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Esporte

Vale o penta? Título encaminha nova bola de ouro para o tetra Lionel Messi

História mostra que país campeão da Copa costuma ter craque eleito pela Fifa em Zurique. Exceção é exatamente o argentino, dono do troféu em 2010 e mal no Mundial

Globo Esporte

12 de Julho de 2014 - 09:00

 Abre o olho, Cristiano Ronaldo! Campeão da Champions League pelo Real Madrid, com direito a recorde de gols batido, o português surgia como favorito para ganhar pela terceira vez o prêmio de melhor do mundo na temporada. Tinha, no entanto, uma Copa do Mundo no caminho. E aí, amigo, tudo muda. Um mês vale mais que o restante do ano, e a história mostra que um título da Argentina, domingo, no Maracanã, diante da Alemanha, dificilmente não fará com que Lionel Messi alcance pela quinta vez a maior premiação individual do futebol no planeta.  

Não que o argentino esteja fazendo um Mundial estupendo até o momento. Não, não está. Depois de lampejos decisivos na primeira fase, onde marcou quatro gols em três jogos, segue em branco no mata-mata e apareceu "somente" na assistência para o gol de Di María, nas oitavas de final, contra a Suíça. O retrospecto da premiação da Fifa, por sua vez, mostra uma tendência muito forte para que o melhor da temporada saia do campeão do mundo. Somente uma vez isso não aconteceu, e o troféu foi parar nas mãos de justamente quem? Lionel Messi.  

Campeã com um futebol pautado no jogo coletivo, a Espanha até colocou dois representantes entre os três finalistas em 2010, Xavi e Iniesta, mas a dupla não foi páreo para os 60 gols de Messi na temporada. Este exemplo, inclusive, vale para o caso de a Alemanha ser campeã no Rio de Janeiro, algo que CR7 deve estar torcendo muito. Sem uma estrela tão reluzente como o argentino e o português, os germânicos têm em Müller o principal destaque individual, um jogador que até pode ser eleito o craque da Copa, mas não tem força para vencer a votação no fim do ano. Aí, o retrospecto no Bayern passa a ser levado em conta, e o atacante sequer é titular absoluto de Guardiola.  

Com Messi, a situação é diferente, e não faltarão motivos para ampliar uma lista que já conta com Lothar Matthäus, Romário, Zidane, Ronaldo e Cannavaro. Todos campeões mundiais no meio do ano e consagrados como melhores do mundo meses depois. A exceção foi o defensor alemão, que teve que esperar até o ano seguinte para ser coroado, e logo no primeiro ano em que a Fifa criou a premiação, em 1991.

Capitão da Alemanha de Franz Beckenbauer, Matthäus jogava como líbero e marcou quatro gols no Mundial da Itália - mesmo número que Messi atualmente. Na semifinal, ainda converteu sua cobrança de pênalti na série com a Inglaterra, em outra coincidência com o argentino. A Fifa, no entanto, elegeu o italiano Salvatore Schillaci como melhor jogador da competição, pelos seis gols marcados que lhe renderam também a artilharia. Matthäus, por sua vez, levou a badalada Bola de Ouro da revista France Football e esperou até o fim de 91 para ser agraciado pela entidade máxima do futebol.  

Quatro anos depois, não teve para ninguém: Romário conseguiu a dobradinha. O Baixinho fez cinco gols na campanha do tetra do Brasil e foi eleito o craque do Mundial dos EUA. Seis meses mais tarde, levou a melhor também em votação da Fifa e deixou para trás o amigo búlgaro Stoichkov, com quem jogava junto no Barcelona, e o italiano Roberto Baggio.  

Na França, em 1998, Zinedine Zidane foi a bola da vez. A expulsão na primeira fase, que o tirou de boa parte da campanha vitoriosa francesa, o impediu de ser eleito o melhor do Mundial, posto que ficou com Ronaldo. Zizou, entretanto, não ficaria de mãos abanando depois de marcar dois gols na final contra o Brasil, e venceu o primeiro de seus três prêmios de melhor do mundo.  

Já Ronaldo viveu papel inverso na história na disputa em gramados asiáticos. Goleador máximo da Copa de 2002, na Coreia e no Japão, viu Oliver Khan ser consagrado o craque da competição antes mesmo de falhar em um dos gols do Fenômeno na final do Brasil. O erro foi reparado meses depois, quando o brasileiro faturou o tri na festa de gala da Fifa. Já o último campeão do mundo e também consagrado individualmente foi aquele que talvez mais comprove a importância de um Mundial na votação: Fabio Cannavaro.

O italiano foi o capitão do tetracampeonato da Azzura, em 2006, na Alemanha. Sua participação, entretanto, foi sem maiores destaques individuais, longe do que fez Matthäus 16 anos antes, por exemplo. Símbolo do jogo coletivo e defensivo da Itália, o zagueiro acabou vendo o troféu de melhor do mundo cair em seu colo depois da cabeçada de Zidane, craque do torneio, em Materazzi na final e a participação trágica de Ronaldinho na competição. Neste caso, a Copa do Mundo interferiu mais para tirar a eleição das mãos dos favoritos.

Coube a 2010 ser o único ano em que nem o campeão, nem o craque da Copa fizeram a festa na premiação em Zurique. Diego Forlán, do Uruguai, foi aclamado na África do Sul, mas sequer foi nomeado para disputar o troféu da Fifa. Era o ano do segundo dos quatro títulos de Lionel Messi. Isso com a Argentina saindo goleada nas quartas de final e sem marcar um golzinho sequer. Imagina com título domingo? É, Cristiano. O jeito vai ser virar alemão.