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Advogada usa palavrões em ação contra Vivo: "vou pagar p... nenhuma"
"Ação de foda-se a Vivo", descreveu a profissional, em causa própria. Juiz enviou cópias do processo à OAB e pediu providências cabíveis.
G1
27 de Outubro de 2016 - 08:08
A advogada Vanessa Maria Vilches Lombardi, de Curitiba, usou palavrões para justificar a ação que impetrou em causa própria contra a empresa Telefônica Brasil, responsável pela Vivo, na segunda-feira (24).
"Ação de foda-se a Vivo, não pago porra nenhuma e ainda quero uma indenização pela palhaçada", escreveu a advogada. Diante da repercussão nas redes sociais, ela pediu o arquivamento da ação, na terça-feira (25).
O juiz Rodrigo Domingos Peluso Junior, do 3º Juizado Cível de Curitiba, ressaltou, em despacho da quarta-feira (26), que a advogada faltou "com o princípio processual de urbanidade e respeito com a parte adversa e com o Judiciário, utilizando-se de vernáculo inapropriado para um processo judicial".
O magistrado determinou o envio de cópias do processo ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB/PR) e pediu que se tome "as providências que entender cabível".
A OAB/PR afirmou que "recebendo oficialmente a representação do juiz e constatando a autoria de infração ética, poderá instaurar processo disciplinar contra a advogada".
Vanessa afirmou, ao G1, que foi vítima do "péssimo atendimento por parte da empresa de telefonia". "Realmente fui vítima, assim como milhares de consumidores, de péssimo atendimento por parte de empresa de telefonia; assim, como bem demonstram as já milhares de matérias jornalísticas sobre o tema, as empresas de telefonia de nosso país não sabem prestar um serviço apropriado", alegou.
A advogada afirmou que se irritou com o ocorrido e, quando redigiu a peça, acabou usando os termos inapropriados. "Na hora de fazer a revisão, meu escritório prestou mais atenção na redação da peça (fatos, direito e pedido) do que no título da peça. Ou seja, passou desapercebido o desabafo que havia. Porém, uma vez verificado o erro, de imediato foi solicitado o arquivamento do mesmo, impedindo assim qualquer citação e incômodo".
A reportagem procurou a Vivo, mas, até a publicação desta matéria, a empresa não se pronunciou sobre o assunto.
Veja as justificativas da advogada, na íntegra:
- Realmente fui vítima, assim como milhares de consumidores, de péssimo atendimento por parte de empresa de telefonia;
- Assim como bem demonstram as já milhares de matérias jornalísticas sobre o tema, as empresas de telefonia de nosso país não sabem prestar um serviço apropriado;
- As empresas de telefonia são as campeãs de reclamações nos mais diversos órgãos de defesa do consumidor em nosso país, e a ANATEL sequer consegue dar conta do volume de reclamações que recebe;
- Irritada com o ocorrido comigo, na hora de redigir a peça e, em momento de nervosismo, usei de termos não apropriados para me referir a empresa de telefonia;
- Na hora de fazer a revisão, meu escritório prestou mais atenção na redação da peça (fatos, direito e pedido), do que no título da peça, ou seja, passou desapercebido o desabafo que havia na peça, porém uma vez verificado o erro, de imediato foi solicitado o arquivamento do mesmo, impedindo assim qualquer citação e incômodo;
- Não é surpresa para ninguém, o quanto os milhões de usuários dos serviços de telefonia estão irritados com as empresas;
- É uma opinião privada, compartilhada por quase a totalidade dos usuários de telefonia, que infelizmente, por erro de revisão, saiu da intimidade do escritório;
- Cumpre informar que em quase 16 anos de trabalho jurídico e, milhares de peças processuais, esta é a primeira vez que isso ocorre;
- Não foi o primeiro escritório a cometer um equívoco, e com toda certeza não será o último.