Internacional
Trump discute com juiz na reta final do julgamento de fraude
Ex-presidente dos Estados Unidos acusou o juiz Arthur Engoron de ter uma "agenda própria"
CNN Brasil
12 de Janeiro de 2024 - 08:15
Donald Trump acusou nesta quinta-feira (11) o juiz do seu julgamento civil de fraude em Nova York de “ter sua própria agenda” — e o juiz cobrou que seu advogado controlasse seu cliente –, na reta final do caso que está em andamento há meses e pode prejudicar todo o império empresarial do ex-presidente dos Estados Unidos.
Durante um conflituoso último dia de julgamento em Manhattan, Trump mais uma vez discutiu com o juiz Arthur Engoron, que está considerando quais punições aplicará após já ter concluído que a empresa de Trump inflou seu patrimônio para conseguir melhores termos financeiros. O juiz, que definirá o caso sem júri, disse que espera emitir uma decisão até 31 de janeiro.
“Você tem sua própria agenda. Eu entendo que você não consegue escutar por mais de um minuto”, disse Trump no tribunal, negando ter feito algo errado e repetindo alegações de perseguição política.
A equipe legal de Trump e o gabinete da procuradora-geral de Nova York, Letitia James, apresentaram os argumentos finais do caso que o acusa de inflar seu patrimônio para enganar os bancos. Kevin Wallace, do gabinete de James, disse que Trump emitiu demonstrações financeiras falsas todos os anos entre 2011 e 2021.
“Fraude foi central para a operação das atividades da Organização Trump”, disse Wallace ao juiz.
Trump e Engoron discutiram várias vezes ao longo do julgamento. Engoron, que havia recebido uma ameaça contra sua casa nesta quinta-feira (11), não pareceu impressionado com o argumento de Trump.
“Por favor, controle seu cliente”, disse o juiz ao advogado de Trump Christopher Kise.
Engoron havia reagido com ceticismo ao argumento de Kise de que Trump não deveria ser punido por supostamente manipular os valores das suas propriedades porque bancos e seguradoras que fizeram negócios com ele lucraram.
“Não precisa haver evidências de danos”, disse Engoron.
A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que entrou com o processo, busca cerca de 370 milhões de dólares e o banimento vitalício de Trump do setor imobiliário do Estado.
Trump é o principal candidato à nomeação republicana para desafiar o presidente democrata Joe Biden nas eleições de novembro.
Pouco antes de a equipa jurídica de Trump concluir seus argumentos, Alina Habba, outra das suas advogadas, salientou que James se comprometeu a examinar as práticas comerciais de Trump quando estava em campanha para o cargo como uma democrata. Engoron disse que isso não era relevante para o caso.
As alegações finais do julgamento se deram num ambiente de segurança reforçada, depois de veículos de comunicação noticiarem uma ameaça de bomba na casa de Engoron. O juiz tem sido um alvo frequente das críticas de Trump.
A segurança foi uma questão ao longo do julgamento de vários meses. A principal assessora de Engoron foi ameaçada após Trump dizer que ela tinha viés político, o que levou o juiz a emitir uma ordem de silêncio que o impede de criticar a equipe do tribunal. Trump foi multado em 15 mil dólares duas vezes por ter violado a ordem.
Trump repetiu suas alegações de perseguição política e acusou Biden, sem apresentar evidências, de ter orquestrado processos e casos criminais contra ele.
“Eu vou a todos os meus julgamentos”, disse Trump, em uma entrevista coletiva em um de seus prédios. “Essa é nova forma de trapaça deles”. Apoiadores gritaram seu nome quando ele saiu.
Trump se declarou inocente em quatro processos criminais, incluindo dois que o acusam de ter tentado reverter a sua derrota na eleição de 2020 para Biden.