 13:32
Logo depois do depoimento prestado por Patrícia Moreira, a jovem que foi flagrada por câmeras de TV chamando o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco", o delegado Cleber Ferreira, diretor da Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre, comentou a conversa entre a torcedora e a polícia.
Segundo ele, Patrícia afirmou que não teve a intenção de ofender o atleta. "Ela não nega as palavras, mas a intenção não era ofender, ela foi ao embalo da torcida. Ela explica que tem canções e o próprio Inter se chama de macaco", afirmou o delegado.
Uma semana após se envolver em episódio de injúrias raciais contra o goleiro Aranha, a torcedora compareceu à 4ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre para prestar depoimento, na manhã desta quinta-feira. Chorando muito, ela chegou ao local por volta das 10h acompanhada do advogado e de um dos irmãos. Durante a passagem da jovem por entre jornalistas e curiosos, ouviu-se um grito de "racista".
Patrícia é a sexta torcedora a prestar depoimento sobre o caso. Seu pronunciamento, que durou cerca de uma hora, era o mais aguardado pela grande exposição que teve ao ter sua imagem mostrada pelo canal ESPN chamando o goleiro do Santos de "macaco" na última quinta-feira (28), na vitória do Santos por 2 a 0 sobre o Grêmio, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.
O delegado tem 30 dias para concluir o inquérito sobre o caso. Caso seja necessário, Patrícia pode ser chamada novamente para depor. Representantes de movimentos negros compareceram à delegacia para protestar durante o depoimento. "Estamos cheios desse racismo das torcidas organizadas. Essas torcidas têm que ser extinguidas", disse Flaviana Santos de Paiva, presidente do movimento Unegro.
Já mais calma após falar com o delegado, Patrícia saiu do local por volta das 11h acompanhada do irmão Nei e do advogado e entrou no carro sem falar com a imprensa. Cerca de 6 manifestantes a esperavam na rua e gritaram "Vem xingar o macaco" e "racista".
Um esquema de segurança foi montado ao redor da delegacia, a pedido da Polícia Civil. "Chamei o GOE (Grupo de Operações Especiais) para proteger a menina, principalmente depois da situação do Grêmio, da decisão (que resultou na eliminação do clube da competição nacional)", afirmou o delegado Herbert Ferreira ao site antes da chegada da torcedora.
Até agora, seis prestaram esclarecimentos. Na quarta (3), foram três: Rodrigo Rysdyk, líder da torcida Geral do Grêmio, e os torcedores Fernando Ascal e Éder Braga. Os dois últimos também aparecem nas imagens de TV durante as ofensas ao goleiro do Santos.