Esporte
"Padrinho" de Geuvânio, Laor diz: "Iam liberá-lo para economizar R$ 3 mil"
Presidente licenciado conta que os ex-dirigentes defendiam a dispensa do jogador e que técnico Muricy fez "cara de limão azedo" quando consultado sobre saída
Globo Esporte
29 de Março de 2014 - 08:53
Principal destaque do Santos na temporada, o meia-atacante Geuvânio quase deixou a Vila Belmiro porque dirigentes do clube acreditavam que liberar o jogador e economizar R$ 3 mil em salários era uma boa manobra. Quem garante é o presidente licenciado Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, responsável por segurar o jogador em 2012, quando por pouco ele não trocou o Peixe pela Acadêmica de Coimbra, de Portugal.
- Na época, o gerente de futebol (Nei Pandolfo) e o superintendente (Felipe Faro) vieram com uma conversa que o Muricy (Ramalho, então técnico do Santos) não pretendia aproveitar o Geuvânio e que ele custava R$ 3 mil por mês. Eles alegavam que seria uma boa economia para o clube e que tinha um clube português interessado. Pensei que os dois estavam brincando. Vi o Geuvânio na base e no profissional, e ele já era um bom jogador, com muito potencial - recorda o dirigente.
A transferência para o futebol português quase aconteceu em agosto de 2012. A Acadêmica chegou a oferecer R$ 20 mil mensais para o atual camisa 11 do Peixe. Mas o negócio acabou melando. Antes de brecar a saída de Geuvânio, Luis Alvaro conta que consultou Muricy Ramalho. O técnico, porém, não mostrou muita disposição em utilizar o jogador.
- Perguntei para o Muricy, e ele disse com aquela cara de limão azedo: "Ah, não sei. Mas se o senhor acha isso (que Geuvânio deve permanecer), deixa ele aí". O Geuvânio estava sendo mandado embora de graça. Eu me recusei a assinar a liberação e negociei para que ele ficasse. Agora é esse craque que todos estão vendo - diz Laor.
Depois do imbróglio, o Santos renovou o contrato de Geuvânio até 2015. Um ano e meio depois, a aposta de Luis Alvaro parece ter sido certeira - e o vínculo do meia-atacante já foi estendido novamente, desta vez até 2017. Com sete gols e 11 assistências, Geuvânio é o grande destaque do Alvinegro Praiano no Campeonato Paulista. Com o jogador em alta, a equipe está classificada para as semifinais da competição - no domingo, às 16h (de Brasília), encara o Penapolense na Vila Belmiro. Para o presidente licenciado, entretanto, Caveirinha, como é carinhosamente chamado, pode crescer ainda mais.
- Acredito que ele pode chegar à seleção brasileira. Tem potencial, humildade, futebol, técnica e solidariedade. De vez em quando falo com ele e digo o quanto sou orgulhoso disso - revela.
Muricy se justifica: 'Tinha de ganhar experiência'
Geuvânio foi promovido para o time profissional do Santos por Adilson Batista em 2011, logo após a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Mas foi somente em 2012, já sob o comando de Muricy Ramalho, que ele teve as primeiras chances. A estreia na equipe principal foi no empate por 1 a 1 com o Fluminense, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro - na oportunidade, ele substituiu Elano aos 32 minutos da etapa final. Naquele ano, ele foi a campo mais três vezes.
- Era um jogador muito habilidoso. Coloquei muito cedo para jogar. Taticamente ainda não estava no seu melhor. Ele estava no grupo e jogou comigo. Mas tinha de ganhar experiência. Prima pela habilidade, é muito rápido e não tem medo de jogar. Agora está pronto - diz o atual treinador do São Paulo.
Gerente de futebol do Peixe em 2012, Nei Pandolfo garante que não houve erro de avaliação em relação ao Caveirinha e nega que tenha partido dele a ideia de liberar o meia-atacante para o futebol português.
- Na verdade, foi uma decisão da comissão técnica. O atleta não estava sendo utilizado. Havia a possibilidade de emprestá-lo, mas tinha de renovar o contrato, e os valores eram altos na época. É preciso observar que a cada momento o atleta amadurece. O Alison, que hoje faz parte do time profissional, na mesma época entrou em uma lista de possíveis dispensas. Existe uma série de detalhes do clube que precisam ser levados em consideração - argumenta o ex-santista, que hoje trabalha como executivo de futebol do Sport.