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Comerciantes temem queda nos serviços de som veícular depois de mudança na lei
Entre eles o receio é de que as mudanças façam a procura dos clientes por alterações nos sons automotivos, diminuir.
Campo Grande News
22 de Outubro de 2016 - 07:27
O som alto em veículos já consta como infração grave de trânsito no CTB (Código de Trânsito Brasileiro), mas uma resolução aprovada na última quarta-feira (19) e que torna ainda mais especifica as punições desse tipo, já é polêmica entre comerciantes de som automotivo em Campo Grande. Entre eles o receio é de que as mudanças façam a procura dos clientes por alterações nos sons automotivos, diminuir.
De acordo com a resolução 624, aprovada pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), caso o volume do som possa ser ouvido do lado de fora do veículo, independente da altura, o motorista também pode ser multado, caso o agente constate que a prática esteja atrapalhando o sossego público.
Medida que segundo o comerciante Vinicius Keller, de 39 anos, só favorece quem multa. É mais um recurso de um sistema que é uma máquina de multas. Quer dizer que o motorista paga o imposto do carro, o imposto que é incidido sobre o som que ele manda instalar, mas ao mesmo tempo não pode ter pleno uso disso. Com essa mudança o motorista fica receoso até mesmo de ir buscar uma mudança no som de seu veículo e claro, isso prejudica o lojista, se queixa.
Antenado com as mudanças que a nova lei pode causar o comerciante, que também é campeão nacional de campeonatos de som automotivo, conta que já incentiva funcionários e clientes a assinarem petição pública online que é contra a resolução e já tem quase 9 mil assinaturas.
Na Comando Audio Som, sua loja na Avenida das Bandeiras ele conta que instala sons em pelo menos 5 veículos por dia e já atendeu clientes que pagaram até R$ 30 mil por alterações no som. Ele teme que essa procura diminua.
Cerca de 31% do que o cliente paga para instalar um som é de imposto e agora, ele não pode nem sequer ouvi-lo na altura em que quiser de dentro do carro, sem ser multado. Como que um motorista vai poder questionar que estava ouvindo som de acordo com o permitido, sendo que o agente pode multá-lo só de ter visto ele passar no trânsito? Como ele vai provar que o som não estava alto?, questiona.
Entre os seus clientes, o sentimento também é de frustração, como conta o enfermeiro Emerson Geovane Benites, de 47 anos. Só em sua camionete Emerson já investiu cerca de R$ 7 mil em melhorias.
A altura dos decibéis já é monitorada, já pagamos um imposto sobre as modificações para ter um som de qualidade, mas essa mudança tenta impedir o usuário até mesmo de ouvir o seu som da forma como convém. E bom censo de não exagerar no volume em via pública eu tenho, comenta.
Na avenida Ernesto Geisel os empresários Cleverton Coimbra, de 36 anos e Roberto Alves das Silva, de 40, são sócios há oito anos da Jet Som. Além da queda nas vendas e instalações eles contam que a medida põe em cheque até mesmo o perfil dos motoristas que são apaixonados por som.
Som automotivo é uma espécie de esporte, de vício. A partir do momento em que o consumidor faz uma primeira instalação ele está sempre querendo inovações. Essa mudança na lei pode fazer com que eles até repensem se devem ou não fazer melhorias, já que podem até ser multados dependendo da forma como ouvem músicas, comenta Roberto.