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Esporte

Livre de lesões, Mayra usa treinos com maior rival para buscar ano perfeito

Gaúcha divide tatame com americana campeã olímpica Kayla Harrison para encontrar falhas na oponente e facilitar caminho rumo ao bi mundial e novas glórias em 2015

Globoesporte.com

05 de Fevereiro de 2015 - 14:17

Mayra Aguiar se esforça ao máximo nos treinamentos para mostrar que está recuperada de uma pequena lesão no joelho direito que a afastou do Grand Slam de Tóquio, em dezembro. Na competição do fim do ano passado, a americana Kayla Harrison, campeã olímpica nos Jogos de Londres 2012, aproveitou a ausência da atual campeã mundial e ficou com a medalha de ouro. Mas o reencontro das rivais da categoria meio-pesado (78kg) estava marcado para o treinamento de campo de Saquarema, onde 13 nações dividem os tatames montados no CT da Confederação Brasileira de Vôlei. Segurar o quimono da gringa seguidos dias é uma das grandes armas da gaúcha para obter sucesso na temporada de 2015.

- Poder treinar com a Kayla me faz crescer muito. Não apenas eu, como ela também. Somos as principais da categoria no momento e isso deixa o treinamento bem forte. Sai um pouco a rivalidade e acaba entrando o companheirismo – disse a brasileira, que, aos 23 anos, já é a maior medalhista do judô brasileiro em Mundiais, com quatro medalhas: um ouro (2014), uma prata (2010) e dois bronzes (2011 e 2013).

Apesar da entrega no tatame, a medalhista olímpica de bronze em 2012, quando perdeu a semifinal justamente para a americana, assegura que esconde o jogo ao fazer simulações de luta com Kayla, que foi derrotada por Mayra na semifinal do Mundial do ano passado, em Chelyabinsk, na Rússia.

- A gente não abre totalmente o jogo uma para a outra, senão facilitaria a vida da rival em uma próxima competição. Mas dá para ver melhor o que ela faz e o que eu faço de diferente, mesmo segurando um pouquinho para testar pegadas e golpes.

Fã declarada do Brasil, Kayla não esconde que está no país para observar de perto o judô da rival. A partir dos treinos com a gaúcha, a americana afirma que enxerga situações em que ela precisa evoluir no tatame.

- A Mayra é a pessoa a se bater. Ela tem a coroa de campeã mundial, e eu preciso treinar bastante para vencê-la novamente. Olimpíadas é a competição. Mais do que achar falhas no judô dela, preciso melhorar o meu judô. A Mayra sabe encontrar os meus defeitos e, quando ela encontra, eu faço tudo para melhor - contou a campeã olímpica e mundial.

Para evitar novas lesões neste ano pré-olímpico, Mayra faz trabalhos de prevenção com os fisioterapeutas da seleção brasileira e programou a disputa de apenas quatro competições em 2015: um Grand Slam, um Grand Prix, ambos ainda não definidos, além do Pan de Toronto, em julho, e do Mundial de Astana, no Cazaquistão, em agosto.

- Lesão acontece e às vezes a gente não pode prever. Mas eu faço trabalhos antes e depois dos treinos para evitar novas lesões. Competição acaba sendo mais fácil de se lesionar, porque o orgulho fala mais alto e vamos com tudo. No treinamento, você acaba segurando quando está no limite. A estratégia está muito boa para esse ano, treinar bastante e competir menos. 

Como não poderia ser diferente, o objetivo de Mayra em 2015 é conquistar o bicampeonato mundial. Ela também não esconde o desejo de ser campeã dos Jogos Pan-Americanos pela primeira vez. Em duas participações, ela soma uma medalha de prata (Rio 2007) e uma de bronze (Guadalajara 2011).

- Eu quero esses dois títulos e espero terminar o ano na liderança do ranking mundial. No Mundial e no Pan, Kayla vai ser a minha grande adversária. Então vai ser mais um ano para a gente aumentar essa rivalidade - finalizou a gaúcha, que hoje é a vice-líder do meio-pesado, ficando atrás da francesa Audrey Tcheumeo. Kayla é a número 7 do mundo.